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Tradução: Note | Revisão: Bibi
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Capítulo Dezenove
No último mês, provavelmente me senti mais despreocupada do que na minha vida toda. Um milagre, considerando que estava no acampamento e tudo mais. Na escola, eu sentava em uma biblioteca e passava meu tempo lendo. E por mais divertido que fosse, imergir na aventura de um personagem por algumas horas do dia não era algo em que eu encontrava completa e absoluta alegria. Graças a ajuda de Julie, descobri que tinha uma paixão, e essa paixão era cozinhar.
Quando a Julie decidiu tirar a tarde de folga, que era a hora de preparar a comida para a festa da fogueira para toda Maplewood, minha primeira reação não foi pânico, foi hesitação. Entretanto, isso não me colocou imediatamente em um turbilhão de questionamentos negativos sobre minhas próprias capacidades. Ela prometeu que estaria ao meu lado quando fôssemos servir a comida. Um arrepio nervoso tomou conta do meu corpo. A ideia de passar horas em uma cozinha ao longo da última semana provavelmente estava me salvando. Sem isso para aguardar ansiosamente, eu teria quebrado sob o conhecimento de que era a minha última semana. Julie me deu permissão para faltar na atividade física daquela tarde.
Eram quase catorze horas, e eu enrolei um avental ao redor da minha cintura, pronta para fazer um lote de teste de pizza de queijo simples para caso elas não ficassem tão boas. Pelo menos eu podia testar a receita se eu precisasse. Estava prestes a pegar os ingredientes de seus respectivos lugares quando um barulho veio de trás da porta, um tilintar de chaves. O intruso entrou. E quando entrou, meu rosto se transformou em um sorriso bobo, que foi de encontro com o balançar de chaves de um dedo.
“Qual é o sentido da minha mãe te dar chaves se você invade a qualquer momento?” Vivian perguntou, colocando as chaves no balcão mais próximo da porta. “Você parece–”
“Fofa?” Sugeri, cortando-a. Deslizei uma mão pelo avental com o rosto de um panda e balancei meus quadris, para enfatizar seus detalhes. “Sua mãe o deu para mim.”
“Ela te adora.” Ela disse com um tom de reclamação. “Ela sempre quis alguém com quem cozinhar. Infelizmente, os filhos dela não servem muito para essa linha de trabalho.”
“Eu provavelmente tenho um melhor relacionamento com a sua mãe do que com a minha.” Murmurei, balançando a cabeça com o pensamento.
“Você não quer falar sobre aquela ligação, mas não para de falar sobre sua mãe.” Ela emaranhou os dedos por entre as tiras do avental e as soltou. “Já faz uma semana. Seja lá o que ela tenha dito, ou sobre o que vocês conversaram, ainda está te incomodando. Você pode deixar nós duas resolvermos isso juntas? Eu consigo ser uma boa ouvinte às vezes. Ofereço conselhos espetaculares também.”
“Certo.”
Ela me puxou pelas tiras do avental até a mesa onde eu e a Gwen geralmente nos sentamos. “Coloca tudo para fora.”
“Você se lembra da noite em que eu heroicamente livrei sua cabana de uma perigosa aranha?” Eu me sentei conforme ela assentia. “Sei que eu normalmente vago de noite, mas eu realmente planejava dormir naquela noite.” Ela estendeu a mão sobre a mesa e segurou a minha mão. “A Lauren queria esclarecer nossa situação. Ela gosta de mim. Quando eu a decepcionei, ela começou a pensar que eu estava me encontrando com alguém de noite. Fazer lanchinhos noturnos nem passou pela cabeça dela.”
“Ela disse alguma coisa desde então? Sua linguagem corporal sugere que você está escondendo alguma coisa.”
“Ela tentou evitar que eu saísse da cabana.” Eu disse. “O comportamento dela pode ser descrito como levemente agressivo. Mas então ela me deixou em paz. Caramba, ela até se desculpou publicamente ontem na fogueira. Talvez. Parecia genuíno. Eu me sinto um pouco culpada por ter dificultado as coisas para ela e a Abby desde o início do acampamento e nunca admiti que estava errada. Agora, me sinto ainda mais culpada porque não quero ficar lá e sentir essa culpa. Eu não sei. Eu tenho tido muitas emoções esses dias. Lidar com pessoas é difícil. Pior ainda, considerando seus sentimentos. Que viagem.”
Vivian absorveu todas as informações e, ao fazê-lo, deslizou suas mãos para longe dos meus dedos. Como uma pantera perseguindo sua presa, ela caminhou para a saída e escapou do cômodo antes que eu sequer pudesse pensar em alguma coisa para dizer. Eu não podia segui-la para ter certeza de que não faria nada precipitado. Vivian tinha a paciência de uma santa — lidar com campistas turbulentos durante os meses do verão precisava de uma pessoa assim. Ela ficaria bem. Certo? E mais, ela precisava lidar com a atividade física pelas próximas três horas.
Eu fiz o que estava lá para fazer, e era cozinhar. Logo mais, a primeira fornada de pizza estava feita, e elas ficaram perfeitas. Tão boas, na verdade, que me sentei e comi todas, deixando só um guardanapo sujo para trás. Pelas próximas horas, afastei o pensamento sonolento que vinha com o estômago cheio e consegui reunir energia o suficiente para fazer pizzas suficientes para todo mundo.
Minhas costas e as solas dos meus pés doíam para caramba, mas o sentimento vitorioso de ver as pizzas alinhadas e prontas deixava um sentimento caloroso que se espalhava por todo o meu corpo. Era uma oscilação de energia. Nada poderia me derrotar naquele momento de pura alegria.
Saí da cozinha alguns minutos depois das cinco e meia da tarde para fazer uma pausa. Julie, como prometido, serviu os campistas que entraram para pegar o jantar para levar para a fogueira do lado de fora. Fui trocar minhas roupas para algo menos suado e sem cheiro de pizza. Servir os campistas estando bagunçada assim? Não, obrigada.
Campistas corriam selvagens pelo lugar, livres das coleiras frequentemente seguradas por seus conselheiros. Havia uma fogueira enorme no centro do acampamento, onde nos reunimos no primeiro dia. O gosto dos s’mores passaram pela minha boca — a fogueira me lembrava de quando a minha amizade com a Gwen foi oficialmente rotulada como uma força imparável. Associar certos aspectos do acampamento com memórias felizes aliviava a tensão no meu corpo e mente enquanto caminhava pelo terreno.
Abri a porta da cabana e entrei, somente para ficar imóvel, no meu trajeto, porque o que eu vi era completamente estranho.
Vivian estava sentada com seus pés balançando para fora do meu beliche. Ela não me ofereceu nenhum cumprimento, mas a expressão retorcida em seu rosto me disse tudo o que precisava saber. Na cama térrea estava a Lauren, que tinha uma expressão semelhante à da Vivian, fazendo com que eu perguntasse: “Eu sequer quero saber o que está acontecendo aqui?”
“Sondando o quarto pelas suas coisas. Você vai mudar de cabana. Levamos em conta sua interação com o ambiente local e consideramos essencial oferecer a você uma melhor chance de dormir.” Vivian saiu da cama e inclinou sua cabeça em direção à minha mala. “Podemos fazer a mudança agora?”
Eu suspirei. “Para onde, exatamente?”
Ela pegou uma bolsa e me ofereceu uma menor. “Sob o conselho da minha mãe, estamos preparando uma cabana extra perto do prédio principal. Seu isolamento foi levado em conta, então Gwen irá com você.”
Lauren estava apertando sua mandíbula, fazendo com que eu quisesse me apressar. “Sim, vamos dar o fora daqui.”
Vivian sabia o que era meu para pegar. Se deixasse alguma coisa para trás, poderia ficar lá. Com tanto em nossas mãos, ela foi forçada a chutar a porta para que se fechasse. Ela bateu atrás de nós. Conforme fechava, um suspiro relativamente longo escapou dos meus lábios. Como eu deveria agir nessa situação? Por um lado, estava feliz de não ter mais que acordar e ver o rosto da Lauren toda manhã. Por outro lado, Vivian tinha prometido só ouvir.
Fomos até a nova cabana, coincidentemente perto das cabanas dos conselheiros, e nos aventuramos a entrar. Era uma cabana extra de conselheiro. Eu pude dizer na hora por conta dos móveis. A única diferença entre o quarto da Vivian e esse era que tinham duas camas de solteiro e a falta de uma televisão. Soltamos as bolsas no chão e eu me deixei cair de costas na cama, exausta demais até para pensar, quem dirá tomar banho.
“Eu sou uma boa ouvinte, Emma. Eu ofereço conselhos fantásticos. Comunicação é a chave, Emma.” Estiquei as pernas e soltei um grunhido.
“Eu também ofereço soluções rápidas e eficientes. Desculpa.” A cama afundou sob o peso dela. Senti um roçar no meu antebraço.
“O plano original era… não tinha um plano. Eu entrei lá e vi as suas coisas. Elas me fizeram perceber o impacto que as minhas ações podiam ter. Então eu improvisei.”
“Sua mãe sugeriu–”
Vivian interrompeu. “Ela realmente sugeriu. Eu não inventei isso. Ela queria que a Gwen tivesse alguém com ela.”
Minhas roupas começaram a me irritar. “Você percebe que tudo isso não resolve, de fato, nenhum dos meus problemas, não é? Ainda quero me desculpar com as duas.”
“Ter o seu espaço pode ajudar com a sua ansiedade. Além do mais, a Lauren está agindo de modo suspeito, e eu queria me antecipar.”
“Acho que o tempo que ela passou no dever de limpeza e longe de todos os outros a deu tempo para pensar.” Eu me sentei e olhei para Vivian. “Sei que o pai dela dá rios de dinheiro ao acampamento, mas se está tão preocupada assim com ela, por que não a reportou por roubar meu celular? Pegou a oportunidade de se livrar dela?”
Ela se remexeu, culpada. “Talvez eu tenha tido segundas intenções ao manter isso em segredo.”
Ah, céus. “E quais foram?”
“Se você tivesse a oportunidade de fazer a vida de alguém um pouco mais difícil do que precisava ser, depois de um ano de perseguição e irritação generalizada, você iria atrás dela?” Ela perguntou com olhos abertos o suficiente para fazer com que parecesse uma pergunta genuína. “Eu sei como essa garota age, e ela fica obcecada. Só tem um jeito de combater esse tipo de comportamento.”
“Ela fez uma tática de isolamento na Gwen. Como ela te atingiu?”
“Ela não aceitava não como resposta. Algumas vezes eu me perguntava se ela realmente tinha um crush em mim. Mas a ideia de se tornar uma conselheira no acampamento não a deixava desistir. Além do mais, todo o objetivo de quando meu pai montou esse acampamento era para que os adolescentes pudessem se encontrar e ter alguma coisa para fazer durante o verão, em um ambiente seguro. Talvez ajudar alguns campistas perdidos aqui e ali. Se ela quer tanto assim se tornar uma conselheira, ou ter uma posição de poder, especialmente uma que envolve cuidar de crianças, ela precisa ver como isso é feito propriamente. Pessoas que agem erroneamente como ela sempre têm um motivo, e talvez estar aqui no acampamento possa ajudar. Ela pode ter uma segunda chance aqui, mas isso não significa que eu queira você presa lá com ela.”
“Esse é um jeito muito maduro de se ver as coisas.” Comentei.
“Ela está quieta, oferecendo desculpas. Tudo bem e nas mil maravilhas, mas não deixe, sob circunstância alguma, ela saber sobre nós. Se ela começar a achar que você está recebendo algum tipo de tratamento especial, ela vai voltar atrás nas suas desculpas. Anote o que estou dizendo.”
“Ela realmente não queria que, ao invés dela, a Gwen fosse conselheira. Não posso imaginar o que ela faria se descobrisse sobre nós. Vamos continuar com o caso super secreto. Entendi.” Balancei minhas sobrancelhas. “Mas como você fez com que ela saísse do seu pé?”
“Eu realmente te devo essa história. Lauren se recusou a tomar não como resposta, como sabe, então tive que ser criativa. Disse a ela para fazer algo elaborado, e ela fez. Ela fez um cartaz e declarou o amor dela por mim no refeitório, e eu a rejeitei. Pensei que era o fim daquela rixa, até que fiquei sabendo do tratamento dela com a Gwen.”
“Huh.”
“O quê?”
“Nada. Apenas me deliciando com o amor que sinto por você, eu acho.”
“O quê?”
“O quê?!” Eu repeti.
Meu batimento cardíaco aumentou um pouco. Encarei minhas mãos em horror, processando o que eu disse. Nos mais simples termos, eu confessei meu amor pela garota sentada na cama, que era dona da mão que ainda estava parada no meu antebraço. Ela não fez nem mesmo um movimento. Não que eu pudesse culpá-la. Aparentemente, meu subconsciente gostava de me dar uma cabeçada para me incentivar a fazer algo facilmente conquistável. E era fácil amá-la.
Mas pelo amor de Deus, porque eu tinha que falar do nada desse jeito?
Era como a Vivian disse, minhas emoções eram fáceis de se ler, mas o que ela não mencionou foi a vergonha que vinha de um traço de personalidade que eu nem mesmo sabia que tinha. Agora que ele se mostrou, eu queria fisicamente bater minha cabeça na parede e nunca mais acordar. A negação da situação era bem-vinda como uma velha amiga. Ela sempre esteve lá por mim. Meu pai me dizendo que a minha mãe me queria no Maine para o verão? A negação segurou minha mão até chegarmos na porta dela. O fato de que a minha mãe se casou e nem me convidou para a cerimônia? Minha mãe não estando por perto ajudava a negação a sussurrar no meu ouvido que aquela situação nunca aconteceu. Mas tentar negar aquelas palavras que disse para a Vivian? A negação me abandonou.
“Você acabou de…” Ela pausou. “Emma. O que você disse para mim?”
“Estou me deliciando com o amável dia que estou tendo?” Deslizei da cama para cortar o contato entre nós. Pontos pretos invadiram a minha visão. Minta. Diga alguma coisa. “A Lauren mencionou algo sobre guardar pizza para mim…”
Vivian deixou suas pernas se pendurarem ao lado da cama. “Você de repente está com vontade de comer pizza.”
Dei um passo para trás, encarando-a. “Você já provou a minha pizza? Você a desejaria também… Certo. Tchau.”
Assim que a porta fechou, eu saí de lá como se o lugar estivesse em chamas. Eu não era corajosa. Covardes fogem, e era isso que eu tinha feito; quem eu era. No acampamento, o lugar mais seguro para onde eu sempre pensava em ir era a cozinha. Na hora que cheguei lá, estava a todo vapor, com a Julie e um bando de outras pessoas entregando as pizzas que eu fiz para os campistas.
Joguei meu cabelo para cima no coque mais bagunçado que já existiu, um que era tipo um rabo de cavalo com fios de cachos e frizz por conta de como minhas mãos tremiam. O cabelo conseguiu se encaixar na toca com alguns empurrões e cutucadas. Meu cérebro ficou em silêncio conforme peguei o espaço vago ao lado da Julie e comecei a, sem pensar, entregar fatias de pizza.
“Parece que você está em posse da jaqueta da minha filha.” Ela arrumou minha gola. “Você também tem outra coisa da minha filha, não é? O coração dela.”
“Ah meu Jesus Cristinho.”
“Agora, Emma, gosto muito de você.” Ela me disse, acenando para que eu a seguisse de volta à cozinha. Ela desamarrou o avental, sentou na mesa que suas filhas e filho geralmente ocupavam e deu umas batidinhas no assento oposto ao dela. “Venha se sentar.”
Eu relutantemente me sentei e mexi minhas mãos ansiosamente embaixo da mesa. “Gosto de você também.”
A aura maternal saiu dela em ondas enquanto ela inclinava a cabeça para o lado. “Relaxe, Emma. Você não está encrencada. Estou curiosa, quais são as suas intenções com a minha filha?”
“Amizade.”
“Minha outra filha.” Ela foi rápida em responder.
“Er…” Olhei ao redor, como se fosse possível encontrar uma resposta adequada por aqui.
“Emma, acredite em mim quando digo que não está encrencada.”
Julie levantou-se da mesa e ficou em frente à pia. Ela ligou a torneira, esperando que eu captasse a dica silenciosa para que pegasse o pano de prato e secasse as louças sujas depois que ela as lavasse. O silêncio era sufocante. Eu sequei um prato e o coloquei ao lado, pensando sobre a situação um pouco mais a fundo. Julie Black estava fazendo seu dever materno e questionando o interesse amoroso de sua filha. Ela era uma mulher de ouro, amando sua filha até os confins da Terra. O fato de que a filha dela gostava de uma garota? Nada importante. Faz parte da vida.
Por que minha mãe não podia ser tão mente aberta quanto a Julie? Só de pensar sobre isso pontadas atingiam meu peito. Julie queria que seus filhos ficassem com ela no acampamento todos os dias. Minha mãe, por outro lado, não me queria com ela nem com o meu pai. Alfinetadas espetaram partes do meu corpo. Então, com isso, pensei sobre algo que nunca falhava em colocar um sorriso no meu rosto e aliviava o fardo dos meus pensamentos intrusivos.
“Eu amo a sua filha.” Falei de repente, quebrando o silêncio.
“Sim.” Ela disse, sem nenhuma pitada de dúvida. “Quais são seus planos para depois do verão? Você mencionou algo sobre roubar a comida da sua colega de quarto, mas, querida, onde isso seria? De volta à sua casa em Boston? Na faculdade? Sei que é uma viagem de carro de quatro horas daqui até a Universidade do Maine, mas seria uma hora extra de Boston?”
“É tarde demais para me inscrever em qualquer lugar, provavelmente estarei em casa. Mas pelo menos sei o que quero fazer agora. Eu devo isso a você. Talvez uma escola de culinária? Preciso conversar com o meu pai sobre isso. Ele sabia que eu encontraria algo que realmente me interessasse, e eu não acreditei nele.”
“Sei que tem um curso na Faculdade do Leste do Maine. É no caminho da faculdade da Vivian.”
“Talvez eu me inscreva para lá no ano que vem.”
“E enquanto isso? Relacionamentos à distância, especialmente um novo, depois de terem passado tão pouco tempo juntas… será difícil. Quem vai alimentar a minha filha?”
“Mamãe Black, você estava me preparando para ser uma namorada adequada?”
“Você é perfeitamente adequada do jeito que é, Emma.” Ela parou de limpar e descansou o quadril no balcão. “Você é uma cozinheira natural. Você, Emma, queria aprender tanto quanto eu queria ensinar. Agora, fico feliz que queira alimentar a minha filha. Uma amiga minha poderia treiná-la no seu ano de folga, se estiver interessada. Talvez para ter uma experiência real antes de ir para a faculdade?”
“Sério? Isso seria legal. Você falaria com eles por mim? Mas vou sentir saudades de cozinhar com você.” Eu disse.
“Eu também, querida.” Ela acariciou minhas costas e acenou sua mão em direção à saída. “Agora vá se juntar à festa.”
Eu aceitei a ordem da Sra. Black e saí. A fogueira era gigantesca e estava cheia de vida. As faíscas e sombras criavam imagens que poderiam ser coisas saídas de um livro de histórias, era tão incrível assim. Eu me sentei em um tronco ao lado do fogo e peguei o marshmellow oferecido, decidindo dessa vez que não havia necessidade colocá-lo em um espeto e aquecê-lo. A doçura e maciez deles era o suficiente.
Comer marshmallows e ver pessoas dançarem tirou minha mente da loucura que era minha vida no acampamento. Lauren se sentou ao meu lado, colocando um prato de pizza no meu colo. “Aqui, um pouco de pizza.”
“Não estou com fome, mas obrigada.” Disse, colocando-o no chão ao lado do tronco. “Já que está aqui, queria me desculpar com você. Podemos não termos nos dado bem mesmo no início do acampamento, mas isso não significa que eu deveria ter feito nosso espaço de dormir virar um caos. Nossa cabana deveria ter sido território neutro. Sinto muito.”
“Ah. Imaginei que, por ter mudado de cabanas, você me odiasse.” Ela suspirou. “Podemos conversar? Em algum lugar privado? Não dividimos uma cabana agora, e com sua culinária e a minha limpeza, não nos veremos muito mais durante o dia.”
“Mostre o caminho.”
Eu me levantei e acidentalmente pisei na pizza. O barulho me fez parar. Para garantir, eu torci e tirei a peça do meu sapato antes de seguir Lauren. Andar por menos de dez segundos me fez perceber que não tinha nenhum destino particular em mente, e então meus passos desaceleraram. Quase instantaneamente, meu braço foi agarrado, e eu fui empurrada para dentro do barracão bem bruscamente. Eu girei e acidentalmente bati minha cabeça contra o ombro da Lauren.
O pequeno grunhido me acordou. Da última vez que a Lauren me convidou para algum lugar para ficar sozinha com ela foi quando tínhamos doze anos, mas pelo menos dessa vez, ao invés de subir em árvores, estávamos confinadas dentro do barracão. Perdoar a Lauren? Eu poderia fazer isso. Esquecer o que ela fez? Essa era uma história completamente diferente. Meus ombros se contraíram, esperando que ela falasse.
“Eu não tenho mais nada para dizer, mas vá em frente.” Ofereci.
“Sinto muito, mas não posso passar o próximo verão com os meus pais. Você…” Ela riu amargamente. “Você ficou toda amiguinha dos Blacks tão facilmente. Como? Você conseguiu fazer o que eu tentei por dois anos em menos de um mês.”
“Bom, você fez bullying com a Gwen.”
“Desde que eu te disse sobre o trabalho de conselheira, você tem passado muito tempo nisso. Cozinhando com a mãe deles. Até mesmo indo tão longe a ponto de começar a namorar Vivian. Sim, eu sei sobre isso. Você sabe que nós dividimos aquela barraca, não é? Eu não tive certeza até ela mudar você da nossa cabana para uma mais perto dela — seria mais fácil de sair escondida de noite. Tudo bem se a Gwen fosse quem conseguiria a vaga. Eles são família. Mas se você está em um relacionamento com a Vivian, é óbvio que você não vai passar seu próximo verão separada dela. Se consegue persuadi-la a mudar você de cabana para ficar perto dela, você pode persuadi-la a fazer qualquer coisa. Onde isso me deixa? Estarei velha demais para ser uma campista. Não sou próxima o suficiente dos Blacks para conseguir o trabalho. É a minha única chance de sair da casa dos meus pais no verão. Você entende, não é? Eu tive que fazer isso.”
“Por que você não pode sair da cidade?”
“Porque eles não vão pagar pela minha faculdade se eu fizer isso, e o único jeito de passar tempo nessa cidade é ter um trabalho para poder morar em outro lugar. Eu tenho que fazer isso.”
“Fazer o quê?”
Em um segundo ela ficou lá, brincando com os dedões, e no próximo ela me puxou para um abraço e, de algum jeito, conseguiu enfiar minha cabeça perto do pescoço dela. Durou por menos de dois segundos antes dela dar um grande passo para trás e levantar as mãos como se fosse para me dizer que não pretendia mal algum apesar de seu pedido de desculpas preventivo.
“Um abraço? Não era nada ruim. Estou deixando passar alguma coisa, não é?”
Ela pegou um celular da prateleira e pressionou o dedão contra a tela. “Você pode ir agora.”
“Você gravou isso? Qual é o seu plano, exatamente?”
“Você não pode receber tratamento especial da Vivian, ou da família dela, se não estiverem juntas.”
Pegando o celular da mão dela, eu me esquivei dos membros dela se debatendo e saí correndo do barracão, com os olhos arregalados e o corpo tremendo pela adrenalina extra.
Uma mão agarrou meu antebraço, quase me fazendo cambalear de novo. Quase.
“Emma?”
“Você estava certa, Vivian. Estou completamente perdida por você. Tipo, tragicamente. Espera, não. Má escolha de palavras. Completamente apaixonada. Por você. Sim. Uau.”
“Fico feliz por ter conseguido admitir isso para você mesma.”
Eu sorri. “Estou orgulhosa de mim também.”
Vivian apertou a minha mão. “Podemos voltar para isso. Agora, pode me explicar porque você tem outro celular?”
Conforme ela o pegou do meu aperto, eu expliquei. “Talvez eu tenha roubado da Lauren.”
Ela congelou em resposta. “Pode repetir isso? Não ouvi direito.”
“Ela tentou me incriminar? Tentou fazer você pensar que eu estava te traindo? Você estava certa sobre isso. Mas que diabos?”
“Onde ela está?” Ela perguntou calmamente.
“No barracão. Sabe, é um lugar incrível. Conheci você lá. Confessei meu amor por você, oficialmente, lá na frente. Bons tempos, bons tempos.”
“Uma dessas coisas aconteceu literalmente dois segundos atrás.” Ela apontou para o barracão. “Vou lidar com… aquilo.” Vivian vagarosamente soltou minha mão e colocou a mão dela na maçaneta da porta. “E Emma?”
Eu me balancei para frente e para trás com meus calcanhares. “Sim?”
“Você pode adicionar um terceiro item a essa lista.”
“Ah?”
“Você vai me fazer dizer.”
“Receio que deixar nas entrelinhas não será o suficiente.”
“Certo. Eu te amo.” Ela murmurou rapidamente.
“Viu? Foi tão difícil assim? Boa sorte nesse espaço confinado com a Lauren.”
Novamente, Lauren e eu fomos levadas ao escritório do Sr. Black para resolver os problemas entre nós. Da última vez, ele deixou bem claro que não haveriam mais chances se fizéssemos qualquer coisa que perturbasse alguém no acampamento, incluindo nós mesmas. Eu esperei do lado de fora do escritório, sentada em uma cadeira de plástico enquanto ele conversava com a Lauren primeiro.
Vivian estava sentada ao meu lado, me amando. Provavelmente um pouco brava por eu ter me metido nessa bagunça mesmo depois dela ter me colocado em outra cabana.
“Você vai ter que parar de sorrir igual uma idiota quando entrar lá.” Ela me disse, não soando nem um pouco brava.
Eu não podia evitar. Nós amávamos uma à outra. Mas falar com o pai da Vivian era muito diferente de falar com a mãe dela. “Eu estou ferrada, não estou?”
“Não.” Ela levou minha mão para os lábios dela e a beijou. Por um momento, ela pareceu horrorizada com suas próprias ações antes de beijá-la novamente. “Quando você contar o seu lado da história, talvez com algumas testemunhas para te ajudar, isso vai acabar. Talvez ela não revele a ele o motivo de sua insistência em ficar no acampamento, mas ela não pode ficar aqui. Não é um ambiente saudável para ela, mas meu pai será capaz de ajudá-la.”
Descendo minha mão dos lábios dela para o seu colo, eu descuidadamente brinquei com os dedos dela. “Eu descobri uma coisa.” Olhei para a porta, tendo certeza de que estava fechada, antes de me inclinar para mais perto, para que mais ninguém pudesse ouvir. “Seu pai sabe sobre nós?”
“Não.”
“Bem, a sua mãe com certeza sabe.”
A Vivian começou a sorrir, mostrando um daqueles sorrisos secretos. “Interessante que você teve uma conversa franca com a minha mãe depois de fugir de mim. Sobre o que mais vocês duas conversaram?”
“Que será meu dever te alimentar depois que o acampamento acabar.”
A porta se abriu, e a Lauren saiu de lá, confiante até demais para o meu gosto. Vivian soltou a minha mão, mas eu não me levantei logo em seguida. Foi só quando a Vivian cutucou meu joelho que me movi.
O escritório do Sr. Black não era tão confortável quanto a cozinha da Julie. Tudo o que havia ali eram as consequências de minhas ações e as conversas com minha mãe, ambas coincidentemente direcionadas ao fim do meu tempo no acampamento. Uma ou outra aconteceria mais cedo ou mais tarde. Seja hoje ou no meu aniversário, meu tempo no acampamento estava limitado.
Ocupei o assento oposto ao Sr. Black, sem nem pensar em pedir permissão para me sentar. Ele anotou alguma coisa em um bloco, absorto demais para me cumprimentar. Era melhor assim; isso me deu a oportunidade de secar o suor das minhas mãos nos meus shorts e acalmar minha respiração.
“Pode começar do início?” Ele disse.
“Certo… Lauren estava isolando a Gwen. Lauren constantemente tirava sarro dela, talvez não na frente dela. Ela se certificou de que a Gwen não fosse incluída em nada. Sou amiga da Gwen, senhor, e a Lauren não gostou disso. É por isso que a guerra de comida começou na cantina.” Eu soltei um suspiro, sabendo que tinha que contar toda a verdade. “Desde então a Lauren contou os sentimentos dela por mim, os quais eu rejeitei. Ela foi… agressiva na nossa cabana.”
“Agressiva?” O Sr. Black franziu. “Ela–”
“Nada físico aconteceu, mas tem sido bem estressante naquela cabana, e é por isso que não tenho dormido muito lá.”
“Por que estava no barracão? Por que estava com o celular da Lauren?”
“Ela queria conversar em privado. Ela já meio que tinha se desculpado comigo, então achei que ficaria tudo bem. Provavelmente não deveria dizer isso, mas ela passa por dificuldades em casa. Você deveria tentar conversar com ela sobre isso. Ajudá-la.”
“Mais alguma coisa?”
Com o jeito que ele fez aquela pergunta, tive que assumir que a Lauren, para melhorar suas chances de conseguir o trabalho, poderia ter mencionado o fato de que eu estava com a filha dele. Talvez Lauren estivesse errada sobre as intenções do nosso relacionamento, mas o fato de que ela insinuou que tínhamos esse tipo de conexão tinha um fundo de verdade.
A esposa dele sabia do nosso relacionamento. Fazer suposições em interrogações era difícil já que o ambiente estava repleto de pressão. Acreditar que ele e a mulher dele contavam tudo um para o outro por conta do amor descarado que eles compartilhavam seria arriscado. Se eu escondesse a informação dele se ele já soubesse de uma fonte confiável, bem, isso tornaria minha narrativa indigna de confiança.
Quanto mais o silêncio se arrastava e eu o prolongava, minha credibilidade diminuía cada vez mais. Eu sabia disso, mas colocar tudo para fora sem pelo menos pensar seria um movimento estúpido também.
“Estou namorando com a sua filha, Vivian.” Continuei a encarar a parede, mas, eventualmente, precisaria saber o que ele pensava. “Lauren descobriu. Ela fez algumas acusações precipitadas, e esse é o motivo do nosso conflito no barracão. Ela pensou que eu ganharia um trabalho aqui para o próximo verão. É meio que o trabalho dos sonhos dela. Acho que isso é tudo, senhor.”
Ele assentiu lentamente. “Terei que considerar isso por um tempo. Obter outros testemunhos de que o seu comportamento não é tendencioso, por assim dizer. Obrigado pelo seu tempo. Pode sair.”
Afastando a inquietação que eu sentia, caminhei para fora do edifício. O ar fresco era tranquilizante em comparação à sensação de abafamento dentro do escritório. Dando passos para minha cabana, ouvi vozes. Vozes altas. Nenhuma delas pertencia à minha colega de quarto. Eu hesitei no meio da escada. Eventualmente, meus pés me levaram até a porta da frente. A discussão parecia acalorada. Privada. Por conta disso eu quase bati. Balancei minha cabeça para mim mesma porque esse era o meu quarto.
Ver quem estava lá dentro, bem, me fez soltar um grande suspiro. Eram a Lauren e a Vivian, que estavam paradas até demais perto da minha mesa. “Você está bem?”
Vivian mal se moveu. “Estou perfeitamente bem.”
Eu franzi as sobrancelhas com a resposta fria. A Lauren precisava ir embora. “O Sr. Black quer falar com você de novo.” Eu menti.
Ela lentamente se levantou, como se estivesse saboreando o fato de que ela estava na minha cama e a Vivian não. Ela riu conforme passava pela Vivian, que estava totalmente rígida e com a mandíbula e os punhos cerrados.
Logo antes de sair, ela voltou sua atenção para a Vivian novamente. “Se não acredita em mim, por que não pergunta para ela?”
A expressão da Vivian estava tranquila demais. “Você não é de relevância nenhuma. Saia.”
Eu bufei, o que aparentemente não foi uma resposta apreciada. Vivian se moveu até a porta e a fechou, muito menos forçosamente do que eu teria previsto, considerando a tempestade transbordando logo abaixo de sua pele. Ao invés de tomar ciência do meu olhar fixo, ela foi em direção à cama e arrumou os vincos deixados para trás. Quando estava feliz pela cama estar recém arrumada, ela se sentou e cruzou as pernas.
Então eu senti seu olhar. Era minha vez de evitar o contato visual. Isso foi algo longo e agonizante, tanto que eu me encontrei sentada na cama da Gwen, do lado oposto, cruzando os braços e esperando — esperando pelo que ela estava prestes a revelar. Os interrogatórios dos Blacks pareciam infindáveis naquele dia.
“Certo, sobre o que você tem que me perguntar?” Eu eventualmente quebrei o silêncio, sabendo que ela era teimosa o suficiente para manter o silêncio por eras.
“Aquela ligação com a sua mãe…”
O temor se acumulou no meu estômago. “Tenho o sentimento de que sei o que vai dizer.”
Ela manteve o contato visual. “É verdade?”
De repente, minhas mãos se tornaram muito mais interessantes do que os olhos dela. “Eu realmente não sei como a Lauren sabe sobre isso. Minha mãe não vai pagar pelo resto do acampamento. Ela vai me levar para Roma.”
Sobre a afirmação de que o que a Lauren disse era verdade, bem, eu só podia imaginar o que se passava pela cabeça da Vivian. Os fatos estavam na mesa. Eu fui egoísta ao esconder isso dela por tanto tempo. Eu sabia disso. O que tornava isso pior ainda era o fato de que eu queria uma resposta imediata. Alguma coisa. Qualquer coisa. Ela não me deu isso. Ao invés de reagir, ela andou diretamente para fora da cabana. Acho que isso era uma reação por si só.
Eu não sei por quanto tempo fiquei sentada lá na cama, encarando o espaço e relembrando as ações de todos pela minha cabeça, de novo e de novo. No momento em que a porta se abriu novamente e minha cabeça girou, foi escuro e decepcionante. Não era quem eu queria ver.
A resposta da Gwen foi imediata. Ela passou um braço ao redor da minha cintura e me deixou inclinar a cabeça contra o seu ombro. Ela me contou sobre seu dia com palavras baixas o suficiente para serem ruídos de fundo.
Em algum ponto, eu adormeci. Isso foi aparente quando acordei na minha própria cama, com a Gwen sentada na ponta do meu lençol e com as costas pressionadas contra a parede.
“Você acordou.” Ela notou rapidamente. “Você está péssima.”
“Não é de se surpreender. A maior parte do meu dia foi assim.”
“A Lauren foi expulsa do acampamento. Mas meu pai está conversando com a minha mãe sobre ajudá-la. E você não está nem um pouco feliz com isso, está?” Ela perguntou, mas não precisava que eu respondesse. Ela sabia o que tinha acontecido. Talvez não todos os detalhes, mas ela tinha uma ideia. “Emma…”
Esfreguei meus olhos rudemente. “Eu sei. Eu deveria ter contado a ela. Eu ia contar. Mas é tarde demais agora. Tudo está… arruinado agora.”
“Recomponha-se.” Ela disse, levantando-se e apontando para a porta. “Você está se afogando. Detesto esse olhar em você. Vá até a minha irmã, resolva isso. Agora.”
“Mas–”
“Agora!”
O tempo que levei para chegar na cabana da Vivian foi bem maior que o necessário. Eu enrolei. Muito. Indo e voltando entre as cabanas, a indecisão ditava a minha direção. Eu acabei sentando nos degraus do lado de fora da cabana da Vivian e apoiei meu queixo no topo do meu joelho, mal-humorada.
Talvez vinte minutos depois, a porta da cabana se abriu. Ela se sentou ao meu lado, inclinando-se contra o corrimão oposto e imitando a minha posição. Parecia mais natural respirar com ela bem ao meu lado. Eu quase zombei do pensamento, porque eu não merecia nenhum alívio.
“Eu sou a última a saber?” Ela perguntou, mas não me deu tempo suficiente para responder. “É o que parece. É amargo, esse sentimento de ciúmes. A Lauren soube antes de mim. Tenho certeza de que a Gwen também. Eu não deveria sentir esse tipo de insegurança por você não ter me contado primeiro. Mas não é sobre isso. É? Tudo bem, não saber. Você sabia que não ficaria aqui e continuou a tornar as coisas tão difíceis.”
“Eu ia te contar.”
“Quando?”
“Eu não sei.”
“Isso não é bom o suficiente, Emma.”
“Eu sei.” Eu respirei lentamente. “Eu sei. Estava com medo e fui estúpida… tão estúpida. Não era real. Não ia acontecer se eu não te contasse. Era isso o que eu estava pensando. É tudo real agora. Eu estou apaixonada por você. Não, não estou dizendo isso para consertar as coisas. Eu estou apaixonada por você, e estou indo embora? Com uma mulher que mal conheço e com um marido que ela provavelmente mal conhece? Estaremos a milhares de quilômetros de distância. A incerteza do que acontece depois? A sua reação? Foi assustador, e eu sinto muito. Você merecia saber.”
“Eu merecia.”
“Sim. Sinto muito.”
“Vai ficar tudo bem.” Ela disse, pressionando a testa dela contra a minha. “Isso é novo para nós, mas temos que aprender a nos comunicar sem ter medo uma da outra. Do contrário, qual seria o sentido disso?”
“Você está certa.” Concordei. “Prometo que farei melhor.”
“Eu também.”
No fundo, palavras não significavam nada a não ser que fossem seguidas por alguma ação, e é isso que eu precisava fazer para compensá-la, para mostrar a ela o quão comprometida eu estava à nossa promessa. A única questão era, como?