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Tradução: littlemarcondes | Revisão: Pandine

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Capítulo 31: O Anjo da Salvação (IV)

O que diabos ela estava dizendo a essas crianças…? Como ela sempre foi capaz de dizer alegremente todas essas coisas embaraçosas?

Yvonne sentiu seu rosto e orelhas queimando. Felizmente, era noite e a visibilidade era ruim. Se Elsa a visse agora, ela teria certeza de ter a ideia errada.

Mas como elas estavam hospedadas aqui, Yvonne sentiu que deveria cuidar de outros assuntos em mãos.

“Com licença, Irmã.”

Puxando as rédeas da Esfinge, Yvonne acalmou o dragão cansado e mal-humorado enquanto perguntava a Dahlia: “Há algum estábulo de tamanho moderado por aqui? Esfinge… Meu dragão está cansado depois de sua longa jornada e eu gostaria de encontrar um lugar para ela descansar.”

“Há um estábulo abandonado no pátio atrás do convento,” disse Dahlia, com um brilho em seus olhos. Ela era tão fácil de conversar quanto parecia. Pegando a lanterna, ela fez um gesto para Yvonne. “Por favor, siga-me.”

▲

Como era hora de dormir, a maioria das crianças estava dormindo, além de algumas que curiosamente tinham saído da cama depois de ouvir barulhos. As duas também mantiveram seus passos leves.

Yvonne observou furtivamente o interior do convento. Talvez devido a anos de negligência, as paredes foram marcadas onde pedras soltas haviam caído e as manchas pretas descoloriram as principais colunas da pedra de suporte. Mas, no geral, estava limpo e ordenado.

No caminho, Dahlia conversou com Yvonne: “Esqueci de dizer oi mais cedo. Você é a Srta. Yvonne, correto?”

“Como você sabe meu nome?” Ela ficou surpresa porque o nome dela não tinha sido mencionado quando estava falando com Elsa antes.

“Haha, você não deve saber que Elsa menciona você com frequência em suas cartas. Mais da metade de cada carta é sobre você.”

“Haha… Sério mesmo?”

O que aquela garota tinha dito em suas cartas?!

Dahlia cobriu a boca enquanto ria da reação divertida de Yvonne. Seu olhar então se tornou distante, como se ela estivesse se lembrando do passado. “Além disso, é graças a você que o orfanato durou tanto tempo. Seu pai, Duque Quimper, já nos ajudou muito.”

“Ah, pensando bem, meu pai sempre forneceu ajuda aos órfãos sem-teto. Estou feliz que ele tenha sido capaz de ajudar vocês.”

Encorajado por sua filha, o Duque Quimper havia realizado muitos atos de altruísmo antes que seu título de nobreza lhe fosse despojado, incluindo ajudar agricultores famintos após uma seca e crianças que perderam suas famílias durante as escaramuças há alguns anos. Embora ela tivesse sugerido principalmente para virar a imagem de seu pai como um Duque de coração negro e vilão, ela estava feliz que eles realmente tivessem conseguido ajudar as pessoas.

“…” No entanto, a reação de Dahlia à sua resposta foi subjugada. Ela parecia estar pensando em algo enquanto murmurava para si mesma: “Então é assim…? A memória está incompleta? É por isso que aquela garota…”

‘Incompleta’? O que isso significava?

“Desculpa, o que você disse?”

O que Dahlia disse chamou a atenção de Yvonne e ela queria que ela esclarecesse, mas Dahlia habilmente mudou de assunto.

“Ah, sinto muito. Acabei de começar a pensar em quando Elsa decidiu abruptamente se transferir de escola.” Dahlia sorriu com vitória. “Fiquei surpresa no começo. Ela foi selecionada pela academia de magia da Capital somente após um esforço meticuloso, mas de repente mudou de ideia e se transferiu para algum lugar tão longe… Olhando para trás, eu arriscaria um palpite de que provavelmente foi por sua causa. Você é uma boa garota, srta. Yvonne. Posso ficar tranquila se Elsa estiver com você.”

Dahlia deu um sorriso gentil a Yvonne. Uma sombra de Elsa podia ser vista refletida por dentro. Elsa provavelmente era tão extrovertida e positiva apenas por causa da influência de Dahlia, né?

No entanto, Yvonne se sentiu desconfortável com a confiança de Dahlia. “Eu posso não ser tão boa quanto você pensa. Eu ajudo Elsa apenas para me dar paz de espírito…”

Yvonne sempre pensou que tudo o que ela tinha feito era egoísta.

“Eu nunca tentei realmente entendê-la esse tempo todo… Então essa é a única razão pela qual eu queria ver o lugar em que ela cresceu.”

“Ai meu Deus, querida…”

Os olhos cinza pálidos de Dahlia enrugaram. Ela podia ver o fogo de uma alma pura e nobre dançando dentro dessa jovem. Ela era positiva – e ficou claro da forma como Elsa olhou para ela – que essa era a pessoa que ela estava perseguindo depois de todo esse tempo.

“É isso que acontece quando a puberdade chega? É bom ser jovem?”

“De onde você tirou isso?! Eu só não quero dever nada a ela!”

Mas não importa como Yvonne tentasse esclarecer o mal-entendido, Dahlia simplesmente continuou a liderar o caminho com um sorriso conhecedor. As duas logo chegaram ao estábulo. Estava coberto por uma fina camada de poeira e teias de aranha, mas não demoraria muito para limpar. Depois disso, seria utilizável assim que alguns fardos de palha fossem trazidos do galpão de lenha.

“Falando nisso, ela pode comer grama?” Dahlia perguntou curiosamente enquanto carregava um pacote de palha. Ela não parecia ter nenhum medo das presas afiadas da galewyrm, em vez disso, estava curiosa sobre o grande dragão branco, como uma criança.

“Galewyrms são carnívoros. Eles podem comer ovos e afins também.”

“Ai meu Deus, isso é perfeito. Alguém na aldeia nos enviou um monte de ovos de galinha. Vou trazer alguns daqui a pouco.”

Isso resolveu o problema da comida por enquanto, mas Yvonne não deixaria Esfinge comer a comida do orfanato para sempre, já que esses ovos foram dados para as crianças. Além disso, Esfinge come muito e provavelmente deixaria as crianças sem ovos se não fossem cuidadosas. Yvonne planejava ir ao mercado amanhã de manhã para comprar mais comida para Esfinge.

Depois de varrer tudo, Yvonne removeu a sela de Esfinge e trouxe um balde de água do poço.

Como um galewyrm, Esfinge não era apenas uma excelente corredora, mas também uma lutadora confiável. Yvonne queria cuidar bem dela e mantê-la na melhor forma possível, para que, se algo perigoso chegasse, ela tivesse uma aliada adicional. Embora nada tenha acontecido até agora, Yvonne ainda estava em alerta máximo. Elas divergiram da rota original. A história não era mais fixa e estabelecida, mas cheia de variáveis incertas. Os demônios sempre abominaram os humanos e eram letalmente perigosos, sendo uma raça altamente mágica com magia poderosa. Ela não podia se dar ao luxo de ser descuidada.

Claro, Yvonne esperava que ela estivesse sendo excessivamente cautelosa. As coisas podem correr bem. Elsa e sua alma gêmea destinada poderiam cruzar fronteiras raciais, preencher a divisão entre suas raças e trazer um final feliz.

Por alguma razão desconhecida, uma onda de dor atingiu Yvonne enquanto ela considerava isso.

E-ela não poderia mais ser egoísta. Yvonne decidiu deixar Elsa escolher. Não importava o que ela escolhesse, Yvonne a acompanharia até o fim.

“Elsa deve estar preparando o quarto de hóspedes. Os ventos estão fortes hoje à noite, então você deveria ir para a cama cedo, Srta. Yvonne.”

“Ah… Tudo bem então. Obrigada.”

Tendo feito tudo o que era necessário para a noite, Yvonne estava prestes a sair. Só então, uma rajada de vento as atingiu.

“Ah!” Dahlia exclamou suavemente. O vento soprou o véu que estava desgastado e ele caiu em direção ao chão.

De pé atrás da freira, Yvonne estendeu a mão e pegou o véu antes que ele voasse para longe.

“Que vento forte… Seu véu, Irmã-”

No entanto, assim que Yvonne foi entregar o véu, ela olhou para cima e viu Dahlia. Seus olhos se alargaram ao tamanho de discos.

A estranha rajada havia explodido as nuvens que cobriam a lua. Sob a iluminação da lua, o cabelo da Irmã Dahlia quase parecia ter absorvido a luz da lua branca e se transformado de marrom linho para prata deslumbrante.

“Há uma lua cheia hoje à noite, pense bem… Que incômodo.” Abaixando os braços de sua tentativa fútil de esconder qualquer coisa, a freira de cabelos prateados colocou um dedo contra seus lábios. O sorriso dela parecia inconscientemente dolorido. “Desculpe, isso te assustou, não foi? Bem… Por favor, mantenha isso em segredo da Elsa.”

▲

Embora não fosse grande, este lugar era um local eclesiástico completo e tinha as principais instalações adequadas.

O claustro conectava todos os edifícios principais. A sala de oração no centro era a estrutura mais proeminente. Era usado para orações diárias e uma estátua de pedra da Deusa da Terra podia ser encontrada dentro.

A oeste estava a ala de hóspedes e o pátio, bem como um portão que controlava a entrada pela única entrada do pátio compartilhado. Os quartos das freiras estavam localizados nos edifícios orientais, que incluíam salas de instrução especializadas, banheiros e uma sala de jantar.

No entanto, se alguém quisesse um banho quente, teria que tirar água do poço para ferver, o que era inconveniente. Felizmente era verão e então derramar água fria sobre si mesma não lhe deu muito choque.

O corpo de Yvonne esfriou depois de tomar o banho simples, mas seus pensamentos continuaram a correr.

Ela ainda estava pensando na cena mais cedo.

Esse cabelo prateado era uma característica claramente demoníaca.

Não havia muita informação que os jogadores pudessem coletar sobre Dahlia. Yvonne só sabia que o convento era o ponto de partida para o enredo sobre demônios.

Ela nunca imaginou que a própria Dália seria um demônio.

Isso nunca tinha sido mencionado no jogo! Poderia ter sido um prenúncio? Ou foi uma história escondida?

Embora ela parecesse ter ouvido que os demônios se atraem uns aos outros.

Mas se fosse esse o caso, então o Senhor dos demônios desmoronando nas portas da igreja e sendo pego pela heroína depois de ser ferido não era mais uma simples coincidência para a conveniência da trama.

Algo mais profundo provavelmente estava acontecendo por trás disso.

“O que há de errado, Evie? Você parece perturbada.”

Elsa colocou os hábitos brancos que serviriam como roupa de dormir na cabeceira da cama e inclinou a cabeça para Yvonne.

“… Não é nada.”

Lembrando como a freira queria que isso a fosse um segredo, Yvone se sentiu ainda mais conflituosa.

Parecia que Elsa não sabia disso.

Que a pessoa que a criou era na verdade um demônio…

“Hm… Sinto muito, Evie.” Elsa disse hesitantemente de repente.

“Pelo que você está se desculpando?”

“Porque eu forcei você a ficar aqui, certo? Não é o lugar mais bonito… Então você provavelmente não estaria acostumada com isso.”

Elsa se sentiu muito mal. Seja qual for o status de Yvonne agora, ela ainda tinha nascido nobre. Fazê-la ficar com Elsa em algum lugar assim não estava certo.

Olhando para baixo, Elsa torceu as mãos e se sentiu culpada por seu egocentrismo.

Era com isso que Elsa estava preocupada?

Yvonne olhou ao redor da sala. O teto estava coberto de mofo e tinha rachaduras, que poderiam vazar se chovesse. A cama era feita de madeira rígida. Elas estariam dormindo nele sem um colchão, o que não parecia muito confortável.

Mas Yvonne realmente não se importou com nada disso.

Quando ela foi acusada de traição, ela passou um ano presa pela igreja. Este lugar era muito mais confortável e mais quente do que sua cela de prisão seca e congelante.

Apenas Elsa, que se importava muito com o que ela achava, se preocuparia com isso. Certamente ela ainda não estava tentando tratá-la como uma senhora nobre?

“Hm, Evie! Vou arrumar tudo! Tudo mesmo! Apenas me dê um pouco de tempo e esta sala estará bem melhor para você!” Elsa instantaneamente ficou cheia de energia como um pônei animado. Ela se preparou para continuar tirando o pó enquanto pegava a vassoura.

“Você está tentando trabalhar até a morte?! Abaixe isso!” Yvonne agarrou o pulso de Elsa, impedindo-a.

“Mas…”

“Apenas vá dormir! Eu não me importo com isso!”

Yvonne ficou exasperada. Elsa quase parecia ser alimentada por um gerador com um suprimento infinito de combustível. Mas Yvonne sabia que estava apenas se esforçando. Ela tinha trabalhado duro hoje. Depois de voltar aqui, ela usou a magia sem parar para ajudar na limpeza do orfanato, lavar roupas e tudo mais, a fim de tirar um pouco do fardo da Irmã Dahlia. Ela deve estar cansada de usar continuamente a magia.

Yvonne não queria que ela fizesse nada além de descansar agora. Mesmo que ela fosse um prodígio mágico, sua magia não era ilimitada.

“… Então por que você está incomodada?”

A irritação aumentou em Yvonne quando ela viu a expressão inocente de Elsa.

Só estou me preocupando tanto por sua causa!

Em sua indignação, ela estendeu a mão e beliscou as bochechas de Elsa, puxando-as de ambos os lados.

“Eek?!” Elsa deu um pequeno grito, surpresa com a ação de Yvonne. “Murgh, vochê ixstá mwe intchimidawndo?”

Suas palavras saíram abafadas com as bochechas apertadas. Foi um visual engraçado para ela.

“Hmph, não estou realmente.”

Ela simplesmente queria desabafar seus sentimentos.

Puxe, estique, esprema!

Embora, isso tenha sido bom.

O rosto de Elsa era tão macio quanto bolinhos de arroz pegajosos e parecia muito elástico. Como seu rosto parecia tão bom, Yvonne não resistiu a apertá-lo mais algumas vezes.

“Owww, isso dói, Evie!” Elsa finalmente implorou, incapaz de suportar a dor.

“Desculpa, isso doeu?” Yvonne parou relutantemente quando viu lágrimas quase saindo dos olhos de Elsa.

Mas depois que ela se deixou ir, Elsa então pegou sua mão e a trouxe até seu rosto.

Sua mão, portanto, se curvou perfeitamente ao redor das bochechas de Elsa, pressionada contra sua pele firme.

“Dói muito quando você estava beliscando-as… Você não vai massageá-las, Evie?” Elsa disse, sonhadoramente olhando para Yvonne. Seguindo essas linhas terríveis, ela então cobriu a mão de Yvonne e esfregou o rosto contra ela.

“Por que eu faria algo assim…?”

Yvonne instintivamente engoliu.

Embora ela tenha dito isso, Yvonne não se sentia capaz de remover a mão quando Elsa estava sendo assim. Considerando as ações tortuosas de Elsa agora, ela estava começando a suspeitar que ela estivesse fingindo dor antes.

“Então… Você não vai me intimidar hoje?”

Elsa parecia desapontada com a perspectiva.

“O quanto você quer que eu te intimide?” Yvonne disse, corando, sua mão ainda está coberta pela de Elsa.

“Hm…” Elsa inclinou a cabeça e pensou por um momento. Então ela disse brilhantemente: “Por que não me intimidar por toda a vida?”

“… Nos seus sonhos.”