⋅•⋅⋅•⋅⊰⋅•⋅⋅•⋅⋅•⋅⋅•⋅∙∘☽༓☾∘∙•⋅⋅⋅•⋅⋅⊰⋅•⋅⋅•⋅⋅•⋅⋅•⋅
Tradução: Riza | Revisão: Pandine
⋅•⋅⋅•⋅⊰⋅•⋅⋅•⋅⋅•⋅⋅•⋅∙∘☽༓☾∘∙•⋅⋅⋅•⋅⋅⊰⋅•⋅⋅•⋅⋅•⋅⋅•⋅
Capítulo 09 – Flashback
Estou em frente a UTI com a Khun Nueng, Tee e namorada, roendo minhas unhas. Todos que visitaram a Khun Sam, de dois em dois, disseram a mesma coisa…
“A Sam se lembra de todo mundo, menos a Mon… Por quê?”
Tee me olha preocupada, enquanto mordo meus lábios até machucá-los. Não sei o que está acontecendo, mas me sinto vazia por dentro. Khun Nueng corre para consultar o médico, que por acaso está vindo nesta direção, mas até mesmo o médico está perdido, pois a cirurgia correu bem.
“Talvez seja efeito da anestesia. Após ela se recuperar, a memória vai voltar gradativamente.”
O médico deu uma resposta vaga, mas continuo preocupada. Jim se aproxima e acaricia gentilmente minhas costas como encorajamento, pois percebeu que estou prestes a chorar. Estou muito sensível o dia todo, desde que Khun Sam entrou na sala de cirurgia, voltou após a cirurgia terminar, recuperou a consciência e se lembrou de todos.
Todos menos eu…
“Confie no médico. Você deveria ir para casa descansar. Volte quando a Sam estiver em melhores condições. Ela vai se lembrar de você.”
“Sim. Você ficar aqui não vai ajudar em nada. Você não pode ficar com ela na UTI, de qualquer forma. Ela precisa de cuidados intensivos das enfermeiras.” Kate concorda. Pude sentir minha voz trêmula de emoção quando respondi. Sou a mais próxima da Khun Sam, mesmo assim a única que ela não se lembra. Algo deve estar errado.
“Não vou conseguir dormir se for para casa, de qualquer forma. Estou preocupada com a Khun Sam.”
”O médico disse que ela não está em perigo. Que tal isso, se estiver incomodada por ter que ficar sozinha, nós todas podemos ir dormir na sua casa.” Tee sugere, enquanto Jim assente alegremente.
“Boa ideia. Uma festa do pijama seria divertida. Voltaremos para visitá-la amanhã. Até lá, ela vai se lembrar da Mon. Vamos deixar a casa dela uma bagunça para quando ela voltar. Ela é tão protetora quando se trata da casa dela, hahahaha.”
“Não posso pernoitar. Tenho um ensaio para uma revista bem cedo amanhã.” Kate interrompe arrependida. Jim revira os olhos, parecendo aborrecida.
“Por que não pode? O ensaio é no Japão? Enquanto for em Bangkok, você pode ir dirigindo. Não quer aprontar na casa da P. P.? Você consegue suportar o desejo?”
“Não consigo! Certo, também vou. E daí que é uma longa viagem? Vou colocar a casa dela de cabeça para baixo. Hahahaha.”
“Wahahaha.”
“Qual é o problema de vocês duas? Sua amiga está deitada em uma cama se recuperando de uma cirurgia e ainda assim querem aprontar com ela.” Tee balança a cabeça em desaprovação e então sorri. “Vou vasculhar o guarda-roupa dela, hahaha.”
“Wahahaha.”
A amiga da Khun Sam riu tão alto que a enfermeira teve que nos alertar para não perturbar os outros. Não posso evitar de rir do plano travesso delas em deixar a Khun Sam chocada ao bagunçar sua casa. Quando Yuki vê que me sinto um pouco melhor, ela se aproxima e me conforta colocando o braço em volta do meu.
“Não se preocupe. Khun Sam já acordou. Se ela não se lembra de você hoje, ela se lembrará amanhã. Dê a ela um pouco de tempo. O médico disse que a cirurgia foi um sucesso. Confie que a Khun Sam te ama e que nada vai mudar.”
“Sim. Talvez eu esteja preocupada demais.”
“E não é só de você que a Khun Sam não se lembra. Ela disse que não se lembra de mim também.”
Ouvir isso me deixa mais tranquila… um pouco. Provavelmente porque não me sinto mais sozinha em tudo isso. Não sou a única que a Khun Sam não se lembra. Deve ser efeito da anestesia ou ela ainda não se recuperou totalmente.
Espero que ela se lembre de mim amanhã…
Ou ela não vai?
Nada é fácil como se espera. Todas, exceto a Kate que tinha um ensaio, voltamos para visitá-la na manhã seguinte e tentamos o máximo fazê-la se lembrar, mas ela ainda não consegue. Parece que a memória dela parou cinco anos atrás, antes de nos reencontrarmos. Então ela não se lembra que sou sua namorada.
“Está brincando com a gente? É uma encenação? Não seja como a Kate, ela é atriz, mas você não sabe atuar. E pare de fazer essa cara de quem não liga.”
Jim berra imediatamente após Khun Sam dizer que não se lembra de nada e que está surpresa pela Khun Nueng estar aqui. É como se as memórias dos últimos cincos anos tivessem desaparecido.
“Por que eu mentiria? Não consigo me lembrar mesmo!”
“O médico removeu a parte inteligente do cérebro dela? Por que ela aparece mais estúpida após ter acordado?” Jim continua a reclamar. Tee, que é a mais calma, olha para a Khun Sam e balança a cabeça.
“Não consegue se lembrar de nada? Do que se lembra?”
“Me lembro de estar trabalhando. E então acordei em um hospital com algo enrolado na minha cabeça. O que é mais frustrante é que não tenho mais sequer um fio de cabelo na cabeça.”
“Olhe para a Mon com cuidado. Não sente nada? Ela não te parece familiar?”
Khun Sam faz o que sua amiga pede e olha para mim, balançando a cabeça. Os olhos dela parecem vazios e isso é como ter 1000 facas perfurando meu coração.
“Ela parece familiar, mas não sei quem é.”
“Ela é sua ESPOSA.” Jim enfatiza nossa relação, mas não causa impacto na Khun Sam.
“Que esposa? Sou uma mulher.”
“Está dizendo que gosta de homem?”
“Se não for de homem, vai ser do quê? Eu nasci mulher.”
“Você só pode gostar de homem porque nasceu mulher? Argh… seus sentimentos também desapareceram com sua memória? Mon, venha aqui.” Jim me coloca perto da Khun Sam e me força a tocar a pessoa na cama. Khun Sam puxa o braço e se afasta de mim assim que me minha mão a toca. “Como foi? Como uma faísca? Você deve ter sentido algo.”
“Não senti nada.”
“Então por que puxou seu braço?”
“Não gosto de ser tocada por estranhos.”
A palavra “estranhos” deixou todas em silêncio. Minhas lágrimas começam a sair, tento ao máximo não as deixar escorrer. A garota de rosto meigo me encara e ergue a sobrancelha. Ela tenta me confortar após perceber que pareço deprimida.
“Eu não te desprezo, apenas não gosto de ser tocada por estranhos.”
“Entendi.”
“Mas a Mon não é estranha para você. Por que precisa ser tão má?!” Jim parece que está prestes a gritar, mas Tee segura a blusa dela e balança a cabeça, dizendo a Jim para não continuar.
“Ela não tem memórias disso. A memória dela vai voltar gradualmente. Ela acabou de se recuperar da cirurgia. Estamos no segundo dia. Que tal… ajudarmos a ativar a sua memória. Caso se lembre de algo.”
“Parece bom. Me diga. Quero saber o que aconteceu enquanto eu dormi e acordei sem memória. O que perdi?” Khun Sam concorda, enquanto a Jim parece estar cheia de merda na boca, pronta para cuspir na cara de sua amiga.
“Você dormiu por dois dias. Não aja como se tivesse dormido por cinco anos. Acho que ela está brincando com a gente.”
“Vamos ver por quanto tempo ela mantém o teatro.”
“Quando a verdade vier à tona de que você está mentindo para nós, eu vou enfiar meus dentes na sua cabeça. Que teatro bobo. Mon está chorando, não vê?” Jim se aproxima e me conforta com um abraço. Dou um sorriso a ela e tento parecer forte na resposta.
“Vamos tentar contar tudo para a Khun Sam. Se ela não estiver fingindo, então me sinto mal por ela por isso estar acontecendo.”
“Mas você me parece familiar. Acho que te vi antes, mas não me lembro onde.” Khun Sam me examina atentamente.
“Claro que ela parece familiar. Vocês dormem juntas na mesma cama há cinco anos. E você diz que não se lembra dela? Isso só acontece em novelas.”
“Jim, pare de ser sarcástica.”
Nos reunimos como um grupo para dizer a Khun Sam tudo o que aconteceu durante estes cinco anos que ela não se lembra. Começando do nosso reencontro e todos os obstáculos que passamos juntas, o encontro com a Khun Nueng e a morte da avó. Tudo isso deixa Khun Sam atordoada, olhando para suas amigas e para mim, não querendo acreditar que se esqueceu de tudo isso.
“A vovó morreu? O rosto de Khun Sam fica pálido. A pessoa que ela mais respeitava não está mais entre nós. Ela enxuga as lágrimas antes de escorrerem, não querendo demonstrar fraqueza na frente das outras. “A vovó morreu de quê?”
“Ataque cardíaco.”
Khun Nueng responde. A culpa corrói dentro dela, mas conseguiu dizer em voz alta.
“A vovó tinha problema no coração?”
“Sim, ela não estava bem.”
“Ela sofreu muito?”
“Não sei.”
“Vovó… Eu não fazia ideia.” Khun Sam aperta o próprio pulso com força e solta. “Ou a vovó estava brava por eu estar me relacionando com outra mulher?”
“Pode ter colaborado. Mas as a vovó deixou você fazer o que quisesse porque te amava e não queria te perder, como perdeu a Khun Song.”
“Ainda estou surpresa por estar em um relacionamento com outra mulher. Não deveria ser possível… Eu estava noiva do Kirk. O Kirk concordou com isso?”
“Você ama o Kirk?” Jim interrompe. Khun Sam responde com o silêncio, porque não importa quantos anos tenham se passado, ela ainda pensa no Kirk como amigo. Isso nunca mudou.
“Eu só pensava que se não fosse o Kirk, não me casaria com mais ninguém. Embora eu fosse um bom partido para muitos.”
“Tipo quem?” Tee pergunta curiosa, esperando que a resposta fosse algo que eu também gostaria de ouvir, como ‘A Mon, é claro.”
“Príncipe William.”
“…”
“Tiger Woods.”
“…”
“Um sheik que viesse me buscar em um camelo para nossa cerimônia de casamento.”
“Eu acho que o doutor removeu o tumor dela e no lugar colocou insanidade. Céus. Em um relacionamento com um sheik? Se casar em cima de um camelo? Não acredito nisso.”
“Sou uma M. L. Eu deveria estar em um relacionamento com alguém rico ou com status alto.” Khun Sam desvia o olhar rapidamente, não ligando para o fato de suas amigas rejeitarem a ideia, enquanto elas apenas balançam a cabeça em desacordo.
“Isso só poderia vir da Sam.”
“Mon, pense…” Khun Nueng corta a conversa quando percebe que minhas lágrimas estão caindo. Pela conversa, a Khun Sam não se lembra mesmo de mim. “Dê a Sam um tempo. Ela vai recuperar a memória. Enquanto isso, cuide da Sam de perto. O vínculo não desaparece facilmente como as memórias. Sam se lembrará o quanto antes.”
“O que cuidar envolve?”
“Te deixar limpa, te levar ao banheiro. Cuidar de você como uma namorada faria.” Tee responde à pergunta ingênua da sua amiga. “Fique com a Mon enquanto isso.”
“Mas como posso ficar com uma estranha…” Khun Sam diz. A voz dela muda, se sentindo culpada. “Não estou acostumada a isso.”
“Não sou estranha para você… Mesmo que não se lembre de nada destes últimos anos, se fizer um esforço, vai se lembrar… Sou filha da tia Pohn, a zeladora que você pediu para cuidar do Tigre. Se lembra?”
“Ahhh?” Khun Sam me examina de perto. “É isso. Não me admira você parecer familiar. Então você é filha da tia Pohn.”
“Então não sou mais estranha para você.”
“Mas…”
“Nada de ‘mas’, porque nenhuma de nós está livre para cuidar de você 24 horas por dia como a Mon, a pessoa que mais se preocupa e te ama neste mundo.”
Khun Sam não responde. Ela não disse sim ou não. Após um tempo, todas foram embora e agora estou sozinha com a Khun Sam. Há um estresse no ar. Como duas estranhas que precisam passar o tempo juntas em uma ilha deserta distante.
“Nós vamos mesmo nos casar?”
Ela quebra o silêncio e pergunta. Olho ela nos olhos e assinto concordando.
“Quem pediu em casamento?”
“Você me pediu.”
“E como será? Você vestindo um terno e eu um vestido de noiva cauda longa na igreja? Não parece certo.”
“Não chegamos neste ponto em nossos planos. Só prometemos uma à outra que iríamos nos casar. E você me deu este anel.” Mostro a ela meu anel. Khun Sam olha brevemente e assente.
“Eu tenho bom gosto.”
“Sim. Você sempre tem bom gosto.”
“Gosto de ouvir você falar.” Ela diz sem sorrir. É um elogio, bem no estilo sério da Sam. Me faz sorrir um pouco. “A partir de agora, preciso ficar com você?”
“Sim.” Respondo me sentindo um pouco estranha. “Não estou acostumada com você me chamando de ‘você’”.
“Costumo te chamar do quê? Vamos tentar de novo… a partir de agora, preciso ficar com você, vadia?”
“Err… isso não.”
“A partir de agora, esta vadia precisa ficar com você, idiota?”
“Isso é pior ainda!” Eu grito quando escuto aquilo. “Estas palavras não deveriam sair da sua boca. Você me chama de ‘bebê’.
“Sim. Como alguém como eu poderia dizer “vadia”…. então a partir de agora, preciso ficar com a bebê por um tempo. Agradeço antecipadamente por cuidar de mim.”
“Não precisa. Estou feliz por poder fazer isso.”
“Somos namoradas mesmo?”
“Sim.”
Khun Sam está curiosa. Ela fica quieta por um tempo e limpa a garganta.
“Estamos apenas conversando, nos conhecendo? Não fizemos nada…”
Sei imediatamente em que ela está pensando. A curiosidade faz parte da Khun Sam, especialmente para esse tipo de coisa. Apenas dou a ela um sorriso divertido enquanto me aproximo para puxar a coberta e ajustar a cama, sem dizer nada.
“Vamos dar um passo de cada vez.”
“Qual é desse sorrisinho? Por que não disse nada?”
Me curvo até que meu nariz quase toca o dela. Os olhos dela ficam arregalados em pânico por causa do meu movimento. Isso normalmente não acontece e ela é quem geralmente dá o primeiro passo. Mas desta vez é diferente.
“Vamos esperar até que você se lembre de tudo. Então poderemos conversar.”