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Tradução: Shiro | Revisão: Taka
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Capítulo 18 – O que é importante
Agora mesmo, são 12:15… A música ‘25 Horas’ ficou presa na minha mente igual chiclete. O céu está completamente escuro. Ah… É hora de me esgueirar para dentro da casa.
Meu próprio palácio.
Porque eu nasci e fui criada aqui, sei exatamente onde devo ir para não ser pega pelas câmeras de segurança. Atrás do palácio, tem um pequeno portão que consigo subir. Porque não tem nenhum cachorro no palácio (casa), está tudo limpo para uma ladra como eu.
Por que eu sei o jeito e onde ir para entrar? É porque fugi uma vez para ir a uma boate com meus amigos da faculdade. Quem melhor para conhecer a casa do que quem desenhou ela?
Depois de entrar, andei na ponta dos pés até o depósito, que fica do outro lado do palácio. O quarto da faxineira fica em frente ao depósito. Consigo ouvir música tradicional tailandesa e um cheiro delicioso de Som Tam vindo do quarto.
Quem come Som Tam tão tarde assim?
Enquanto a faxineira assiste ao programa de músicas, vou andando na ponta dos pés até o depósito e giro a maçaneta da porta.
Crack…
Está trancada.
O fato de a porta estar trancada me deixa frustrada. O que tem de tão precioso lá que tiveram que trancar a porta? Merda. Meus livros estão lá dentro.
Não planejei o que fazer se isso acontecesse. E não sou um ladrão profissional que sabe como arrombar uma fechadura. Então, o único jeito é derrubar a porta. Mas como posso fazer isso sem fazer nenhum barulho?
Minha última esperança é…
Toc toc
Não tenho escolha além de bater na porta da faxineira que tem a chave. Assim que a porta se abre, a faxineira, que está aqui desde que eu era uma criança. Me olha surpresa.
“Khun Nueng.”
“Shhh!” Coloco o dedo na boca para sinalizar a pessoa na minha frente para falar baixo.
“Não faça nenhum barulho muito alto.”
“P-Por que está aqui tão tarde?”
“Não tenho opção. Você pode me ajudar, por favor?”
“Com o que precisa de ajuda?”
“Por favor, abra o depósito para mim.”
Isso não é simples? Por que eu tenho que dificultar as coisas, tipo um protagonista em uma série, usando um prendedor de cabelo ou um clip de papel para destrancar a porta quando posso simplesmente bater na porta da faxineira e pedir educadamente? Agora minha pilha de livros está nos meus braços.
“Por que você está aqui tão tarde?”
“Não quero ver minha vó. Seria melhor se você não contasse para ela que eu estive aqui.”
“Você é tão atrevida. Por que faz as coisas assim? Não tem medo de quebrar os braços ou as pernas? E está muito tarde. Quer dormir aqui?”
“Onde quer que eu durma? Pare de tagarelar. Vou embora. Obrigada por abrir a porta para mim.” Abraço ela, com saudade. Quando me viro, ela segura meu braço.
“Sim?”
“Por favor venha visitar M.C… Ela não está bem. Seria bom se viesse visitar alguma vez.”
“Ela não vai morrer tão fácil assim. Ela vai ter uma vida bem longa.”
“Khun Nueng… Não estou brincando.”
“Muito menos eu. Ela é bem forte…” Hesito um pouco quando me lembro do dia que ela teve que ir para o hospital. “E ela é bem rica. Ela pode ir em um médico e ficar melhor a qualquer momento.”
“Por que você é tão teimosa?”
Essa reclamação me fez suspirar. Não só a Sam, todo mundo fala isso.
“Acho que sou como minha avó. Vou pensar sobre isso. Acho que venho visitar… um dia.”
Só falei isso para dar esperanças para ela antes de ir embora, como já tenho o que vim pegar aqui. Missão cumprida. Agora só preciso me lembrar de algumas coisas e mandar para A-Nueng.
Mas… alguém frustrantemente arruinou meu plano.
“Estou vendo que está se preparando para as provas. É difícil estudar sozinha e adivinhar o que vai estar na prova.” Chet, que está bem preparado, vem com boas intenções e entrega um panfleto de uma escola de reforço para A-Nueng que está sentada de frente com ele. “Você deveria ir aqui. Vou pagar as aulas.”
Chet usa sua voz carinhosa e fala educadamente, é como se ele fosse o Tik da série Vanida.
“Está tudo bem. Estou cansada de escolas de reforço. Quero liberdade.”
Tento não sorrir e me sinto vencedora enquanto olho na direção do pai intrometido. Sou Sippakorn. Vou ser quem colocará essa garota em uma universidade e garantir que ela tenha um futuro brilhante pela frente. Não é o suficiente me ter como guardiã?
“Mas…”
“Não seja um adulto que força suas ideias na filha. Se ela não quer fazer isso, deixe ela. E eu já tenho um plano para ela.”
“Mas você não é uma professora. Como você pode ser melhor que esses professores da escola de reforço? Temos que colocar o futuro da A-Nueng em primeiro lugar. E se ela não conseguir passar na universidade e tiver que ir morar com a mãe?”
Razoável, mas continuo contra.
“A-Nueng, você decide então. Tentei te ajudar, mas seu pai está se intrometendo.”
A-Nueng pega o panfleto e pensa por mais ou menos dois minutos antes de tomar uma decisão.
“Okay. Eu vou.”
A resposta dela me faz fazer uma careta porque estou frustrada. A-Nueng vê isso, e corre para se agarrar em mim.
“Não são todas. Só tem uma que não consigo entender se eu estudar sozinha. Provavelmente preciso mesmo de reforço.”
“Qual?”
“Matemática… Só vou pegar aulas de reforço para matemática. O resto, vou deixar Ar-Nueng fazer meu plano de estudo.”
Considero a solução que a pequena propôs e me sinto aliviada. Ela provavelmente está tentando encontrar uma solução boa para todo mundo. Ela não quer magoar o Chet e também não quer desperdiçar tudo que preparei.
Ela é boa…
“Okay. Podemos fazer isso. Se você quer mesmo fazer o papel de pai, cuide disso você mesmo.”
“Ah. Tenho outro pedido.” Chet diz isso, parecendo ansioso. Posso ver que ele está nervoso, então pergunto.
“O que você quer da sua filha?”
“´Posso pedir… Seu copo?”
Tudo fica em silêncio. Na verdade, Chet não tem que pedir isso. Ele poderia só ter esperado a gente sair e pegar. Isso faz ele parecer bem idiota. E A-Nueng é inteligente o suficiente para saber por que ele quer o copo.
“Não.”
Suspiro enquanto olho para Chet, que está de queixo caído.
“P… por que não?”
“Não quero provar que sou sua filha. Bem… Sua existência já é desconfortável para mim. Se você fizer todos esses testes, tenho medo que tenha mais coisas complicadas que vou ter que lidar.”
“Nueng…”
“Não quero nada de você. Não quero seu dinheiro ou sobrenome. Não quero nada disso. Estou feliz morando com minha vó. Não quero nem ir morar com minha mãe. Então, se você quer provar minha identidade ou algo do tipo, não quero.”
A-Nueng se levanta, pega a bolsa e sai. Olho para Chet, que continua parado, suspiro e bato no ombro dele.
“Você é burro ou é burro?”
“Minha filha me rejeitou.”
“Quem ficaria feliz de receber um pedido de teste de DNA? Você está agindo como pai dela, mas você pede para testar a identidade dela… Eu também ficaria com raiva se eu fosse ela. Ela aceitar você como pai deveria ser o suficiente. Você não deveria ter sido ganancioso.”
“Acredito de todo meu coração que ela é minha filha. Estou pedindo o teste para ter evidências. Eu tenho uma filha agora. E ela é minha única filha. Quero o teste porque se alguma coisa acontecer comigo, ela pode legalmente ficar com tudo que tenho. E também meus pais não vão poder rejeitar ela.”
Para ser honesta, entendo Chet muito bem. Alguém com o status dele, tendo uma evidência legítima em mãos, pode ser bem útil. Além do mais, crianças no país inteiro vão dizer que são filhos dele.
“Vou tentar explicar isso para ela. Tudo estava indo bem e você arruinou.”
“Por favor me ajuda, Khun Nueng.”
“Não sei o que posso fazer, mas vou tentar.”
A-Nueng me mandou uma mensagem para dizer que estava me esperando em frente ao shopping e que queria ir para meu quarto passar o tempo. Ela parece normal. Nenhum sinal de tristeza ou raiva.
“Pensei que ficaria mais irritada com o que aconteceu.”
“Estou. Não gostei nenhum pouco. Mas não tem motivo para descontar minha raiva em você… Então, onde está a gravação? Você fez?”
“Como você sabe que já fiz?”
“Você pareceu mal-humorada quando meu pai sugeriu que eu fosse para a escola de reforço… Você não quer ninguém arruinando seu plano. Você é muito perfeccionista.”
Torci a boca e mordi antes de enviar o áudio para ela. A-Nueng me devolveu o seu sorriso radiante e escutou assim que recebeu. Isso me deixa um pouco envergonhada.
Que loucura…
“Sua voz é muito agradável de escutar. Se eu ouvir isso todo dia, vou entrar na universidade com certeza. Eu prometo que vou escutar isso depois de cada refeição e antes de ir para a cama. Vou memorizar cada palavra.”
“Não exagere.” Me endireitei, me sentindo orgulhosa de mim mesma. “Só termine logo e eu vou te fazer perguntas às 22:00 horas toda noite. Se não me responder, não vamos nos ver por um dia”
“E se eu não conseguir responder duas questões?”
“Dois dias.”
“Meu Deus. Isso é muito difícil.”
“Então tem que se concentrar.”
“Não vai sentir saudade?”
“Não. Não se iluda.”
“Argh.”
Tudo vai como planejado. A-Nueng vem passar um pouco de tempo no meu quarto, e eu a deixo em casa depois. Depois que finalizo minha rotina pessoal, imediatamente envio minhas perguntas pelo chat do LINE. A-Nueng cumpre com sua tarefa… Ela consegue me responder.
“Bom trabalho. Minha gravação não foi em vão.”
[Então você tem que ouvir minha gravação também. Se você não responder, vou beijar sua bochecha.]
Não muito depois disso, a pequena garota me envia o áudio dela. Coloco meus fones e me deito para ouvir. O tom nasal e fofo da voz dela ecoa na minha cabeça como se ela estivesse aqui sentada do meu lado. A leitura sincera dela me faz sorrir.
Ela é boa.
“Mariza fez um acordo com Satan, que ela daria qualquer coisa para ter sucesso na vida, incluindo ter tudo que um humano nem mesmo sonha em ter. Satan imediatamente concorda com o acordo e dá a Mariza dez anos para viver. Depois disso, Satan voltará para pedir algo importante que ela não pode dar.”
“O que não posso dar exceto minha vida? Se você quiser minha vida, eu não vou fazer acordo com você.”
“Não precisa ser a vida. Você saberá o que é mais importante que sua vida, que sua respiração e sua morte quando a hora chegar.”
“Não consigo pensar em nada. Mas, tudo bem. Desde que você não peça por minha vida, posso dar isso para você. Mas você tem que me garantir beleza, dinheiro e tudo que um humano deseja ter.”
“Não é nenhum problema, sua humana tola… Você vai saber que todo o dinheiro e bens não são nem um pouco importantes, sua ignorante.”
A-Nueng lê com uma voz grave, quando é a parte do Satan. Um sorriso adorável surge em meu rosto. E chego na parte final.
“Concordo com Satan. Fama e riqueza não são nenhum pouco importantes… Se tenho que fazer esse acordo, prefiro ser pobre ou morrer. Talvez porque eu sei o que é mais importante para mim na vida. Não consigo nem imaginar que Satan vai tirar isso de mim.
Você sabe o que é…
É você.
Eu te amo, Ar-Nueng.”
Badum Badum…
Quando escuto a última parte, coloco a mão no meu coração, estou quente. A-Nueng continua usando seu tom de voz nasal único, mas toda séria e cheia de emoções. É tão poderoso que não posso fazer nada além de ficar envergonhada. Estou tão surpresa com esse sentimento estranho. Sentindo isso, tiro os fones e jogo longe. Porra. Por que ela se confessou na hora que estou prestes a dormir? Ela é boa.
E ainda é só uma criança.