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Tradução: Note | Revisão: Pandine
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Capítulo Quatro
Uma semana inteira depois, meu rosto ainda estava machucado e dolorido. Consegui passar pelas celebrações de quatro de julho no dia anterior. As manhãs eram impossíveis. Eu sentia falta do inverno, quando meu quarto não era bombardeado com uma luz cegante e em vez disso, era cumprimentada pela bem-vinda escuridão. Espremendo os últimos minutos de conforto do meu beliche, recusei-me a pular até o último momento possível.
Lauren estava ficando mais frustrada comigo deixando a cabine uma baderna. Havia regras obrigatórias de arrumação: nossas camas tinham de ser feitas, nossas coisas guardadas e nossa cabine arrumada. Minha rotina era desarrumar meu colchão, jogar meu edredom no chão, espalhar minhas roupas por todos os lados e empurrar móveis aleatórios fora do lugar. Era tudo parte do meu plano para escapar. Exceto que Vivian não reagia ou me reportava.
Isso não me deixava outra escolha a não ser fazer dos meus colegas de cabana, alvos para que eles reclamassem. Naquela manhã, eu demorei no banheiro, Lauren sussurrou irritada sobre como íamos perder pontos por nos atrasarmos para o café da manhã. Eu dobrei três pacotes de ketchup que roubei da cafeteria no dia anterior e os coloquei embaixo do assento da privada.
“Emma!” Lauren gritou. “A Abby ainda precisa escovar os dentes.”
“Acabei.” Saí do banheiro e sentei na cama de cima, só notando quando Abby correu para dentro da cabana com outra pessoa. Gwen estava perto de Lauren – perto demais para ser confortável – balançando para frente e para trás nos calcanhares. “Gwen, o que está fazendo aqui? Vocês duas estavam discutindo?” Perguntei.
“Não. Vim para ter certeza de que estava acordada,” Gwen me disse.
“Provavelmente seremos punidos dessa vez, por estarmos tão atrasados,” Lauren grunhiu.
“Você pode ir na frente sem a gente.”
“Não, se eu for embora, você vai destruir o lugar. Vamos receber avisos se fizerem uma inspeção.”
“Merda!” Abby gritou. “Minha nossa… Mas que diabos? Emma?!”
Lauren me empurrou, então subi de novo na minha cama enquanto ela ia para o banheiro. “Abby? O que foi isso? Isso é sangue?”
“Não! Espero que não. O que é isso no chão?”
“Um pacote de ketchup,” Lauren disse. “Já deu! Emma, já aturei demais suas merdas!”
“Emma, o que você fez?”
“Nada?” Menti. Quando Lauren entrou no cômodo, eu perguntei, “Vai me reportar?”
“Mas isso é o que você quer! Estou fora daqui. Vamos, Abby.”
“Isso é um não?” Perguntei à medida que elas saíam marchando do quarto. “Isso foi uma perda de tempo.”
Gwen deu um peteleco na minha orelha. “Pare de tentar ser expulsa do acampamento.”
Foi depois da sessão de artesanato que os Castores foram marcados para nossa atividade diária de conexão. A única informação que Vivian deu foi que ficaríamos perto do lago.
Nunca fui de comer antes das dez da manhã. Meu corpo considerava essa hora como uma em que deveria estar descansando e adormecida e não hora em que deveria estar consciente e consumindo comida. No café da manhã, estive levando escondida uma maçã no bolso do meu moletom e carregando lá até que estivesse bem e pronta para comer.
Jogando o moletom por cima da minha camiseta do acampamento e puxando colocando meu gorro, segui o resto dos Castores da cabana de artesanato e caminhamos para um belo dia. A luz do dia fez o hematoma na minha bochecha bem óbvio. O enfermeiro do acampamento, Manny, disse que ele não podia fazer nada pelo meu olho, não de verdade. Tinha que massagear em volta da área machucada, e depois de um dia ou dois, mudar de pacotes de gelo para uma toalha morna contra meu rosto. Apesar de fazer uma semana desde o terrível acidente de queimada, meu rosto não parecia muito melhor.
Escondi um bocejo atrás da minha mão enquanto viajávamos pela floresta para o lado. Meus ombros estavam encolhidos, não para manter o capuz sobre o meu rosto, mas em reação ao ambiente. O céu estava limpo, então era improvável que chovesse, mas minhas costas rígidas não aceitavam isso, muito menos meu cérebro zunindo. As árvores estavam iguais e esse era o único lembrete de que precisava ser confinada congelada no mesmo lugar, a dormência dos meus dedos contra a casca da árvore, minhas costas doendo por sentar por tempo demais naquele galho algo, pelo que pareciam horas com uma chuva parecida com projéteis caindo nos meus olhos.
Vivian esbarrou no meu ombro, interrompendo meus pensamentos levemente em pânico. “Anda mais rápido? Não quero ter que continuar a olhar por cima do ombro para ter certeza que não está morta.” Ela correu uma mão pelo seu cabelo e reclamou, “Pegue alguém e ande com ele. Eles podem garantir que não tropece em si mesma e se mate.”
“Mesmo quando não tento, posso ser um grande fardo.”
“O fato de que está virando seu rosto te entrega, tenho certeza que está com um sorriso ridículo estampado na sua cara.”
“Não está tão errada,” ofereci, lutando contra a necessidade de fazer isso. “Se vir o quanto eu te irrito, vou querer sorrir e, se eu sorrir, vai doer. Sua dor será a minha dor.”
Ela puxou minha manga. “Por mais interessante que esse fato seja, olhe para frente e chame alguém para te fazer companhia.”
“Eles vão querer conversar,” reclamei.
“E isso é terrível porquê…?”
“Não sou uma pessoa matinal.”
Ela me estudou por um momento. “Claramente.”
Não tentei pegar minha única amiga, Gwen, que estava andando feliz ao lado da Abby, conversando animada, apesar dos, não tão discretos, olhares que Lauren dava. Gwen era boa assim, criando uma bolha feliz que parecia impenetrável. Era bom ver Abby relaxar um pouco e era bom ver alguém que não fosse eu falar com a Gwen.
Desde nossa briga semana passada, Jessie ficou longe. Ela e Lauren andavam com as cabeças próximas. Mesmo quando eu visivelmente tinha dificuldade para me manter firme, Jessie não vinha até mim; ela não falava comigo ou me cumprimentava. Serviu para mostrar que palavras no papel são completamente insignificantes, que o cuidado e o tempo gasto escrevendo uma para a outra pelos últimos anos não significou nada. Ela era a única pessoa que sabia dos meus pensamentos mais profundos, minhas esperanças, sonhos, perigos, e ansiedades. Ela podia lidar comigo pelo papel, mas não pessoalmente, e isso foi um golpe inesperado e paralisante.
Quanto mais eu ficava para trás no grupo, mais Vivian diminuía o passo, dando instruções para a sua irmã sobre que curva fazer. Mesmo que bufasse de vez em quando, ela ficou para trás, obrigada pelos deveres de conselheira do acampamento de levar em segurança todos os campistas na direção certa. Por estar prestando atenção no comportamento irritadiço da Vivian e tentando não rir, um galho bateu no meu rosto. O ponto positivo é que foi do outro lado do meu rosto. O negativo? Vivan riu às minhas custas.
“Esse acampamento vai ser a minha ruína,” murmurei.
“Ainda está aqui, porquê…?” ela pressionou.
“Se quer tanto que eu vá, me reporte.”
“Eu condeno idiotices.”
“E como eu sou uma idiota, exatamente?”
“As pessoas que fazem declarações de planos e não os seguem é frustrante.” Ela jogou o cabelo fora do resto e o amarrou, os fios longos pareciam um incômodo. “Significa que você não é confiável. Indigna de confiança e uma perda de tempo.”
“Só faz uma semana. Me dê algum tempo, e talvez algum crédito.”
“Não”.
Gwen olhou para trás com o som da minha risada. Ela ofereceu um joinha convencido que fez sua irmã, por algum motivo, tropeçar. Vivian marchou adiante, me deixando para trás.
O membro mais novo da família Black dançou até o meu lado. Paramos e ela puxou o capuz do meu rosto para olhar de perto o meu machucado.
“O que a Lauren fez com você?” Gwen perguntou pela milésima vez desde que o acidente aconteceu.
“Parece que está insinuando que fiz alguma coisa para ela primeiro,” disse, fingindo estar ofendida, então admiti: “Posso ter jogado uma bandeja na cara dela.”
“Meu Deus, Emma!”
“Foi vingança! Ela derramou suco de maçã em cima de mim… sabe o quanto aquela coisa pode ser grudenta?” Murmurei. “Muito grudenta.”
“E por que ela fez isso?” Ela insistiu, entrelaçando o braço ao redor do meu. Não queria dizer a ela exatamente que a Lauren estava falando mal da família dela, então menti. “Não me lembro. Algo sobre dor e miséria.”
Ela seguiu o caminho pelo qual todo mundo já havia passado, até que chegamos a uma clareira protegida por uma massa de ramos, folhas e galhos quebrados no chão. Gwen saltou sobre um amontoado de galhos tão rápido quanto um macaco e me ajudou a cambalear por eles. Ela pegou meu antebraço e, de algum modo, foi capaz de me manter em pé quando tropecei.
O que eu vi em seguida foi lindo e isso vindo de alguém que não aprecia coisas como terra e água. Esse lado do lago tinha flores silvestres cercando as margens da água cristalina. A água era tão translúcida que as menores das pedras eram visíveis, e o jeito que permaneciam completamente imóveis libertou minha mente de seu contínuo turbilhão de pensamentos problemáticos.
Dez canoas de tronco marrons estavam alinhadas abaixo da plataforma de madeira na beira do lago, para que pudessem ser facilmente deslizadas para dentro da água. Um remo preso de cada lado dos troncos e um colete salva-vidas laranja de cada lado dos remos. O estranho sobre os remos é que havia almofadas vermelhas amarradas nas extremidades. Eles claramente haviam sido arrumados antes de chegarmos aqui, o que era um pequeno sinal de misericórdia não termos que pegar as canoas de tronco nós mesmos. Mais adentro, perto da linha de árvores, estava uma cabana de dois cômodos para nos trocarmos e um banheiro portátil vermelho à esquerda.
“Parece que esse moletom vai ter que sair,” Gwen cantarolou, animada.
“Cara, eu estou machucada. Não vou participar dessa atividade.”
“A água é inofensiva, seu par de calças rabugento e dramático,” Gwen disse.
“Prevenir futuras lesões não é ser dramática ou rabugenta.” Além do mais, uma pequena figura acenava.
“Acho que vou ter que fazer um placar para o quanto você e a Vivian são dramáticas,” ela sussurrou para si. “Seu primeiro dia aqui e você se deu uma joelhada no rosto.”
“O que foi uma resposta ao levar uma pancada na parte de trás da minha cabeça.”
“Você já fez inimigos,” ela me disse.
“É o que a sua irmã disse.” Olhei para ela, suspeitando da inclinada brincalhona da sua cabeça. “Ela super está reclamando de mim, não está? Ela é a minha arqui-inimiga nesse acampamento?”
“O que prova ainda mais meu ponto,” ela cantarolou.
“Caramba, uma arqui-inimiga. Isso vai ser difícil de manter.”
Gwen deslizou para o grupo que cercava a Vivian enquanto eu sentava nos pedregulhos. Os Castores estavam parados como pedras, com medo do que sairia da boca da Vivian. Não havíamos passado muito tempo no lago como Castores — irônico, considerando nosso nome.
Estudando as irmãs, você veria apenas uma característica física em comum — seus olhos castanhos. Os da Gwen eram doces e gentis, como a surpresa que se tem quando caramelo derramava do chocolate. Os de Vivian eram diferentes, um tom mais escuro que o caramelo.
“Emma,” Vivian chamou, pegando meu olhar. “Você fica aí.”
“Senhor, sim, senhor,” disse, batendo continência.
“Quis dizer, você não vai entrar na água.” Vivian se dirigiu ao grupo: “Precisamos espairecer o ar, já que tem uma antipatia óbvia entre nós. É perfeitamente normal vocês terem seus sentimentos. Nem todo mundo se dá bem. É da natureza humana. Agir nessa agressão significa que vocês não têm controle dos impulsos. Hoje, vocês irão derrubar seu oponente para fora do tronco, para dentro da água. Essa é a única chance de vocês agirem como animais. Desfrutem disso, pois não terão uma oportunidade dessa toda vez que não se derem bem.”
Lauren reclamou. “E se seu oponente não está participando?”
“Que jeito de ser sutil,” murmurei.
“Então você me ajuda a demonstrar,” Vivian disse.
Vivian e Lauren entraram na cabana, onde os armários destinados aos nossos equipamentos de natação estavam, e se trocaram para as roupas de banho, se equipando para o evento. Depois que saíram e começaram a colocar os coletes salva-vidas, as bochechas de Lauren ficaram vermelhas quando suas mãos trêmulas não conseguiam colocá-lo, forçando Vivian a ajudá-la a arrumar.
Joguei meu capuz sobre a cabeça de novo à medida que Mike se arrastou silenciosamente para a pedra.
“Sinto muito sobre o que aconteceu na semana passada.” Ele coçou a nuca. “Você me ofereceu outra chance de jogar queimada. Eu me machuquei. Você se machucou, de novo. Não podia ter sido pior.”
“Uma bagunça gigantesca,” concordei. “Mas não entendi o porquê você está se desculpando, Mike.”
“Você não merecia se machucar,” ele explicou. “E não sei se você se lembra, mas alguns anos atrás…”
Eu te deixei presa naquela árvore?
“Eu me lembro.” Disse.
“Sinto muito sobre aquilo também.”
“Eu aprecio isso, Mike.”
Vivian e Lauren viraram o tronco no final da plataforma e deslizaram para a água. Quando estavam dentro, elas ficaram de pé dentro do barco estreito, testando o balanço dos remos em suas mãos. Os troncos eram pesados, então os ocupantes poderiam se mover como quisessem para derrubar a outra pessoa na água.
Mike e eu estávamos longe demais para ouvir o que a Vivian estava dizendo, então saímos da pedra e fomos ficar ao lado do restante dos Castores. Não queria perder nada. Lauren visivelmente se encolhia com cada palavra da Vivian.
“A Lauren deve querer morrer,” Mike murmurou.
“Tenho certeza que ela quer puxar o saco dela. Sabe, para a vaga de conselheira no próximo verão, ou sei lá o que.”
“Mas ela foi rejeitada pela Vivian ano passado. Houve várias crises de choro… o rumor foi que, no verão passado, a Vivian surtou depois que a Lauren a chamou para sair pela milésima vez e destruiu uma cabana. Acho que, na verdade, foi a sua cabana. Está na número treze, não é?”
Com um golpe enorme no ombro, Lauren voou do tronco por pelo menos três metros, grunhindo do jeito mais ridículo — até que a sua cabeça ficou sob a água por um momento.
“Eu não estava pronta,” ela gritou, enxugando os olhos e cuspindo água pela boca.
“Você bateu quando sabia que eu estava piscando!”
“Tudo bem. Digamos que aceito essa desculpa.” Vivan estendeu a mão para pegar a de Lauren. Antes de puxá-la, ela deu um sorriso feroz. “Gostaria de mais uma rodada?”
Lauren balbuciou. Vivian disse, “Vou tomar isso como um não.”
Agora que a demonstração tinha acabado, o resto dos Castores fizeram pares e foram para seus próprios troncos. Já que eu não estava participando do exercício, havia um número par de campistas. Fiquei alguns passos distante da plataforma até ter certeza de que a Gwen não tinha feito dupla com a Lauren, e quando a Gwen subiu no mesmo tronco que o Mike, voltei para a pedra, para assistir aquela violência à distância, enquanto comia minha maçã. Vivian sentou na beira da plataforma, pernas dentro da água, observando os campistas como uma águia.
Vendo que ela fez da sua missão bloquear meu caminho para fora do acampamento, tinha somente uma opção, que era expor meu celular para alguém no comando que não fosse ela. Como se lesse meus pensamentos, Vivian olhou para mim sobre o ombro a tempo de me ver morder um pedaço da minha maçã contrabandeada. Eu pisquei e mastiguei feliz, já que ela já havia provado que não faria nada sobre isso.
“Você já sentou por tempo demais,” Vivian disse. “Levanta, roupa de banho — você vai entrar na água.”
Era uma das coisas mais apertadas que eu já havia colocado. A estranheza do tecido do maiô era uma punição criativa. A única coisa boa era que tínhamos nossos próprios armários dentro da cabana, então não teríamos que usá-los o dia todo debaixo das nossas camisetas e shorts do acampamento.
Eu cambaleei desconfortavelmente na direção de onde Vivian estava na plataforma. Sem uma palavra sequer, ela jogou o colete salva-vidas nos meus braços, e quando estava sobre a minha cabeça, ela me girou e apertou as amarras com um baque brusco. Quando viramos o tronco e deslizamos para a água, foi quando me dei conta de que iríamos ativamente bater uma na outra. Meus músculos mal seguravam os meus braços, quem dirá os remos.
Vivian subiu no tronco com facilidade. Ela se virou e me ofereceu sua mão — um gesto de Cavalo de Tróia? Me atraindo para um falso senso de segurança antes de me acertar com toda sua força? Peguei sua mão, me maravilhando com o desenho branco de luas crescentes nas suas unhas pintadas de preto e entrei no tronco. Se a Vivian não tivesse agarrado meu braço e me mantido firme, o balanço teria nos jogado para fora. Senti falta do calor e da suavidade da mão dela quando me soltou e me passou um remo.
Segurei o remo com força e me preparei para uma surra. Vivian, do nada, casualmente se sentou e desamarrou a almofada do remo. “Você não achou que te colocaria aqui e propositalmente machucaria um campista, não é?
“Graças a Deus.”
“Só porque está machucada, não quer dizer que não possa pelo menos flutuar um pouco no lago.”
“Isso é… atencioso da sua parte.”
“Você se sente diferente aqui fora?” Ela perguntou. “É a primeira vez, desde que veio para o acampamento, que não parece querer socar tudo pela frente. Parece relaxada. Mais calma. Seus ombros não estão curvados. Não tem aquela carranca irritante no seu rosto. Está sorrindo. Não me diga que agora gosta do acampamento?”
Meus companheiros Castores estavam caindo uns sobre os outros no lago e isso era minimamente divertido.
“Ainda quero ir embora? É claro.”
“Mas…?”
“Mas… não é tão ruim estar aqui fora no lago.” Meu corpo não estava rígido pela tensão e meus músculos não tinham espasmos de antecipação pelas ameaças. Dos olhos castanhos da Vivian para o lago limpo, não havia vestígios de vegetação. Ela enxergou meu porto seguro antes mesmo de mim. Se o acampamento fosse assim o tempo todo, não teria me importado nem um pouco em ficar. “Podemos descer para o rio bastante?”
Vivian arrastou seu remo pela água e então rapidamente o virou, jogando água no meu rosto. “Acho que podemos, no futuro.”
Nós relaxamos no barco, flutuando para a parte VIP do lago, com a melhor vista. Havia uma doçura nela, por baixo de todo aquele antagonismo e palavras rebuscadas que usava. No final do dia, ela não era muito mais velha do que nós, um ou dois anos no máximo, mas ela se portava como uma verdadeira adulta que sabia o que estava fazendo.
Mesmo assim, eu precisava mostrar aquele celular para alguma autoridade que não fosse ela para me fazer ser expulsa desse acampamento.