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Tradução: Note | Revisão: Pandine

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Capítulo Dois

 

Os limites de York ficam perto do mar, mas o Acampamento Maplewood era muito no interior do território para se sentir o frescor do ar salgado. O estranho cheiro de terra e floresta não podiam lavar o gosto amargo da minha boca. O acampamento todo estava preso dentro de uma fileira circular de árvores, nenhuma se destacava ou parecia diferente da outra. A extensão das árvores e verde em geral com que consigo lidar estava ao lado da casa da minha mãe – seu pequeno jardim e arbustos. É para isso que tinha me preparado mentalmente: espaços abertos e praias, não um ataque verdejante.

Desde que consegui lidar, com sucesso, minha depressão juntamente ao meu pai, não estava tão presa por ela. Já fazia algo em torno de um ano desde que senti esse mal estar, e no momento em que me entregaram as roupas que não estavam na minha mochila, o momento em que percebi que ficaria presa aqui contra minha vontade, as nuvens pretas emergiram, e isso é um saco. A gritaria, os berros, os ríspidos sussurros entre meus pais de noite, todos rastejam de volta para minha cabeça.

Agora cercada de pelo menos outros quinze adolescentes, estava presa no acampamento do mesmo modo que fiquei presa naquele lar infeliz.

Fomos reunidos igual porcos indo para o abate, impotentes em impedir a inevitável estadia pelo verão. Mesmo que minha mãe tenha me deixado no acampamento uma hora atrás, uma certa quantia de raiva ainda corria pelas minhas veias. Várias crianças esquisitas estavam por perto, segurando seus meios e cruzando os braços, mas havia alguns com eu – aqueles que estavam em alerta, desesperados para estarem em qualquer outro lugar – batendo no ar, esperando parar o zumbido dos mosquitos. Não podia ser só eu, tinha que ter outros.

O Sr. Black escolheu quem iria para qual cabana. Ele colocou os campistas em diferentes categorias com um grupo de pessoas com quem estariam unidos pelo resto do verão – condições familiares forçadas que resultaram em algumas pessoas fazendo os melhores amigos que poderiam encontrar, e pessoas como eu, me sentindo solitária e alienada por oito semanas. Mesmo que tivesse a escolha de com quem ficaria, não é como se fosse próxima de alguém aqui.

Enquanto esperava ser chamada, passei pelo quadro de avisos para me introduzir novamente ao layout do acampamento. Faz anos desde que estive aqui. No mapa do território do acampamento, estávamos perto da entrada, onde o edifício principal ficava à esquerda, o escritório do Sr. Black, a enfermaria e a cantina ficavam dentro. Mais longe estava o edifício de artesanato, o hall recreativo e finalmente as seis cabanas de conselheiros. À direita estavam as cabines dos campistas. Mais distante à direita ficava a quadra que poderia ser usada para atividades tipo vôlei e exercícios em geral e, ao lado, uma parede de escalada. Tinha um caminho no centro do acampamento que levava para um lago gigante. Como a maioria das coisas nesse acampamento, bloqueei o layout da minha cabeça, e como resultado, a única familiaridade era a sensação pesada nas minhas pernas.

Descansando apoiada no quadro de boletins, antes de me distrair, faço contato visual com alguém familiar. Jessie. Ela empurrou campistas que bloqueavam seu caminho e veio se apoiar no quadro comigo. Seu rosto perdeu as bochechas rechonchudas e suas sardas haviam se multiplicado, cobrindo não somente suas bochechas, mas todo o seu rosto. Seu cabelo estava mais escuro agora, pintado em uma cor castanha.

“Emma!” Jessie me abraçou brevemente. “Estou tão feliz em te ver, mas que diabos está fazendo nesse acampamento? Sei que volta para York nos verões, mas nunca para o acampamento. Nunca mais? Não desde o primeiro ano que veio aqui.”

“Resumindo – minha mãe me disse que estávamos indo a um cruzeiro. Ela fugiu com um cara chamado Ethan, planejou uma lua de mel e falhou em mencionar, até uma hora atrás, que eu ficaria aqui ao invés de me juntar a eles. Então… é bom te ver também, Jessie.”

“Você sabe que está no acampamento, né? Um acampamento de verão?”

“Estou ciente até demais,” respondi, reprimindo um arrepio, já que as cabanas atrás do quadro, mesmo que acolhedoras e fofas de um jeito, estavam posicionadas bem ao lado da floresta. A casca dos troncos deveria atuar como uma camada protetora para as árvores, mas seu toque era rude, escamoso, e nojento. Então havia galhos, com suas pontas afiadas, cobertas de folhas, fingindo ser seguros e belos. Não, aquelas árvores não podiam me enganar com um senso de segurança. “Estou tentando não pensar nisso.”

“Estou feliz que está aqui, agora não preciso mandar uma carta sobre tudo que acontecer.” Jessie disse.

“Era um pouco esmagador receber um verão todo em cartas,” admiti.

“Tenho as suas comigo. Todas elas.” Jessie deslizou sua mochila para frente da sua barriga e abriu. “Fica entediante de noite, então as trago comigo todo verão.”

“Estou levemente lisonjeada?”

“Deveria estar”.

Nunca li nada que ela me mandou mais de uma vez, não porque o que ela me escrevia não me interessava – o contrário, é claro que me interessava, eu me importava com a vida dela. As cartas eram mais pessoais que trocas de mensagem, até mais pessoais que ligações de telefone, mas não sentia a necessidade de reviver o passado. Queria seguir em frente com a minha vida. Minha amiga estava na minha frente, em carne e osso e eu não tinha nada para dizer. Essa é uma ótima coisa sobre escrever cartas – não tinha pressão em dizer alguma coisa na hora.

Jessie não tinha a mesma ansiedade e perguntou, “Quando foi a última vez que veio para cá mesmo? Tinha uns doze, certo? Se ao menos eles tivessem delimitado um limite de idade naquela época, hein? Quem diria que pessoas de quinze a dezoito anos gostam de acampar? E ainda é real? Seu medo de acampar?”

“Se tivesse me perguntado ontem, teria dito que não, talvez não muito, mas agora que estou aqui…”

“Pelo menos tem as cabanas para se esconder.”

“Cabines ao lado das florestas. Florestas que contém uma variedade de criaturas assustadoras, Jess. E árvores. Árvores são realmente o pior.”

“E você nunca me disse o que realmente aconteceu. Está na hora de abrir o bico, o suspense está me matando,” Jessie disse. “Sua mãe sabe, certo, e ainda te deixou aqui?”

“Isso a descreve. Ela ou não liga ou não acredita em mim.” Chuto um graveto. “Eu subi numa árvore e fiquei presa lá pela noite. Idiota, eu sei. Não foi um evento super ruim e traumático, mas a floresta é algo que prefiro evitar, sabe?”

“Talvez se você focar nos pontos positivos ao invés dos negativos, esse verão não será tão ruim quanto acha que será. Projete o que quer que aconteça! O que você gosta daqui?”

Eu observei a área enquanto pensava sobre como explicar o quanto esse lugar sério e crescente desprezo no meu sistema.

Desde que o Sr. Black e sua esposa se mudaram para a cidade e montaram o acampamento Maplewood, quando tinha dez anos, as crianças e os pais da minha antiga escola não pararam mais de falar sobre isso. Meus antigos colegas de classe comemoravam seu tempo no acampamento durante o verão, e mal podiam esperar para voltar no ano seguinte. Minha mãe sempre quis que eu voltasse, esperando que socializasse e tomasse um pouco de sol. Depois do primeiro ano que fui, não era mais permitida ir, porque aumentaram as idades permitidas para entre quinze e dezoito anos. Quando finalmente tinha idade, eu e meu pai nos mudamos para Boston.

“Tipo? Essa é uma pergunta difícil. Mas detestar? As pessoas, com certeza,” ofereci. “E para piorar a situação, eles pegaram meu celular.”

“Pegaram o celular de todo mundo,” ela disse. “É para que a gente não se distraia de conversar pessoalmente uns com os outros, ou algo do tipo. O Sr. Black disse muitas vezes ano passado. Faz sentido.”

“Estou começando a entender o porquê você traz minhas cartas.”

“Preciso de alguma coisa para me fazer dormir,” ela provocou.

O Sr. Black era um modelo de pai de meia idade. Ele tinha cabelo até o colarinho e tinha um pouco mais de um metro e oitenta, com uma silhueta média torneada. Ele folheou seu quadro e começou a chamar os nomes. À medida que chamava nossos nomes, ele nos deu um moletom e cinco uniformes do acampamento, que incluíam camisetas laranja, com bolsinhos fofos no peito direito e shorts pretos.

“Emma Lane, Abby Thompson, Lauren Peterson, Gwen Black, Jessie Anderson, Kendra Marshal, Mike Hanley, Manson Erikson, e Bennie Crowley, estão nas cabines treze, catorze e quinze, e um conselheiro será designado para suas atividades como grupo, conhecido por Castores.”

“Castores?” Minha zombaria foi alta demais.

“Dá para deixar para lá? Não é tão ruim quanto parece,” Jessie sussurrou.

“Não somos nem ursos ferozes que mordem ou águas-vivas que queimam. O que os castores fazem? Batem na água com as caudas e mastigam madeira? Aaaah, estou morta de medo.”

Me ouvindo falar, o Sr. Black disse: “Receio que esses nomes já tenham dono. Pode achar a lista completa de grupos no boletim mais tarde, se quiser checar quem está disposto a transferir. Mas mantenha em mente, os castores são os segundos maiores roedores do mundo. Eles se adaptam a novos ambientes e rapidamente defendem seu território bem agressivamente. Você é uma bela predadora.”

“Emma,” Jessie disse, “estamos no topo da cadeia alimentar dos roedores. Isso é algo feroz.”

“Só superados pela capivara,” disse o Sr. Black.

“Não vou nem perguntar o que é isso, mas posso garantir, uma investigação está em curso,” disse.

“Vou separar um tempo para discutir a criatura com você,” O Sr. Black prometeu, entregando as chaves da nossa cabine para Jessie. “Vocês podem ir para suas cabines e se acomodarem. A assembleia de introdução começa em meia hora, no edifício de recreação. E o almoço é mais tarde hoje, duas da tarde – começando amanhã, será ao meio dia. Vocês receberão um cronograma oficial quando for designado um conselheiro depois do almoço. Não terão a sorte de receberem minha esposa, Julie – ela é uma das cozinheiras do acampamento. Outros dois favoritos meus são meus filhos, Walter e Vivian.” Ele disse em um grito sussurrado, “Mas não digam aos outros conselheiros.” em um tom normal ele continuou, “Todas as informações que precisam para ter um verão de sucesso está no seu pacote de registro.”

Jessie me arrastou para me juntar ao seu grupo e saímos para o edifício principal para pegarmos nossas bagagens antes de irmos às nossas cabanas designadas para nos acomodarmos.

Eu propositalmente arrastei meus pés. “Calma aí.”

“Uma das cabines supostamente tem um buraco enorme no chão,” ela rosnou, puxando mais. “Não queremos essa. Especialmente com seus medos de criaturas e mais, não quer acabar em uma que eles realmente conseguem entrar.”

“Não acho que sou a única com essa preocupação em particular. Eles fazem inspeções? Costumavam fazer.”

“Os conselheiros fazem inspeções aleatórias pelo menos uma vez por semana.”

“Talvez o buraco já tenha sido preenchido?”

“Ainda sim, é um risco que não estou disposta a correr.”

Depois de pegar minha mochila no corredor do prédio principal, me dispersei durante a minha caminhada para nossas cabines e minhas colegas de quarto estavam decididas por mim. Jessie tinha me puxado para um pequeno grupo de outras garotas: uma pequena e graciosa com cabelo preto espetado e outra, que ria animada. Seus nomes eram Kendra e Gwen, eu chutei, mas não sei quem era quem.

Agora com as garotas na minha própria cabana, seus rostos pareciam familiares, mas eu tinha bloqueado demais. A garota mais alta, Abby, era mais quieta e Lauren era alguém que estava no topo da cadeia alimentar. Bem, tanto quanto uma versão dela de quinze anos poderia estar.

Ficando de lado, chequei debaixo de cada uma das camas, seus olhares batendo nas minhas costas – sem buracos. Claramente o acampamento estava com a melhor das manutenções.

Não vai ficar com a cama normal?” Abby perguntou, pegando a cama de baixo enquanto colocava minha mochila na cama de cima da beliche.

“Não, a não ser que queira tremer até a morte,” disse.

“Ficar mais perto do chão é mais quente,” ela disse.

“Não, o calor sobe. E mais, bichos rastejantes têm mais probabilidade de atacar você do que eu, aqui em cima.”

E mais, a cama normal estava debaixo de uma janela, com uma clara visão da floresta. De noite a luz da cabine poderia atrair mariposas e de repente pude ouvir o bater de asas e elas se debatendo contra a janela vividamente, querendo a oportunidade de entrar e voar com as minhas roupas. Da cama de cima, eu poderia escolher olhar para baixo para ter essa visão horrorosa, ou não. Me troquei para uma das nossas camisetas laranjas do acampamento e deslizei um par de shorts.

Lauren foi em direção a cama normal e grunhiu. Ombros rígidos, estava preparada para lutar pela cama de cima – afinal, se fosse uma estadia de cerca de dois meses, tinha plena certeza de que seria uma confortável. Ao invés disso, ela subiu na cama, jogando sua bagagem nos pés da cama.

“Espera… você veio para o acampamento antes, certo? Dividiu uma cabana com a Jessie?” ela disse enquanto estava prestes a tentar escapar da cabana mofada.

“Lauren, certo?” Falando seu nome em voz alta? Alguma coisa não parecia certa.

“Você se lembra do meu nome?”

“Acabei de falar, não é?”

Lauren ficou parada, como se estivesse pensando profundamente, “Jessie provavelmente fala muito de mim.” Ela gesticulou em direção a outra garota, sentando em silêncio na cama. “E essa é a Abby, caso tenha esquecido.”

“Bom te ver de novo, Emma,” Abby disse.

“Você também,” eu disse. “Agora que as apresentações acabaram, vejo vocês mais tarde…”

Lauren me chamou, “Tem uma assembleia…”

Não podia me importar menos sobre a assembleia. Estava em uma missão.

Quando você é criança, você lembra de lugares – prédios, estruturas – elas parecem enormes, mas quando volta para elas, elas têm tamanho normal. O oposto era verdade no Acampamento Maplewood. A floresta se esparrama por todos os cantos, enorme, iminente e ameaçadora. Além das residências dos campistas, haviam as cabanas dos conselheiros, os sortudos que não eram forçados a compartilhar. O edifício de artesanato era uma estufa com mesas e prateleiras abarrotadas de suprimentos, pelo que me lembro. A curiosidade me levou a bisbilhotar dentro. Não era mais tão nova, isso é certo. Os pincéis estavam colocados em potes, os projetos dos campistas pendurados nas paredes, e eles tinham até um mural no chão de marcas de mão. Os Blacks tinham adicionado um jardim a poucos metros de mim, adicionando vegetais vermelhos, amarelos e roxos na paisagem imutável das árvores verdes e marrom.

Minha fiscalização tinha uma missão – o barracão ao lado da cabana de artesanato, para onde os conselheiros levaram as caixas plásticas cheias de tecnologia. Ser forçada a dormir em um lugar estranho por quase dois meses é uma coisa, mas pegar meu celular era outra completamente diferente, mesmo que eu não tivesse ninguém com quem falar fora do acampamento que não fosse meu pai, era uma questão de princípio.

Em plena luz do dia, é o momento em que menos esperavam que alguém tentaria invadir o barracão trancado. Meus passos eram largos, mas ainda casuais para não chamar atenção. Pego um grampo do meu cabelo e começo a trabalhar na fechadura, cuidadosamente olhando ao redor de vez em quando.

Uma leve brisa passava uma onda fria na minha pele quente. Até o momento o dia foi calmo, o clima traindo minhas emoções. Assim que a porta destrancou, o barracão ofereceu uma atmosfera completamente diferente da do lado de fora – primeiro, não tinha janelas, o espaço empoeirado e arrepiante parecia uma prisão. Meu pé fez a porta abrir um pouco, revelando um cheiro surpreendentemente fresco de rosas que fez meus sentidos enlouquecerem, a base do meu pescoço queimando. Me movendo para o lado, meus instintos gritavam que provavelmente não era uma boa ideia, já que pude sentir imediatamente um par de olhos em mim.

“Talvez devesse ter esperado até estar escuro para essa invasão super-hiper-surpreendente,” uma voz aveludada disse. “Acontece todos os anos. Não vai se virar?”

“Com as minhas mãos onde pode ver?” disse.

“Não. Mudei de ideia. Vai em frente, pegue seu celular. Estou curiosa sobre o que é tão importante que arriscaria ser expulsa do acampamento.”

Meus olhos finalmente se ajustaram ao escuro. “Posso ser expulsa?”

“A ideia parece tentadora para você?” Ela disse.

“Andei mais adentro do barracão, meus dedos passando pelas caixas na minha procura. “Você deveria chamar seu superior. Escrever um relatório detalhado. Vou pegar minhas malas enquanto faz isso.”

“Não,” ela respondeu seca. “Não acho que vá.”

Eu abri a caixa etiquetada com L. Tinham muitos celulares iguais ao meu, significando que teria que olhar um por um para ver que tela de bloqueio correspondia.

A garota ficou do lado de dentro, perto da porta. Estava escuro demais para realmente vê-la. Sua linguagem corporal estava relaxada. Ela estava em completo controle da situação, e por algum motivo desconhecido a mim, era irritante.

“Se puder perguntar, por que diabos não está me reportando?” Questionei.

Ouvi uma leve risada. “Porque você quer que eu o faça.”

“Isso é…”

“Contraditório?”

“Maldade. Você soa jovem o suficente,” eu observei, evitando quebrar uns celulares. “Jovem o suficiente para ser uma campista. Poderia estar aqui para pegar seu celular também.”

“Ou estou fazendo meu trabalho.”

“E que trabalho é esse?” Achei meu celular e o segurei no meu rosto. “Conselheira do acampamento, é? Um pouco jovem demais para ser gerente.”

Eu liguei a lanterna do celular em direção a ela, mas ela estava de costas, parada olhando para a porta com a mão no batente. “Imagino se consegue abrir fechaduras tão bem no escuro.”

“Não é algo que eu queira descobrir.”

“Talvez você não. Mas eu sim.”

A porta bateu, fechou e se trancou. Seus passos farfalhando contra os galhos foram diminuindo à medida que se afastava do barracão. Essa garota misteriosa claramente gostava de atormentar os campistas. Tentei usar a lanterna do meu celular, segurá-la em direção a porta ao mesmo tempo que tentava destrancá-la, mas a missão foi em vão, já que minhas mãos eram desastradas demais e continuava derrubando  meu celular ou o grampo.

Deslizei para baixo a superfície lisa da porta até que aterrissei no chão. Até lá, todos os sons de movimentos sumiram, o que significava que estava presa no barracão. Nossa interação me deixou bamba; meu corpo mais quente que o normal, mais trêmulo e desajeitado.

Cinco anos antes

Era a última noite antes do final do acampamento. Estava descansando na minha cama, respirando o ar quente e escutando o canto dos grupos. Foi a primeira vez que fizeram uma aparição audível durante todo o verão. Eles eram insetos pequenos e legais, capazes de pular um metro adiante, e quando cantavam era quase certeza de que tinha chuva no horizonte. Uma crença supersticiosa – O Sr. Black havia contato fatos sobre grilos uma vez.

Por mais divertido que o verão tenha sido, sentia falta dos meus pais. Parecia que todos os outros estavam felizes também, adormecidos em suas camas, mas o som de uma batida veio na porta, interrompendo minha paz. A próxima batida veio mais alta e mais insistente, e assim, relutantemente, levantei para atender. Lauren estava parada do outro lado da porta, balançando para frente e para trás com os pés.

“Oi,” Lauren sussurrou. “A Jessie está nessa cabana?”

“Ela está dormindo.”

“Acha que ela vai ficar brava se eu a acordar?” Ela perguntou.

“Provavelmente. Mas não vou te parar.”

Lauren a cutucou e chacoalhou, mas era impossível acordar Jessie. Tinha tentado inúmeras vezes ao longo do verão, e tudo que consegui em resposta foram os roncos altos da Jessie e um balançar ocasional das mãos. Ela desistiu, mas antes de sair da cabana, ela disse, “É Emma, certo? Várias pessoas estão curtindo, já que é nossa última noite aqui. Quer vir?”

“Deixa eu pegar minha jaqueta.”

“Ainda está quente aqui fora,” Lauren disse.

“Daora. Vamos lá, então.”

Ela estava certa. Mesmo que o sol já tivesse se posto, minha pele parecia que tinha uma vaga camada extra de proteção de calor, como um casaco de lã. Cada respiração era refrescante e pura, fluindo livremente para dentro e fora dos meus pulmões. Parecia que, por ‘várias pessoas’, ela quis dizer ela mesma e um cara chamado Mike. Foi fácil sair, já que as cabanas dos conselheiros eram do outro lado do acampamento. Poderíamos fazer qualquer coisa e ir para qualquer lugar, mas andamos ao longo dos limites do acampamento.

Meus dedos traçaram as folhas lisas e lustrosas das árvores próximas, beliscando e despedaçando-as. Nenhuma criança gritava, corria ou ria; era como se o acampamento não tivesse ninguém. Lauren e Mike andaram na frente por alguns passos. A tarde era meu momento preferido do dia, já que não havia estruturas ou pressão para não fazer nada que não fosse ser você mesmo.

“Queria ficar aqui por mais tempo,” Lauren disse, diminuindo o passo para que eu pudesse andar ao lado deles.

“Eu também,” Mike concordou.

“Verões são para passar com a família. Vocês se veem todos os dias na escola,” observei.

“Por que se mudou para Boston mesmo?” Lauren perguntou.

“Meu pai disse que era porque queriam um novo começo…” Meus pais mentiram. As brigas deles não pararam quando nos mudamos para Boston. Já faz seis anos que estão à beira do divórcio. “Não acho que vamos morar juntos por muito mais tempo. Quero passar quanto tempo for possível com eles, antes…”

“Que se divorciem?” Lauren disse.

“É.”

“Quero ser conselheira do acampamento quando for mais velha,” Lauren disse. “É o melhor trabalho no mundo. Meu pai disse que é um ótimo jeito de construir caráter, ou algo do tipo, mas não me importo com isso. Eu amo estar longe deles.”

Algo à distância no canto do meu olho se mexeu. Ou estava imaginando coisas? Se fôssemos pegos fora da cama a uma hora dessas, estaríamos em problemas. Eles contariam para os nossos pais e, quando chegasse em casa, ficaria de castigo, arruinando os poucos dias com os meus pais antes da escola. Segurando minha respiração, fiquei parada. Lauren agarrou ambos nossos pulsos e nos arrastou para a floresta para nos escondermos atrás da primeira linha de árvores. Algo fez um baque na trilha, a pedra desmoronando sobre passos rápidos.

Sem palavra alguma, Mike levantou um dedo e apontou para cima. Escalamos o esqueleto das árvores. Quando paramos, não havia nada além do farfalhar das folhas. As árvores permaneceram estranhamente paradas no ar do verão. Por entre minhas respirações rápidas e rasas, havia um cheiro agudo de terra. Tentando aprofundar minha respiração, me concentrei no chão, onde a terra ao redor da árvore estava cheia de raízes e tentei ignorar a parte em que o galho cortou através da minha camiseta de algodão.

Fui dominada pela tontura e, quando fechei os olhos, meus pensamentos giravam em círculos. Nunca tinha escalado tão alto assim na minha vida. Meus joelhos e mãos precisavam relar na terra, mas meus membros trêmulos não deixavam isso acontecer. Sobre o som do palpitar do meu coração, não pude ouvir o que a Lauren ou o Mike disseram para mim. Quando consegui olhar para eles, eles estavam descendo das árvores. Nenhuma palavra de socorro saiu da minha boca e eles não ofereceram.

Quando eu finalmente ousei tentar descer sozinha, me estiquei para pegar um galho acima de mim, para me manter firme, e então vi um ninho de vespas. Se eu me mexesse, elas acordariam e me picariam até a morte. Sou mortalmente alérgica.

Lauren e Mike me deixaram sofrendo por horas naquela árvore e, sem nenhuma surpresa, começou a chover.

O canto dos grilos garantiram, afinal.

Eu me assustei, acordando ofegante daquela memória/pesadelo. A resposta normal do meu corpo para o estresse era cochilar, mas agora eu tinha que trabalhar para sair do barracão, trabalhar no escuro, já que meu celular estava com dez por cento de bateria. Eu o enfiei no meu sutiã, já que o uniforme do acampamento não tinha bolsos.

“Isso, é por isso que eu odeio acampar.”

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