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Tradução: Riza | Revisão: Alice
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Capítulo 02
Acordar de ressaca e ainda ter que trabalhar é a desgraça sobre a desgraça.
Na verdade, o feriado oficial da nossa empresa termina só no dia primeiro de setembro, mas como sou apenas uma estagiária de fotografia que entrou há cinco meses, meu recesso acabou uma semana antes para organizar os anúncios dos artistas enviados pelas agências. Dizem que nossa empresa é incrível, prosperou fazendo revistas de marcas de moda e fotografia de qualidade. Muitas celebridades e modelos famosas do mundo da moda estão ansiosas para serem fotografadas por nós. Como a empresa prosperou, eu subi junto com ela. Por isso, amo minha empresa e minha vida, trabalho com entusiasmo e dedicação, mesmo nos dias mais quentes de agosto, sem reclamar da minha infelicidade.
Que nada.
Na verdade, quando soube que meu recesso acabaria mais cedo, quase fui pessoalmente reclamar com a chefe. Mas acabei aceitando depois de ver o quanto pagariam pelo meu trabalho extra.
Não é o despertador que me acorda todos os dias.
É a pobreza.
Sempre pensei que ser a única pessoa da empresa a voltar ao trabalho mais cedo já era ruim o suficiente, mas naquele momento, acordando de ressaca na cama do hotel e me arrastando para trabalhar, senti que as horas extras não eram nada. Agora, decidi retirar o que disse antes. Trabalhar de ressaca com toda a certeza é algo que nem merece ser mencionado. Porque, no fundo, acredito não ter nada pior do que ver na empresa a pessoa com quem planejei resolver as coisas de uma vez por todas.
Lan Shan estava usando um vestido branco comprido hoje, parecendo uma pessoa completamente diferente daquela vestida com uma camisa preta e ar agressivo da noite anterior. Se não fosse por um vislumbre de surpresa em seus olhos brilhantes, eu poderia ter acreditado que a Lan Shan, uma nova promessa para nossa empresa e futura supermodelo, tem uma irmã gêmea que se reveza com ela. Ontem a chamava de “irmã mais velha”, mas hoje eu só queria chamá-la de “irmã mais nova”. Ela estava sentada lá, tão bem-comportada quanto uma boneca Barbie, linda o suficiente para matar.
Às nove e meia da manhã, vi Lan Shan pela primeira vez em setembro. Ela passou por mim e entrou na sala de reuniões com sua agente para discutir o planejamento de uma sessão de fotos com a gerente.
Quinze minutos depois, levei café para elas, servindo-a por último. Quando deixei a sala de reuniões, me perguntei se ela teria notado as duas barras de açúcar e o creme que escondi discretamente ao lado de sua xícara. Seu sorriso é tão doce quanto sua voz. Café americano é muito amargo para alguém como ela.
Depois de devolver a bandeja para a cozinha, alguém me pediu para voltar à sala de reuniões. Por um momento, pensei que alguém tivesse me visto dando mais açúcar e creme para Lan Shan e que iriam me repreender por favoritismo. Não ria, eu era nova no trabalho e levava a sério até um simples pigarro da chefe durante uma reunião. Na nossa profissão, lidamos com todos os tipos de clientes excêntricos e, sendo tão insignificante, tinha que servir a todos com um sorriso.
Quando abri a porta da sala de reuniões, antes mesmo de Lan Shan falar, a agente me olhou e se virou para ela:
“Você a quer?”
“Sim.” A agente me bloqueou completamente da visão de Lan Shan, que então virou a cabeça para me olhar. Uma mecha de cabelo enrolada caía graciosamente perto de sua orelha delicada, um vislumbre que me fez formigar por dentro.
“Você tem certeza? Sabe do que a Mu Yan Er é capaz e de sua influência no meio. Tem ideia do trabalho que tivemos para agendá-la pra você? E agora quer desistir na última hora para ter quem… aquela lá, como é o nome? Para fazer as suas fotos?”
Eu era honesta demais naquela hora, e disse que meu nome era Xiao Zhou. A agente me lançou um olhar fulminante, mas Lan Shan me olhou e sorriu, pegando a fala da agente:
“É capricho meu, mas eu quero. Não era a Chen que sempre quis ser fotografada pela Mu Yan Er? Vamos adiantar o cronograma dela, assim a Chen não precisa ficar ansiosa. Xiao Zhou pode fazer as minhas fotos.”
Lan Shan perguntou se eu estava ocupada e disse que poderia esperar caso tivesse que fotografar outra pessoa primeiro. Pensei, “Você deve estar brincando, estou mofando no escritório todos os dias, esperando uma chance para virar o jogo.” Mas, apesar da minha rebeldia interna, eu era muito educada por fora, com medo de irritar minha benfeitora.
Nós duas chegamos a um consenso, mas a agente e a gerente pareciam insatisfeitas. Lan Shan me deixou sentada sem prestar atenção em mim, continuou a adoçar a agente e finalmente mandou algo pelo celular. A agente olhou para o celular, depois para mim, seu semblante finalmente melhorou um pouco, dizendo que ia sair e ligar para o chefe. A gerente também saiu para discutir algo e nos deixou, Lan Shan e eu, trocando olhares.
Lan Shan voltou a ser a mesma da noite anterior: malandra, despojada e com coragem, uma heroína que mesmo vestindo um longo vestido branco poderia triunfar em qualquer batalha. Mas o olhar dela para mim era um pouco orgulhoso, o que a fez parecer menos descolada e um tanto infantil, um contraste incrível com sua atitude irreverente.
Perguntei o que ela havia mostrado para eles. Ela deu de ombros e disse que eram as fotos que tirei dela na noite passada.
Eu insisti, perguntando quais fotos ela havia mostrado. Lan Shan pensou um pouco e disse que havia mostrado todas. Minha cabeça zunia, meio atordoada, pensando que Lan Shan não seria tão ousada e imprudente, não apenas arruinando seu próprio futuro, mas também me arrastando junto.
Não acreditava, mas era incapaz de compreender Lan Shan, essa mulher era um enigma para mim. Decidi acreditar por enquanto, para não ser pega desprevenida mais tarde e passar vergonha, o que seria menos embaraçoso do que ser exposta naquele momento.
Mas antes que tivesse a chance de responder, Lan Shan riu e perguntou se eu estava preocupada que ela enviasse “aquela” foto.
Bom, com essa pergunta, tinha uma ideia do que estava acontecendo, mas não tinha pressa de virar o jogo, continuei a agir como uma ingênua, piscando inocentemente e quase choramingando: “Qual foto?”
“Aquela.” Ela disse.
Nós duas estávamos jogando um jogo de empurrar e puxar, se divertindo na certeza de que estávamos sendo provocadas pela outra, uma tolice mútua.
Mas eu sabia qual era a foto que não poderia ser enviada, e ela também sabia.
Na noite anterior, Lan Shan disse que as fotos eram muito bonitas, e então sugeriu que tirássemos uma juntas. Ela se inclinou para pegar uma taça de vinho, pensei que fosse beber, mas ela realmente queria me beijar.
Nós nos beijamos em frente à câmera, separadas apenas por uma taça de vinho clara e brilhante.
A iluminação do quarto do hotel era dez, ou até cem vezes mais brilhante do que a de um bar, não importava. A borda da taça e a marca de batom estavam claramente visíveis, e o rosto de Lan Shan podia ser distinguido através do líquido âmbar da bebida, ambos brilhando intensamente, enquanto eu estava tão desfocada que mal se podia ver meu rosto, apenas um pequeno canto da foto mostrava meu cabelo preto e liso.