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Tradução: Shiro | Revisão: Taka
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Capítulo 10 – A avó
O rosto pequeno de A-Nueng devagar se move para longe de mim com olhos convidativos. É um pouco sério e um pouco provocador. Olho para as atitudes dela sem demonstrar nenhuma reação. Quero ver quão longe ela vai. Mas assim que nossos narizes se tocaram, afasto a testa dela e esmagando as bochechas dela com tanta força que só escuto um grito.
“Aiii”
“Que porra você tá fazendo?”
“Você me acertou… isso doeu. “
“Te acertei e você ficou machucada. Que jogo você está jogando?”
A-Nueng se afasta e esfrega as bochechas.
“Que isso? Não sou nada encantadora? Me lembro disso de uma série GL.”
“Você não consegue separar a vida real de uma série? E por que não replica uma cena melhor do que essa?” Olho para ela friamente e balanço a cabeça. “Não vá brincar assim com mais ninguém. “
“Então, só posso brincar assim com você?”
Além de não ter remorso, ela também parece distorcer minhas palavras enquanto pula alegremente para cima e para baixo.
“Vá brincar com o seu futuro namorado.”
“Então estava certo fazer isso com você, porque você é essa pessoa. Haha… Aliás, isso é tudo que você tem? Não tem mais nada para eu explorar?”
“Por que você está explorando meu quarto… Não abra meu closet.”
Argh…..
A pequena garota não escuta minhas objeções. Ela abre meu closet que está cheio de camisas gola v pretas e camisetas brancas. Então ela ergue as mãos e pega o vestido que a Sam comprou para eu ir ao aniversário da escola.
“Uau… você tem algo assim.”
“Eu te falei para não mexer no meu closet.” Ando até ela e pego o vestido. A-Nueng continua sorrindo e inclina a cabeça para mim com uma expressão fofa. “Te repreendi sem parar, mas você tem zero noção.”
“Onde você vai usar o vestido?”
“Vou usar se houver alguma ocasião especial. Não é para nenhum evento.”
“Se fosse para eu adivinhar, seria para o evento de aniversário da escola. Você vai?”
Olho para aquela garota, chocada. Ela é alguma adivinha? Como ela pode entrar no meu quarto e analisar tudo como se já soubesse? Ela consegue adivinhar quando eu pretendia usar o vestido só de ver ele?
“Ainda estou pensando sobre isso.”
“Vá. Quero ver você nele.”
“Você vai?”
“Sim, é meu último ano. Seria legal ir em um evento assim. Minha avó também vai…” A-Nueng curva as costas quando ela menciona a avó. “Quando penso sobre isso, toda a diversão acaba.”
“Toda a diversão vai acabar só porque sua avó estará lá? Você não está pensando demais?”
“Você não entende.”
Se alguém entende como é brigar com a avó, sou eu. O prêmio Nobel por ‘brigar com um parente mais velho’ é meu, com certeza.
“Me diga o que não entendo.”
“Deixa pra lá. Se você estiver lá, será muito bom. Estou ansiosa para ver você toda arrumada e linda. Eu vou me arrumar também”
“Então, não irei.”
Quando digo isso, A-Nueng curva as costas e torce o rosto imediatamente.
“Você não é nem um pouco fofa.”
“Não me ame então.”
“Mas já amo. Não é como se eu pudesse só parar de amar você.”
Apesar disso, A-Nueng fala casualmente enquanto sorri, posso sentir pelos olhos dela que ela foi sincera em cada palavra. Então só posso olhar para o outro lado e fingir que não vi nada disso.
“Você que sabe. Não me culpe se ficar de coração partido.”
“Por que eu deveria me preocupar? Você vai vir fazer as pazes comigo se eu desaparecer.”
Essa garota tem muita autoconfiança…
A-Nueng ficou comigo no mercado até às 21:00 horas. Me pergunto se as pessoas esperando por ela em casa estão preocupados por ela estar fora tão tarde. Quando estava nessa idade, minha avó não me deixava ir para casa sozinha. Eu tinha um motorista para me levar e buscar todos os dias.
“Por que você vai para casa tão tarde? Sua avó não é rígida?”
Pergunto enquanto caminhamos para a casa dela. A-Nueng me dá uma olhadinha quando pergunto isso.
“Eu te disse que minha avó é rígida?”
“Não exatamente. Mas pelas nossas conversas e pelas marcas de chicote… Acho que sua vó deve ser muito protetora com você. É contraditório que sua avó seja protetora e rígida, mas deixe ir para casa tão tarde. É muito estranho.”
“Você é muito observadora. Estou vendo que você está bem interessada na minha vida.”
Aquele sorriso astuto me faz desviar o olhar cansada. Ela sempre está brincando.
“Deixa pra lá.”
“Meu deus. Não fique irritada tão facilmente. Vou te dizer… Eu disse para minha vó que estou pegando aula de reforço toda noite. Quanto mais estudo, mais ela fica feliz. Ela tem medo de que eu não tenha um futuro.”
“É normal adultos pensarem isso. Ainda assim, sua família parece ter dinheiro; você não tem um motorista?”
“Tenho na parte da manhã. Minha avó me leva.”
“Hm?”
“Quando estava no fundamental, minhas aulas acabavam bem tarde, então minha avó não podia me buscar. Desde então, depois da escola tem sido meu horário livre. E é bom porque isso permite que eu possa ir te ver.”
“Mas você não vai para as aulas… Ah, você mente para sua vó?”
A-Nueng ri. Tem um pouco de culpa em sua voz. Então solto um sorriso também.
“Meio que sim. Quero um tempo para respirar. Tenho estudado muito desde o fundamental. Tiro notas boas nas provas. O que é importante para alguém na minha idade é se divertir, ter uma vida social, ter amigos e ter tempo para relaxar.”
“Você não tem nenhum amigo.”
“…”
Assinto, entendendo o silêncio que vem depois disso. Como pode haver alguém que vive uma vida tão parecida com a minha?
“Por que você não tem nenhum amigo?”
“Minha avó não me deixa sair com ninguém. Ela diz que amigos vão me levar para o caminho errado…” Aquela voz trêmula daquela garota que está sempre alegre amolece meu coração. Mas A-Nueng olha para cima dentro dos meus olhos, então tenho que fingir que não senti nada. “Tenho amigos, mas eles são mais como colegas de estudos. Não tenho nenhum melhor amigo… Ninguém quer ser meu amigo.”
“Por quê? Você é uma pessoa ruim?”
“Todo mundo tem medo da minha avó… Ela foi à escola e causou um alvoroço quando minha nota caiu. Ela culpou todos os meus amigos e todas as pessoas ao meu redor por me levarem para o caminho errado.”
“Tudo é sobre causa e consequência. O que fez sua avó ser assim?”
“Ela tem medo de que eu seja igual à minha mãe. Minha vó disse que minha mãe tinha amigos ruins.”
Eventualmente chegamos à casa da A-Nueng. Nossa conversa parece ter acabado. Mas ainda não quero terminar.
Porque a pequena parece estar muito mal.
“Você deve ser bem solitária.” Coloco minha mão no rosto dela e ergo para fazê-la me olhar nos olhos. É como conhecer a mim mesma quando era mais nova. Mesmo que ela seja toda alegre e sorridente, ela está sob muita pressão.
“Por que você não consegue fazer isso?”
“Por que você não deu tudo que podia?”
“Não vai dar certo.”
“Não está bom o suficiente.”
Essas eram as palavras da minha avó que cresci escutando repetidamente. E para não parecer fraca ou uma perdedora, eu mantive toda minha tristeza escondida dentro de mim. Não interessava o quão rígida minha avó era comigo, eu apenas sorria.
Eu posso aguentar isso.
Eu posso continuar com isso.
Apenas para esperar o dia em que eu decepcionei minha avó…
“Não sou mais solitária porque tenho você.” A pequena agarrou minha mão e colocou no seu rosto. Ela inclinou a cabeça e esfregou o rosto na minha palma. “Tenho alguém que sou próxima agora, e é você.”
“Por que tem que ser eu?”
“Sinto que conheci alguém como eu.”
Badum badum…
De repente, meu coração pula uma batida. Estou tremendo. É como se A-Nueng pudesse ler minha mente.
Somos parecidas.
Enquanto eu fiquei parada atordoada, devagar o portão abriu, e consigo ver uma senhora já de idade nos encarando. A-Nueng rapidamente se afasta de mim e entrelaça os dedos na frente dela com medo. Enquanto eu, fico parada e olho para os olhos brilhantes e cinzas. Eu consigo reconhecer imediatamente quem é ela.
“Boa noite.”
Junto às minhas mãos para prestar respeito o melhor que consigo, usando o que minha avó me ensinou a vida inteira. Ainda assim, a mulher olha para mim sem sequer reconhecer isso.
“Quem é você?”
“Ela… Apenas estava me pedindo informação, vó.”
A-Nueng imediatamente dá uma desculpa por mim. Isso me faz olhar para a pequena garota que virou um filhotinho com o rabo entre as pernas.
“Eu perguntei para você, A-Nueng?! Quem é você?”
Essa voz autoritária não é diferente da minha avó. Isso me faz sorrir e responder casualmente. Não mostro nenhuma emoção, do mesmo jeito que costumo fazer com minha vó.
“Sou uma amiga dela.”
“Amiga?” A avó olha para A-Nueng com olhos cheios de pressão antes de olhar de volta para mim. “Pelo que vejo, vocês duas não parecem estar na mesma idade para serem amigas.”
“Vó… Ar-Nueng é…”
“Tia?”
“Aconteceu de conhecer A-Nueng por acaso e viramos amigas.”
“Nueng não precisa de amigos. Não é uma necessidade na vida dela.” A avó agarra o braço da pequena e arrasta ela para dentro da casa. Ela volta para me olhar nos olhos e soltar um último comentário. “Especialmente alguém tão sem classe como você.”
E as duas desapareceram dentro da casa, me deixando olhando para o portão enquanto suspiro.
Existe alguém tão ruim quanto a minha avó nesse mundo…