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Tradução: Note | Revisão: Pandine
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Capítulo 02 – Parte 02
Riza suspirou.
“Honestamente…” ela disse, inclinando-se contra sua mão enquanto o queixo apoiava em seu cotovelo. “Teru-chan, se alguma vez você se envolver com uma bebum como eu, afaste-a na primeira oportunidade. Entendeu?”
“Hã? Mas eu pensei que gostasse daqui. Na verdade, você não acabou de falar isso?”
“Bem… eu gosto, mas não significa que eu não preferiria um lugar um pouco mais calmo. Algum lugar só para Kuro e eu… sabe? Você entenderá quando estiver apaixonada,” Riza disse com um sorriso. “E é claro, você e Aya-chan, se qualquer uma de vocês precisarem. Um refúgio quieto é sempre bom de se ter.”
Teru riu enquanto tomava mais um gole de seu whisky e balançou a cabeça.
“Eu não acho que Ayame iria para qualquer lugar rural nem se sua vida dependesse disso. E geralmente depende, esses dias… Digo isso.”
Riza pausou e Teru sentiu sua expressão cair. Ela nunca foi muito boa em esconder sua preocupação quando o assunto era Ayame.
Ayame era mais velha que Teru por apenas dois minutos – dois minutos de vida em que elas tiveram que se separar deste modo. Ayame tinha, tecnicamente, vivido em um mundo sem a Teru, mas Teru nunca tinha vivido em um mundo sem a Ayame. É um estranho pensamento.
Dizem que gêmeos têm uma conexão especial, única a qualquer outro tipo de conexão que um ser humano poderia ter. As irmãs Tokugawa passaram por muita coisa juntas; boas e más, de cortar o coração e revirar o estômago. Tempos de infância e adolescência negligenciados e traumas só as aproximaram, unidas por um mútuo impulso para resistir e sobreviver. As duas estavam lá uma pela outra, capazes de se livrarem de quaisquer coisas horríveis que o destino jogasse nelas.
Um dos únicos acontecimentos traumáticos que aconteceram na vida de Teru que Ayame estava ausente foi “o incidente do revólver”. Na verdade Teru estava feliz, pelo bem de Ayame, que ela não tenha tido que testemunhar algo tão horrível. Nunca foi agradável ver uma mulher que cuidou de você durante o dia ter seus miolos estourados por retrucar, para dizer o mínimo.
A memória enviou um calafrio através do corpo de Teru.
É claro, tudo isso não significava que não tinham bons momentos também – geralmente, esses eventos foram sobre a Riza e Kuro passando tempo com elas, que foi ocasionado por Kuro cuidando das gêmeas depois de Teru não querer sair de seu quarto após o incidente mencionado anteriormente.
“Teru-chan…” Riza disse gentilmente, estendendo a mão para dar um aperto reconfortante na mão de Teru. Teru deu um sorriso torto, tentando e falhando em esconder sua mudança repentina para pensamentos sombrios.
“Caramba. Sinto muito, Riza-san. Detesto ser estraga prazeres.”
“Você é tão boba,” Riza suspirou pesadamente e acariciou a mão de Teru. “Você deveria conversar com as pessoas que considera próximas, sabe?”
“E o que lhe faz pensar que a considero próxima?”
Riza riu.
“Bem, eu sei que você só está sendo seu usual excêntrico ser…”
“Ei!”
“Mas você realmente se incomoda em usar honoríficos quando diz meu nome, para começar. Eu sei exatamente como você fala com os outros, Teru.”
Teru balançou a cabeça com um risinho e Riza sorriu.
“Que seja…” ela respondeu timidamente. “Mas foi uma noite do caralho. Tipo, de verdade. Você sabe sobre a punição de cortar corpos da mamãe?”
Riza arregalou os olhos em desgosto e medo.
“Hã? Tipo, seu próprio corpo, ou…?”
“Não, não,” Teru rapidamente negou. “Tipo… se você matar alguém, você tem que cortá-lo e queimá-lo você mesma. Como punição, ou algo do tipo. Quem sabe o que a mãe está pensando…”
“Ah, tudo bem então,” Riza respondeu sarcasticamente. “Mas que porra?!”
“É… fomos lembradas disso esta noite.”
“Você matou alguém, Teru?” Riza perguntou em choque. Teru balançou a cabeça.
“Nah, eu não. Ayame matou.”
“Ah… isso faz mais sentido.”
“Geralmente não temos que cortar os corpos quando é um abate ordenado,” Teru continuou indiferentemente. “A polícia frequentemente já está ciente, então não é um problema. Mas esse foi um problema completamente diferente, porque Ayame matou uma tenente.”
“A sangue frio?”
“Nah, dessa vez foi em autodefesa. A tenente tentou socá-la e então foi para cima dela com a porra de uma granada na mão. Se Ayame não tivesse agido rapidamente…”
Riza parou por um momento, paralisada no lugar, antes de começar a limpar vigorosamente um copo.
“Jesus Cristo. Eu sempre esqueço o quão assustadora a Yakuza é, até um dos seus começar a falar sobre seus negócios.”
“… Estou preocupada com a Ayame, Riza-san.”
Riza olhou para Teru com uma expressão surpresa. Teru não conseguiu se convencer a tirar os olhos do líquido âmbar em seu copo.
“Você está?” Riza perguntou com um tom gentil. “Por quê?”
“… Qual foi. Eu sei que você também foi capaz de ver o porquê.”
Riza mordeu o lábio.
“Bem… quer dizer, Ayame sempre foi meio… distante.”
“Mas ela piorou. Certo?”
Riza pausou.
“… Sim. Sim, definitivamente.”
Teru assentiu, ainda encarando o fundo de seu copo.
“Ela já matou tantas pessoas que eu acho que isso está começando a atingi-la. Sabe?”
“Sem querer parecer fria, mas… honestamente, eles todos não mereceram?”
“A maioria deles, claro. Mas você sabe como a Dona é. Não sou eu quem ela chama para ajudar com confessionários de tortura.”
Riza estremeceu.
“Cristo, Teru, pare…”
“Estou falando sério!”
Riza fechou seus olhos em angústia.
“Eu sei que está falando sério. Esse é o problema!” Ela respondeu. “Ugh… pobre Ayame. Ela simplesmente faz todas essas coisas? De bom grado?”
“Honestamente, eu acho que ela só faz o que lhe é dito porque é mais fácil do que ter que lidar com nossa mãe colocando uma arma na nossa cara.”
Teru pausou, percebendo a gravidade de sua situação um pouco mais duramente do que gostaria, para uma noite em que queria festejar. Riza balançou a cabeça irritadamente.
“Puta merda. Que situação terrível de se estar… isso bagunçaria a cabeça de qualquer um ao fazer isso por muito tempo.”
Teru assentiu. “Eu sei. Eu não sei o que fazer para acalmá-la, mesmo porque eu acho que ela está na fila para uma promoção.”
Riza piscou em surpresa novamente e se inclinou um pouco mais em direção a Teru.
“Teru-chan… como eu disse, você sempre deve se sentir livre para desabafar com aqueles que estão próximos ao seu coração, mas é muito incomum da sua parte se abrir desse jeito. Eu acho que você precisa ir para casa e dormir e não sair para beber esta noite. Por que sair, hm?”
Teru tocou seu queixo.
“Bem… porque eu quero transar.”
“Teru! Ugh, sério, eu preciso escutar isso!”
Teru riu maliciosamente e Riza balançou a cabeça.
“Nah, não se preocupe. Tudo bem. Vou para outro bar… mas diga para Kuro que espero que a noite do pôquer seja boa. Foi muito bom ver vocês duas.”
Uma expressão preocupada cruzou o rosto de Riza e Teru bateu várias notas do seu bolo de dinheiro.
“Quê…?! Teru, isso é demais!”
“Tenha uma boa noite, Riza-san.”
“Teru!”
E então, assim que Teru estava se virando para sair…
O sino da entrada da frente soou alto, como se alguém tivesse tentado arrancar a porta no chute. Todas as cabeças no bar se viraram em direção ao som, e viram a fonte com um leve sentimento de irritação pela interrupção das vibes da vida noturna.
Duas mulheres abriram passagem para dentro do Canário Azul com um ar agressivo ao seu redor. Ambas eram altas, fortes, cabelos pretos penteados para trás e um excesso de jóias pendurado de seus pescoços e dedos. Enquanto sua entrada havia tirado todo resquício de som da área, o bar caiu em um silêncio assustador.
Uma das mulheres – a loira, usando uma camisa havaiana roxa debaixo de seu blazer – deu um destemido passo adiante, analisando cuidadosamente o rosto de cada um no ambiente. A outra – usando um terno preto e uma calça espalhafatosa com estampa de tigre – tomou seu tempo acendendo um cigarro começado, exalando a fumaça barata no ar com um suspiro intencionalmente ofensivo.
“Boa noite, galera.”
Riza rapidamente saiu de trás do bar com um temperamento claramente irritado; com cada passo que dava, seus saltos ecoavam profundamente contra as tábuas de madeira. O olhar de todos seguiu a Riza enquanto ela passava por Teru, que apressadamente tentou, em vão, pará-la.
“Espera, Riza-san–”
Riza parou em frente das duas brigonas intimidantes e cruzou os braços. Elas eram facilmente uns trinta centímetros mais altas que a mulher mais baixa e ainda sim, Riza manteve a postura sem sinal algum de medo.
“Bem-vindas ao Canário Azul. As senhoritas querem alguma coisa?”
“Estamos procurando por uma Tokugawa,” a morena declarou em voz alta. “Não fique no nosso caminho.”
“Não tem ninguém aqui com esse nome, então porque vocês duas não–”
“Minha nossa. Fãs minhas?”
Teru andou adiante com arrogância em seus passos, suas mãos enfiadas nos bolsos da calça. As duas mulheres murmuraram alguma coisa uma para a outra, enquanto Riza virava a cabeça para dar a Teru um olhar de olhos arregalados.
“Por que você–”
As duas obviamente Yakuzas passaram pela Riza empurrando, que cambaleou levemente. A mera visão disso fez o sangue de Teru ferver com uma raiva incompreensível. Mas ela não era o tipo que deixava transparecer a raiva em seu rosto. “Nunca os deixe vê-la suar,” como Kuro sempre dizia.
As duas brutamontes ficaram cara a cara com Teru, que encarou afiadamente as duas.
“Você é a bastarda que matou a tenente Takahashi?” a mulher com calças de tigre perguntou ruidosamente.
“Ooh, seriam vocês duas garotas Himekawa?” Teru zombou, inclinando-se para frente com um riso presunçoso. “Nunca tive o prazer de falar com ninguém de um clã do seu nível de merda antes. Que divertido.”
A mulher loira rangeu os dentes e agarrou violentamente Teru pelo colarinho, levantando-a a alguns centímetros do chão.
“Não fode comigo, sua filha da puta! Você matou a tenente Takahashi ou não!?”
“Não foi obra minha,” Teru respondeu inabalada, “mas vou encobrir o culpado só dessa vez.”
Antes que a brutamontes tivesse tempo de cuspir uma resposta, Teru prendeu seu pé por trás de uma das pernas da mulher e chutou em direção a ela com toda sua força. A mulher rapidamente perdeu o equilíbrio, suas costas se esmagaram contra as tábuas com um baque alto.
“Porra-!”
A mulher usando estampa de tigre saltou para ação momentos depois, avançando em direção a Teru com uma adaga em mãos. Agora livre da garra da mafiosa, Teru pulou para trás para colocar algum espaço entre ela e sua oponente e desembainhou sua arma de escolha. Era uma faca de combate preta que brilhava com um pungente e silencioso perigo na meia luz do bar.
A essa altura, o tagarelar dos clientes do Canário Azul soavam pelo ambiente como sinos. Se movendo mais rápido que uma bala, Teru parou a adaga usando a serra das costas da faca, pegando a lâmina entre os dentes da serra.
Com uma demonstração de força que ela reservava somente para situações como esta, Teru usou sua faca como vantagem para empurrar com toda sua força. A mafiosa viria a se arrepender do aperto de punho cerrado que usara para segurar a adaga, enquanto seu pulso virava ao contrário com um estalo audível.
“Aaagh–!”
Sua arma tiniu contra o chão do bar enquanto ela segurava seu pulso mole com sua mão boa, rangendo os dentes para evitar que lágrimas se derramassem pelo seu rosto.
Mas aquele momento de distração foi todo o necessário.
Usando essa oportunidade de ouro, Teru disparou para as costas da mulher e não perdeu tempo em agarrar com uma mão o cabelo preto penteado para trás. Puxando rudemente para trás, Teru forçou as costas da mulher a se contorcer em um ângulo altamente desconfortável e com um urro de dor, ela falhou em agarrar Teru dessa posição nada prática em que se encontrava.
Com um riso vitorioso, Teru segurou sua faca contra a garganta da mulher, tamborilando os dedos contra a parte chata de um modo quase brincalhão.
“Eu ganhei.”
“Qu…! Mas que porra?!”
Teru segurou a mulher nessa posição até que o que restava da clientela do Canário Azul se encaminhasse para abordá-la, arrastando-a para fora, encontrando o mesmo destino de sua parceira.
“Isso vai ensinar você a não mexer com o clã Tokugawa, puta!”
Teru sentou em cima de uma mesa ali perto por um momento, para recuperar sua compostura, exalando tremulamente enquanto guardava sua faca. Riza se apressou até seu lado, olhando para sua filha de consideração com olhos em pânico de preocupação e correndo de trás, Kuro reapareceu com mais dois amigos.
“Riza! Teru!” Kuro declarou “Vocês estão bem?!”
“Estou bem, mas – Teru! Você está bem? Elas não machucaram você, não é!?”
Teru engoliu o nó de adrenalina que havia se formado em sua garganta e sorriu para a mulher ao seu lado.
“Estou mais que bem. Você está bem?”
Riza balançou a cabeça em descrença, esfregando os ombros de Teru meio distraída. Kuro assentiu para seus amigos checarem do lado de fora.
“Não se preocupe comigo, garota boba! Você realmente não está machucada?!”
“Riza, ela disse que está bem…”
“Eu prometo, Riza-san, estou bem. Mas acho que vou para casa dormir agora… sem mais energia para festejar, com certeza.”
“Quer que eu faça picadinho delas?” Kuro perguntou sombriamente. “Aquelas putinhas.”
Teru pulou de cima da mesa que usara como descanso e puxou outro punhado de notas de um dos bolsos, deslizando o bolo para a palma de Riza. Riza olhou estupefata para o dinheiro em sua mão, então para o rosto de Teru.
“O que-”
“Isso deve cobrir quaisquer danos que a briga possa ter causado. Obrigada por tudo, Riza-san.”
“Teru!”
E com isso… Teru saiu do Canário Azul, sem se virar, enquanto levantava uma mão para acenar.
Riza colocou as mãos nos quadris enquanto ouvia o sino da porta soar e deslizou as notas de dinheiro em seu bolso.
“Sinceramente…” ela murmurou com preocupação. Kuro balançou a cabeça, apertando afetuosamente os ombros de Riza com mãos firmes.
“Ei, vamos… você sabe que Teru-chan consegue se cuidar.”
“Vocês Tokugawas não são nada além de problema!”
“T-todo mundo!”
Tão rapidamente quanto Teru saiu, uma mulher diferente entrou correndo dessa vez, com seu cabelo em uma bagunça desnivelada e seu terno riscado de giz mais solto no corpo por conta da corrida. O sino que gentilmente tocou quando Teru saiu, agora quase voou pelos ares.
“Ah, mas…! O que você quer!?” Riza grunhiu. Kuro levantou as sobrancelhas. Todo mundo no bar sabia que, se essa mulher não tivesse bons motivos para estar correndo para cá, ela teria que lidar com a ira de Riza.
Mas uma olhada nas feições da mulher disseram tudo.
“Presidente…! Eu… ela…!”
“Acalme-se. Desembuche logo!” Kuro interrompeu. “Qual é a grande-”
“A quarta presidente Sugimoto foi assassinada!”
Riza estava feliz que Teru havia saído antes deste anúncio, porque o bar inteiro explodiu em comoção logo em seguida.
Urros de choque e ultraje sacudiram os clientes do bar enquanto tinham dificuldade de processar a gravidade da notícia. A única líder de todas as famílias Yakuza do Japão, Sugimoto, estava morta e em meio a todo o desespero e descrença dentro das paredes do Canário Azul, havia algo que agora estava crescendo mais que tudo.
Uma nova, tangível sede por poder.