⋅•⋅⋅•⋅⊰⋅•⋅⋅•⋅⋅•⋅⋅•⋅∙∘☽༓☾∘∙•⋅⋅⋅•⋅⋅⊰⋅•⋅⋅•⋅⋅•⋅⋅•⋅
Tradução: Gabrielfsn | Revisão: Gabrielfsn
⋅•⋅⋅•⋅⊰⋅•⋅⋅•⋅⋅•⋅⋅•⋅∙∘☽༓☾∘∙•⋅⋅⋅•⋅⋅⊰⋅•⋅⋅•⋅⋅•⋅⋅•⋅


A fuga em seu ápice (Parte 1)
Manon Libelle estava visitando uma cidade montanhosa de termas, famosa como um lugar popular para relaxar.
Ela usava um elegante kimono branco, e suas sandálias geta estalavam nas pedras da calçada. Seu estilo sofisticado combinava perfeitamente com o yukata e os prédios à moda antiga de madeira do vilarejo.
Uma garotinha angelical usando um vestido simples caminhava de mãos dadas com Manon. Ela olhou para a cidade ao seu redor com os olhos arregalados.
“Mm, mm, que estranho. Algo sobre este lugar parece familiar de alguma forma.”
“Sei o que quer dizer. Certamente é uma atmosfera tranquila e relaxante.”
Conversando intimamente entre si, as duas garotas pareciam irmãs com muitos anos de diferença. Era uma cena reconfortante para qualquer um que não conhecesse a verdadeira natureza de ambas.
“Então, o que estamos fazendo aqui?”
“Pensei que seria bom ter um pequeno descanso.”
“Mmm?”
Essa visita em particular pretendia ser nada mais do que uma pausa, sem planos sinistros por trás, o que deixou a garota mais jovem confusa.
Após sua batalha com Mestra Flare, elas quase não escaparam com vida. Valeu a pena trabalhar com Pandæmônio para criar uma enorme catástrofe, pois isso atraiu Flare.
“Nós terminamos a maioria dos nossos preparativos e confirmamos o que precisávamos saber na última cidade que visitamos. Pensei que poderíamos relaxar um pouquinho.”
As duas causaram uma pandemia usando Gula, um dos Conceitos de Pecado Original.
Parte do motivo de um empreendimento tão grande era testar todo o poder da garotinha, que realmente era apenas um dedo mindinho.
Seu verdadeiro eu controlava um poder praticamente ilimitado. Com seu corpo inteiro, ela seria forte o suficiente para infectar todos os seres vivos neste mundo com os Conceitos de Pecado Original.
Mas como essa Pandæmônio era apenas uma fração do todo, seu poder estava longe de ser inesgotável.
No máximo, a companheira de Manon poderia espalhar o Conceito de Pecado Original para aproximadamente a população de uma cidade de tamanho médio. Como a escala de suas conjurações estava diretamente ligada ao número de vítimas que ela podia produzir, esse era o limite máximo do poder do dedo mindinho de Pandæmônio.
Ela podia contaminar um assentamento inteiro com Pecado Original e oferecer seus habitantes como sacrifícios.
Alternativamente, ela podia evocar um monstro poderoso criado por seu verdadeiro corpo por um tempo limitado.
O primeiro era perfeito para causar caos, o segundo para massacres em massa.
“Férias, férias… férias? O que é isso exatamente?”
“É uma coisa boa de vez em quando. Tirar um tempo para descansar e relaxar é muito importante.”
Elas descobriram os limites do dedo mindinho de Pandæmônio, mas como resultado, elas usaram todo o seu estoque de sacrifícios que ela precisava para produzir poder. Dessa forma, Manon decidiu que elas iriam descansar nesta cidade e coletar alguns sacrifícios no processo.
Pandæmônio parecia um pouco mal-humorada com a ideia de descanso tranquilo. Manon segurou sua mão para que elas não se separassem enquanto caminhavam em direção a pousada que ela havia escolhido. Na entrada, um homem amarrado estava sendo levado por um grupo de cavaleiros.
O que raios havia acontecido? Manon observou a situação, ouvindo cuidadosamente seus arredores para obter informações.
“Ouvi dizer que um homem tentou roubar as roupas íntimas de uma moça jovem nesta pousada…”
“Um grupo grande tentou agredir uma das hóspedes da cidade…”
“Não só isso, mas um dos funcionários tentou entrar de fininho no quarto de uma jovem durante à noite…”
“O gerente daqui precisa muito disciplinar seus funcionários…”
Todos os boatos sussurrados tinham conteúdos decididamente perturbadores.
“……”
Manon silenciosamente tapou os ouvidos de Pandæmônio.
Pandæmônio olhou para ela interrogativamente, mas Manon apenas balançou a cabeça em silêncio. Ela sabia que uma criança não deveria ter que ouvir coisas tão horríveis. Se uma menina que existia há quase mil anos poderia realmente ser chamada de criança era certamente questionável, mas Manon já havia decidido tratá-la como uma em conformidade com sua aparência.

Ele parecia estar na casa dos cinquenta anos, usava um chapéu-coco e carregava uma bengala em forma de J. O terno aparentemente caro que ele usava dava-lhe a impressão de um cavalheiro deslocado.
Manon não gostava muito do homem, mas confiava em suas habilidades. Ele era mais velho e mais experiente do que ela, e havia semeado o caos em todo o continente no passado; não havia dúvida de que ele era um indivíduo excepcional.
“Com licença, Sr. Diretor…”
O homem chamado de o Diretor, que estava sorrindo calorosamente para Manon, tremeu em resposta.
“Acredito tê-lo ouvido dizer que este lugar era o resort perfeito para um relaxamento tranquilo.”
“S-sim, de fato, eu disse.”
“Você disse que esta pousada era gerenciada por um velho amigo seu, se bem me lembro. Que era econômica, segura e confortável.”
“Ha, ha-ha-ha…”
O Diretor riu nervosamente. Manon sorriu de volta para ele de uma forma um pouco brilhante demais.
Apesar de ter sacrificado toda a sua família, viajado com o Puro Conceito de Maldade que podia destruir o mundo e estabelecido o objetivo ridículo de tentar ir para a terra natal de sua mãe em outro mundo, ela ainda era uma adolescente. Tendo em conta o que Manon havia acabado de ouvir sobre essa pousada, ela dificilmente estava ansiosa para ficar em tal lugar, sendo uma garota jovem.
“Então, tem algo a dizer a seu favor?”
“…Peço imensas desculpas! M-mas escute, Srta. Manon! Tenho contatos em outras pousadas, então pode ficar tranquila!”
“Receio que isso não me tranquilize nem um pouco.”
Manon manteve seu sorriso educado enquanto repreendia o Diretor.
Enquanto Pandæmônio observava a conversa com uma expressão apropriadamente infantil de confusão, com seus ouvidos ainda tampados, ela murmurou para si mesma, “Mm-mm… Ele não mudou nada desde que nos conhecemos, não é?”
***
Manon e Pandæmônio conheceram o Diretor há cerca de um mês.
O primeiro encontro deles foi em uma torre localizada em uma região remota do Reino de Grisarika.
Era tão remota que não havia estradas para cidades próximas, muito menos uma estação de trem. Era de se perguntar há quanto tempo a torre estava situada em um local tão inconveniente—e com que propósito. A maioria das pessoas sequer sabiam que ela existia, mas em uma noite nublada e sem lua, um monstro negro agarrou-se sem ser notado em seu pico.
Um monstro era uma criatura viva que havia sido dominada por um Conceito de Pecado Original e enlouquecido a ponto de seus impulsos anularem seu instinto de sobrevivência.
Porém, esse monstro estava bizarramente calmo e quieto enquanto duas garotas olhavam para baixo sob suas costas.
“Essa aventura no céu foi até decente. Não foi, Manon?”
“Sim, uma experiência esplêndida.”
Manon e Pandæmônio desceram das costas da criatura e entraram na torre. Manon se vinculou a Pandæmônio em Libelle e foi por sugestão da primeira que ambas vieram a esta torre onde o Diretor estava sendo mantido.
“Então, vamos encontrar o quarto do Sr. Diretor?”
Após facilmente se infiltrar na estrutura, a dupla começou a descer pelo interior aparentemente vazio. Elas verificaram os quartos no último andar e continuaram até finalmente chegarem no nível do solo sem encontrar ninguém.
Depois de procurarem um pouco mais, elas descobriram escadas que levavam ao porão.
“Conseguimos!”
“Sim!”
Pandæmônio, com sua mão pequena, fez um “toca aqui” com Manon. Então elas desceram as escadas e encontraram o que procuravam.
A prisão no porão foi montada como uma área de estar inacreditavelmente confortável.
Mesmo as realezas da Nobreza não recebiam tal luxo. Manon olhou ao redor da câmara, intrigada.
Era como um quarto VIP para receber visitantes aristocratas. O fato de que o homem no quarto estava vestido para combinar perfeitamente apenas enfatizava a estranheza da situação.
O sujeito cavalheiresco ergueu uma mão do outro lado das grades, parecendo não estar surpreso com a chegada de Manon.
“Olá. Você é a nova subalterna de Pandæmônio, não é? Boa noite para você.”
Como ele sabia sobre Manon sendo que estava trancado em uma cela, ainda que luxuosa? O homem riu levemente e baixou a cabeça, assumindo o controle da conversa.
“Eu sou o Diretor. Prazer em conhecê-la… Embora, suponho que não nos conheceremos por muito tempo.”
“Muito prazer, Sr. Diretor. Er… Então você não tem intenção de deixar este lugar?”
“Parece que desejo?”
Não parecia.
Embora fosse uma cela subterrânea, não havia trava na porta. Ela abriria com o mínimo de força. E como as garotas aprenderam com a exploração minuciosa da parte superior da torre, não havia guardas em serviço aqui. Se ele desejasse ir embora, poderia fazer isso a qualquer momento.
Essa era a primeira vez de Manon aqui, mas ela já pôde perceber.
Ele não estava sendo mantido em uma cela. Ele estava aqui por livre e espontânea vontade.
“Ouvi dizer que você tinha companheiros que cometeram ataques terroristas na tentativa de libertá-lo. Mesmo assim, você prefere continuar aqui?”
“Ah, eles? Que criaturas lamentáveis. Aqueles que nada sabem ocasionalmente tomam atitudes tolas assim. Essa é a tragédia dos ignorantes.” Ele balançou a cabeça. “E os atos da Sra. Orwell em abusar desses tolos são ainda mais deploráveis. No final, suas transgressões levaram apenas a…isso, hmm?”
O Diretor pegou um jornal posto em sua mesa. Como ele adquiriu tal coisa vivendo nessa torre isolada?
Era do dia do funeral de Orwell.
“Veja isto. Uma grande mulher santa pereceu. Uma vez, ela subjugou um terrível flagelo dracônico, mesmo assim foi derrotada pela mera aprendiz de Flare. Realmente, a velhice é algo assustador…”
“Não sei se descreveria a arcebispa como uma ‘grande’ mulher santa. Ela foi executada porque cometeu um tabu.”
“Ah… Os jovens.”
O Diretor olhou com pena para a expressão neutra de Manon.
E pensar que alguém tão renomada quanto a Arcebispa Orwell poderia morrer em apenas algumas décadas. As pessoas esqueciam dos outros tão facilmente, mesmo que não fossem Ádvenas cujas memórias eram consumidas por Puros Conceitos.
“Quer ela tenha cometido tabu ou não, a grandeza da Sra. Orwell está acima de qualquer dúvida. No mínimo, continuarei a elogiá-la. Ela era uma grande mulher santa, eu lhe digo. Ela cometeu um tabu precisamente porque era mais fiel aos ensinamentos do Senhor do que qualquer outra pessoa.”
O tom do Diretor era agridoce ao falar da mulher falecida.
Ele foi o primeiro a propor a ideologia da Fourth e trabalhar duro para desmantelar o atual sistema de classes e mudar o mundo. Como tal, ele tinha conhecimento de muitas pessoas.
“A Sra. Orwell se tornou uma arcebispa, mas deixou de lado sua escritura nos últimos anos. Será que a mocinha sabe o motivo?”
“Deixou de lado… sua escritura? Por que ela faria uma coisa dessas?”
“Porque ela não tinha escolha senão abrir mão dela. Uma escritura é os olhos, ouvidos e, ocasionalmente, a boca do Senhor também. E como a Sra. Orwell estava perseguindo um Senhor ideal e se devotando ao tabu de Marfim, ela foi forçada a abandonar a arma que ela era mais familiarizada… A Sra. Orwell era mais devotada à sua fé do que a maioria, no entanto, então talvez tenha abandonado sua escritura por culpa.”
“A escritura está conectada ao Senhor? Não, mais importante… O modo como você expressou isso faz parecer que o Senhor não é apenas um conceito, mas algo ou alguém que realmente existe.”
“Precisamente. É uma certeza absoluta que o protetor do mundo existe na terra santa, cercado pelos Anciões, para minha frustração. Também devo creditar este sentimento à Sociedade Mecânica… Ah, realmente, que irritante.”
“Entendo…” Manon respondeu vagamente às palavras misteriosas do homem. “E por que está me contando isso?”
“A senhorita veio de tão longe na esperança de aprender tais coisas, não veio?”
Isso era verdade. Manon procurou o Diretor porque queria ouvir seus pontos de vista.
Pandæmônio responderia quaisquer dúvidas sobre como o mundo funcionava, mas seu raciocínio era sempre um pouco destrutivo demais. Acima de tudo, Manon não podia confiar que informações unilaterais de uma única fonte fossem totalmente verdadeiras.
Foi por isso que ela decidiu fazer contato com o Diretor, mas este acabou por ser ainda mais intrigante do que ela esperava.
“Sim, isso é verdade.” Manon tocou o queixo com um dedo e pensou por um momento antes de continuar. “Eu vim lhe perguntar: O que é a conjuração, exatamente?”
“Uma boa pergunta.” O Diretor assentiu, parecendo satisfeito. “O fato da senhorita questionar tal coisa significa que já está se aproximando da verdade deste mundo. Muito bem. Em respeito ao quão longe você chegou… e mais importante, como recompensa pelas conquistas da pequena criatura ao seu lado… Ficarei feliz em responder sua—”
“Mudei de ideia.” Manon interrompeu.
“Hrmm?”
O Diretor olhou para Manon intrigado.
A jovem moça juntou as mãos e sorriu para si mesma.
“Suas conexões, sua reputação e todo o conhecimento que acumulou durante seu tempo. Você vai legar tudo o que resta da Fourth para mim?”
“Ha-ha-ha. A senhorita terá que se contentar com o mínimo de informação.”
O Diretor rejeitou a proposta sem qualquer hesitação.
“Uma jovem como a senhorita deve conquistar seus próprios feitos e fama. Não há razão para dar tudo o que se tem a outra pessoa de graça, salvo amor. Infelizmente, a senhorita é muito jovem para eu nutrir sentimentos românticos por você e não sou seu pai ou algo parecido.”
“É verdade que sou apenas uma garota, como o senhor diz.” Manon sabia da sua posição e passou a descrever o que poderia oferecer. “Por isso preciso da sua ajuda. Você tem tudo o que me falta e estou certa de que também posso oferecer-lhe tudo o que perdeu.”
“…É mesmo? Não percebe que este mundo é irreparável?”
“Ah, mas não é.” Manon balançou a cabeça calmamente e acariciou Pandæmônio com carinho. “Há algo que devo corrigir. Por que outra razão uma garotinha como eu conseguiria viajar com esta aqui?”
“…Hrmm.”
Essa conversa deu ao Diretor um vislumbre do que Manon queria. Foi o suficiente para provocar uma considerável empatia dele.
“É mesmo…? Sim, entendo. Pois bem, Srta. Manon…”
“Pois não?”
“A verdade é: eu tenho um único arrependimento. Se a senhorita puder conceder meu desejo, suponho que irei acompanhá-la.”
“Ficarei feliz em ajudar, se estiver ao meu alcance.”
O pedido do Diretor era simples. Ele falhou em agir de acordo com seu amor há muito tempo e permaneceu solteiro, e se arrependia muito discretamente disso.
Portanto, foi com uma expressão séria que ele ofereceu seu pedido à garota que tinha a idade ideal para ser sua filha.
“A senhorita estaria disposta a me chamar de Papai de agora em diante?”
“Entendo.”
Ao ouvir o pedido do Diretor, a jovem garota sorriu e fez uma reverência cortês. E então deu meia volta sem pensar duas vezes.
“Um homem perigoso como você seria melhor ficar aqui para sempre. Agora, se me der licença.”
“M-mas por quê!?”
O homem imediatamente entrou em pânico com a mudança de atitude de Manon. Mas ela não viu nenhum benefício em responder ao apelo do Diretor. Manon começou a ir embora, mas a pequena mão de Pandæmônio puxou sua manga.
“Mmm, Manon. Aquele homem parece muito chateado por algum motivo. Vamos mesmo deixá-lo?”
“Sim, vamos. Vamos embora, está bem? Ele é simplesmente muito estranho. Peço desculpas, uma vez que foi minha sugestão conhecer o Diretor, para começar… Entretanto, está claro que não devemos nos envolver mais.”
“E-espere! Por favor, não vá!”
Enquanto Manon conduzia Pandæmônio para fora da sala, o Diretor finalmente pulou do seu assento.
Ouvindo isso, Manon virou-se relutantemente para trás com óbvio desprazer. “O quê, está planejando sair por conta própria? Poderia ficar longe de nós, por favor?”
“Não, não posso! Eu juro, farei o que a senhorita precisar!”
“Nossa… Qual é o problema desse homem?”
Assim, o Diretor deixou sua prisão e seguiu atrás da Manon carrancuda.
***
Manon Libelle era do tipo de pessoa que tomava decisões com mais base nos sentimentos do que na lógica.
Ela não tinha uma personalidade impulsiva nem de longe. Ela raramente perdia a paciência e gritava com alguém, começava a chorar diante de um acontecimento triste ou cedia a qualquer outra demonstração de emoções poderosas. Como sua infância foi tão reprimida, as ondas do temperamento de Manon eram, quando muito, bem calmas e niveladas.
No entanto, Manon baseava suas prioridades na preferência pessoal.
Suas escolhas dependiam do que ela gostava mais, não do que era mais vantajoso.
Como ela realizou seu desejo de se tornar um tabu em Libelle e ganhou sua liberdade, ela voltou sua atenção mais para satisfazer seus próprios caprichos. O motivo pelo qual ela estava viajando com Pandæmônio também era que ela achou a proposta da menina agradável quando a mesma inicialmente reviveu Manon.
Atualmente, havia apenas uma coisa na cabeça de Manon—tomar banho nas termas.
“…Então, veja bem, esta é a situação em questão. A onda de supostos crimes foi, na realidade, cometida por uma sacerdotisa violenta chamada Momo. Esses homens não são criminosos sexuais. Eles só estavam tentando garantir que poderiam nos receber com segurança. Essa garota ainda está a solta e nesse ritmo…”
O Diretor estava na frente de Manon, tagarelando enquanto insistia que a pousada que ele havia escolhido era perfeitamente segura—e que não havia feito uma má escolha. Ou algo nesse sentido.
Evidentemente, uma série de mal-entendidos levou um grupo de membros da Fourth a ser mal interpretado como pervertidos e presos. Mas que tipo de confusão levou os assassinos a serem confundidos com vis pragas sexuais? Manon não entendia direito, então ela deixou a longa explicação do Diretor entrar por um ouvido e sair pelo outro.
Manon não tinha convicções particularmente fortes. Ela preferia não estar vinculada a obrigações como dever e responsabilidade. Ela apenas libertou o Diretor como um resultado incidental do primeiro encontro deles. O fato de ele segui-la era um tipo de aborrecimento.
A única companhia que Manon desejava era de garotas fofas, não de homens velhos estranhos.
Enquanto a jovem moça fazia este desejo sincero no fundo do seu coração, ela pegou um pequeno bule e serviu-se de um pouco de chá. O bule era um pequeno objeto excepcional que usava um simples brasão de conjuração para ferver água. Para qualquer um que não pudesse usar conjurações, era um bule comum, no entanto, isso o fazia parecer uma inclusão estranha em uma pousada.
Manon tomou um gole do chá e suspirou.
Ela e os outros estavam em um quarto de estilo Ádvena de um nível raramente visto em outro lugar.
O corredor tinha belos pisos de madeira granulada e cada aposento era decorado com tatames. O prédio de madeira tinha uma regra rígida contra o uso de sapatos além da entrada, uma raridade. E os hóspedes recebiam yukata em vez de roupões de banho depois de usar as fontes termais.
O pai de Manon, que era um membro da Nobreza, era um admirador fervoroso da cultura japonesa por causa da mãe Ádvena de Manon. Os kimonos que Manon usava diariamente eram, de fato, conspícuos, mas empalideciam em comparação com essa pousada de estilo japonês.
Havia um total de três pessoas no quarto.
O Diretor, que ainda estava falando; Manon, que estava mais ou menos o ignorando; e Pandæmônio, que estava esparramada no tatami.
A visivelmente mais jovem do trio estava usando seu vestido branco habitual, rolando de maneira bastante adorável no chão. E então, por impulso, ela de repente se levantou com um pulo.
Seu movimento inesperado atraiu os olhares tanto de Manon quanto do Diretor.
Pandæmônio ignorou a atenção deles, olhando para o nada com um sorriso alegre se espalhando pelo rosto.
“Surgiu algo?”
“Uhum. Uma garota muito interessante está por perto. Vou mexer um pouquinho com ela.”
Este comportamento inexplicável não era novidade para Pandæmônio. Manon percebeu que ela estava olhando na direção da estação de trem da cidade. Ela hesitou brevemente, imaginando se deveria tentar impedir a garotinha.
Pandæmônio era a personificação do Puro Conceito de Maldade. Contudo, em seu estado atual, seu poder era severamente limitado.
Qualquer uso de suas habilidades exigia um sacrifício correspondente. Não muito antes, ela gastou quase todas as suas reservas na batalha contra Mestra Flare. Pandæmônio possuía apenas sacrifícios equivalentes a dez pessoas restantes no momento. Ela não corria risco de morrer, pois poderia se oferecer como sacrifício para evocar uma nova cópia de si mesma, mas ela não era confiável em batalha.
“Está bem… Tenha cuidado.”
“Mm. Vou me certificar de trazer uma lembrancinha.”
No final das contas, Manon deixou a garota fazer o que queria.
Manon não tinha realmente controle genuíno sobre Pandæmônio de qualquer maneira. Pandæmônio não tinha nenhuma intenção real própria. Ela reconheceu Manon porque a Maldade do mundo a considerou um indivíduo necessário.
Algum dia, Pandæmônio sem dúvida lançaria Manon nas profundezas do inferno.
Provavelmente, ela consumiria toda a existência de Manon e a esqueceria, tudo enquanto ostentava o mesmo sorriso inocente que usava agora.
E tudo bem se fosse assim.
Manon Libelle estava contente de viajar com Pandæmônio, sabendo muito bem que tal fim a aguardava.
“Você deveria sair também, Manon. Aposto que terá um maravilhoso encontro fortuito!”
Pandæmônio deu uma risadinha angelical ao deixar a pousada para tentar alguém à maldade.
*
Quando ela ouviu o trem desacelerando, Sahara sabia, de seu lugar na escritura, que elas haviam chegado com segurança na cidade das fontes termais.
No momento, ela não conseguia ver nada do lado de fora. Menou havia enfiado a escritura que continha o espírito de Sahara no fundo da bolsa que carregava em sua cintura.
Enquanto era levada como parte da bagagem, Sahara calculou que elas estavam aproximadamente dois dias atrás de Momo e Akari. Dito isso, não fazia diferença para ela se Menou pegasse as meninas.
Não, isso não era totalmente verdade. Quando Menou se reunisse com Akari, ela a levaria para a terra santa. Quando chegassem lá, a sacerdotisa entregaria a escritura com Sahara ainda dentro.
Daí, o melhor resultado de Sahara era ser queimada. Se ela fosse realmente azarada, poderiam fazer experiências com ela.
Seja como for, o dia de sua execução se aproximava e Sahara não conseguia nem se mexer por conta própria. Pensar no futuro inevitável desgastava gradativamente o espírito de Sahara. Mas ela sabia que isso era uma punição por seus atos.
Enquanto Sahara afundava em uma espiral de pessimismo, Menou e sua companheira de viagem desembarcaram do trem e se separaram.
Ashuna estava enviando Menou à cidade para se hospedar na pousada. A Princesa provavelmente planejava relaxar na área de descanso da estação de trem e, em seguida, ir sem pressa para a pousada assim que o quarto estivesse pronto. Ela claramente estava acostumada a colocar outras pessoas para trabalhar em suas viagens.
Sorte a dela, Sahara pensou amargamente.
Na realidade, elas nunca haviam dito uma única palavra uma com a outra, mas Sahara detestava profundamente Ashuna Grisarika. A imensa autoconfiança da princesa era irritante e sua atitude excessivamente familiar também incomodava Sahara. Mesmo que Sahara estivesse em um estado saudável, ela certamente não gostaria de fazer amizade com Ashuna.
Portanto, ela manteve sua Força Etérea escondida, na esperança de que a outra garota não a notasse.
Na verdade, Sahara desejava desaparecer completamente.
Ser uma ninguém era intolerável. Ela lutou e sofreu com amargura e ciúme, e quando finalmente percebeu que suas habilidades nunca alcançariam o nível de uma pessoa que ela desejava ser, sua vida desmoronou.
Inveja.
Esse sentimento era a base de uma conjuração contada entre os tabus do Pecado Original e foi o pecado de Sahara: o desejo de se tornar Menou que finalmente a quebrou.
Se ao menos sua alma, sua fonte de Força Etérea, desaparecesse. Se ao menos seu espírito e pensamentos deixassem de existir. Se ela iria morrer de qualquer maneira, talvez ela pudesse simplesmente fazer-se desaparecer em vez disso…
Ou não. Uma onda de aborrecimento atingiu Sahara.
Por que ela deveria perecer de qualquer maneira? Como Sahara ainda existia, ela decidiu que poderia muito bem incomodar Menou o máximo possível até o fim, permanecendo como um espinho em suas memórias.
Enquanto Sahara formava esses novos princípios profundamente negativos, Menou retornou.
Isso foi mais rápido do que Sahara esperava. Evidentemente, Ashuna sentiu o mesmo.
“Hrm, isso foi rápido. Conseguiu um quarto?”
“Sim. No entanto, disseram que o check-in levaria algum tempo e pediram para esperarmos aqui um pouco. Pode ser?”
“Oh? Então suponho que irei usufruir de seu serviço por mais um tempo.”
“Como desejar, Sua Alteza.”
Menou parecia estar se acostumando bastante a fazer o papel de criada. Ela sorriu docilmente, ainda usando um uniforme de mordomo, e se dirigiu a uma banca de comida para comprar alguns lanches leves. Aparentemente, ela estava pedindo o chá preto favorito de Ashuna.
“Aqui está.”
“Excelente.”
Menou trouxe o chá para Ashuna, que aceitou com um aceno altivo. Ela parecia estar gostando de fazer o papel de Mestra de Menou.
Enquanto Ashuna bebia o chá, Menou começou a juntar suas coisas. Como ambas eram viajantes experientes, não havia muita bagagem entre elas. Menou não parecia particularmente empenhada ao organizar seus pertences e tocou descuidadamente na escritura de Sahara.
“…?”
Sahara sentiu algo estranho.
Em seu estado atual, ela não tinha os sistemas sensoriais de um corpo humano. A alma e o espírito de Sahara estavam sendo alimentados com informações por meio das funções da escritura. E o que ambos estavam coletando nesse momento e enviando para ela continha algo muito incomum.
“……!”
Quando Sahara percebeu a fonte da sensação estranha, sua alma tremeu.
Nem mesmo o momento antes da sua morte nas mãos de Menou a chocou tanto. Ao mesmo tempo, ela ficou aliviada por sua existência ter passado milagrosamente despercebida.
Sahara permaneceu em total silêncio até a pessoa mexendo na bolsa terminar de colocar suas coisas de volta e se afastar.
*
“Isso levou muito mais tempo do que o esperado.”
O check-in na pousada era mais complicado do que Menou acreditou inicialmente. Ela resmungou sozinha enquanto caminhava pela estrada principal em direção à estação onde Ashuna estava esperando.
Era a primeira vez da Executora nesse assentamento. Demorou um pouco para encontrar uma pousada sofisticada que pudesse ser do agrado de Ashuna—e ainda mais para decidir em que nível de quarto ficar quando ela escolheu uma pousada.
Ashuna provavelmente não ficaria aborrecida com a espera, mas poderia muito bem provocar Menou por isso de qualquer maneira. Sentindo-se um pouco abatida ao se aproximar da estação, Menou ficou surpresa ao encontrar Ashuna parada na entrada.
“Ei, Menou. Terminou o check-in?”
“Sua Alteza?”
Menou arregalou os olhos quando a outra garota a cumprimentou com um aceno. Ela não esperava que a princesa saísse para esperá-la.
Afinal, o trem-dormitório de luxo fazia jus ao seu nome. Os preços das passagens eram conformemente exorbitantes, mas vinham com muito mais serviços do que qualquer passageiro comum recebia.
Os titulares de uma passagem de trem de luxo recebiam vários serviços em qualquer lugar da linha de trem. Naturalmente, isso incluía as estações de trem. Tais passageiros tinham acesso exclusivo a uma área de descanso especial na estação.
Menou presumiu que Ashuna estaria relaxando lá, mas ela aparentemente saiu para receber a sacerdotisa.
“Bem, aguardar lá dentro acabou por ser muito mais chato do que pensei. Aqui, pode levar a bagagem.”
“Certo… Muito obrigada.”
Isso era altamente incomum de Ashuna. Enquanto recebia a bagagem, Menou se perguntou por que a princesa estava sendo tão gentil.
“Ora bem. Vamos ver se esse hotel que você demorou tanto para escolher atende aos seus padrões, não é?”
“Por favor, não…”
Claramente, Ashuna só saiu porque estava ansiosa para retomar suas provocações. Menou suspirou e seus ombros caíram, e então ela percebeu uma coisa.
Sahara estava totalmente inerte na escritura. Ela não deu um único sinal de reação de Força Etérea.
A escritura que Menou carregava atualmente sob o braço esquerdo era a de Momo. Ela sentiu a escritura contendo Sahara no fundo de sua bolsa.
A falta de zombaria de Sahara parecia suspeita. Menou estava desconfiada, mas não poderia falar muito bem com a escritura na frente de Ashuna.
“Agora, me pergunto, você acertou sobre Momo estar aqui? Estou ansiosa por isso.”
“É isso que estamos aqui para descobrir. Não para nos divertir, então eu agradeceria se Sua Alteza moderasse suas expectativas, por favor…”
Enquanto conversavam, Menou e Ashuna dirigiram-se para a cidade de fontes termais onde suspeitavam que Momo pudesse ser encontrada.
***
“Então?”
Tendo invadido uma mansão nos arredores da cidade, Momo encarou a pessoa aos seus pés.
“Se importa de me dizer o que exatamente aconteceu ontem? Já tenho um monte de provas contra você.”
O homem que ela amarrou impiedosamente com sua serra parecendo um arame era o gerente da pousada onde ela e Akari estavam hospedadas. Enquanto Akari estava convencida de que elas haviam apenas sido atacadas por uma série de criminosos sexuais não relacionados no dia anterior, a perspicaz Momo sentiu que havia algo mais sinistro por trás.
“Você é o Recrutador, não é? Então, por que você contrataria pessoas para nos atacar, hmm? Posso ser uma assistente de traje branco, mas ainda deve ser óbvio que pertenço a Faust. Por que não pôde simplesmente nos deixar em paz?”
“C-como se eu fosse falar…!”
Como Momo suspeitava, eles realmente não eram criminosos comuns. O ataque ocorreu porque ela fazia parte da Faust. Do ponto de vista dos homens, uma garota com traje de sacerdotisa apareceu pouco antes de eles darem as boas-vindas ao Diretor recém-saído. Mesmo que ela fosse apenas uma sacerdotisa assistente, era natural presumir que a Faust havia descoberto seus planos e enviado alguém para interceptá-los.
No entanto, isso foi um mal-entendido infeliz que apenas resultou em chamar a atenção de Momo para eles.
“Entendo. Então deixe-me fazer outra pergunta.”
Momo não insistiu muito em saber por que elas foram atacadas. Em vez disso, ela declarou o principal motivo pelo qual rastreou o empresário do submundo chamado o Recrutador.
“Entregue a lista dos seus clientes.”
O homem amarrado permaneceu em silêncio.
Sua função era reunir criminosos e dar-lhes trabalho. Ele nunca revelaria segredos sobre associados, mesmo que fosse torturado ou ameaçado de morte.
Momo encarou sua expressão determinada como uma espécie de diversão. Seus olhos brilhavam sadicamente, como um gato lambendo os lábios antes de brincar com um rato moribundo.
Ela sacou sua arma favorita da bainha com babados da sua saia.
Era o segundo que ela carregava, o primeiro sendo o que ela usou para amarrar o homem. O som áspero e metálico que fazia sugeria que não fora projetada para cortar ou amarrar, mas para serrar. Ela escolheu essa arma especificamente para fazer seus inimigos sofrerem.
“Bom, vejamos quanto tempo você consegue resistir, então. Posso não parecer, mas tirei notas bem altas tanto em tortura quanto em interrogatório.”
A maioria das pessoas só conseguia tolerar um certo nível de dor, mesmo que estivessem plenamente preparadas para morrer.
Momo sabia disso quando começou a mover a serra.
*
“Então, encontrei nosso próximo alvo.”
Pouco tempo depois, Momo retornou da sua escapulida matinal e repassou seus eventos do dia para Akari.
A ovelha perdida olhou para Momo cada vez mais horrorizada enquanto a mesma descrevia exatamente como havia obtido informações do Recrutador.
“Uh, Momo…”
Os métodos teriam feito até os criminosos mais durões desta cidade ficarem pálidos. Akari balançou a cabeça, incrédula diante dos crimes hediondos contra a humanidade que a outra garota descreveu casualmente.
“Você não tem um pingo de consciência ou compaixão ou qualquer outra dessas palavras bonitas com C? Como você consegue se olhar no espelho?”
“Do que está falando?” Momo inclinou a cabeça, parecendo genuinamente perdida pelo suposto problema com suas ações. “Eu só acabei com um grupo criminoso que nos atacou primeiro. E assim obtive as informações necessárias para eliminá-los completamente. No mínimo, você deveria estar me parabenizando por realizar ambos em tão pouco tempo.”
“Ah, sério…?”
“Sim, sério. Não tenho dúvida de que minha querida estaria me acariciando na cabeça e me elogiando neste momento.”
“Ah, sério?”
Os resultados por si só pareciam bons, mas Akari não podia deixar de sentir que Momo havia exagerado. No mínimo, ela duvidava seriamente que Menou teria plenamente aprovado tais métodos.
Mesmo assim, Akari também não estava tão interessada nas vítimas de Momo.
“Então o que faremos agora?”
“Pensei em exterminarmos o resto da escória da Fourth e treinar você no processo.” disse Momo, oferecendo um plano perturbador no mesmo tom que alguém usaria para sugerir uma caminhada leve depois do banho.
Akari torceu o nariz.
“Mais do seu tal treinamento de combate? Não quero fazer isso…”
Akari não era do tipo que deliberadamente agia com violência.
Diante de sua relutância evidente, Momo elaborou outra estratégia.
“A Fourth é o grupo que encurralou minha querida em Libelle. Se os deixarmos em paz, eles tentarão feri-la de novo.”
“Não podemos deixar isso acontecer! Bandido bom é bandido morto!”
Isso foi o suficiente para fazer Akari concordar completamente. Os membros da Fourth nesta cidade estavam prestes a correr grande perigo.
“Eu consegui informações sobre os membros restantes da Fourth, algumas instituições que cometeram vários tabus e assim por diante. Venha comigo e vamos erradicá-los um por um.”
“Só se for agora!”
Vendo Akari acenar com vigor, Momo sabia que seu plano estava indo bem.
Ela iria treinar Akari para reduzir o fardo de Menou. Ao menos, foi isso que ela disse para convencer Akari.
Seu verdadeiro objetivo era fazer Akari abusar do Puro Conceito.
Momo não tinha como se livrar de Akari, pois os métodos comuns não a matariam, e o plano de Menou de usar a Espada de Sal exigia passar pela terra santa. Como Momo atualmente estava fugindo da sua superior, ela também não podia seguir com essa opção.
O que Momo deveria fazer, então?
Ela chegou a uma conclusão muito diferente de Menou. Tudo que ela precisava fazer era transformar Akari em um Erro Humano.
Ao enganar Akari a usar seu Puro Conceito sob o pretexto de treinamento de combate, Momo pretendia fazê-la consumir todas as suas memórias.
O principal objetivo de Menou como Executora era evitar que alguém mais se machucasse. Um Erro Humano era a pior situação imaginável para ela.
Antes, Momo estava seguindo as instruções de Menou, mas sua conduta mudou drasticamente ao ouvir tudo de Akari.
Se Akari Tokitou se tornasse um Erro Humano, certamente haveria baixas. Ela poderia até dizimar uma cidade inteira.
E quando o Puro Conceito de Akari ficasse fora de controle, ela perderia seu senso de identidade.
Não havia como voltar disso, extinguindo qualquer esperança de salvá-la. A terra santa poderia até despachar um esquadrão inteiro para destruir o Erro Humano, em vez de forçar Menou a fazer isso sozinha. Ela seria dispensada do serviço e portanto não teria motivos para trair a Faust para salvar Akari.
Claro, isso significaria que Menou falhou em sua missão, mas não lhe custaria a vida. A punição para a escapada solo de Momo provavelmente também não seria pior do que ser rebaixada para freira.
Era, sem dúvida, muito melhor do que deixar Akari continuar voltando no tempo repetidamente sem nenhuma esperança aparente de êxito. A Regressão também estava longe de ser livre de riscos. Se ela continuasse retrocedendo o tempo, isso poderia libertar Pandæmônio completamente.
Era uma questão de qual seria pior: Akari se tornar um Erro Humano ou o selo de Pandæmônio ser rompido.
O único problema era que não havia como saber que tipo de Erro Humano Akari poderia se tornar, mas a ameaça de Pandæmônio foi comprovada historicamente. Ela era um dos monstruosos Quatro Principais Erros Humanos que outrora destruíram uma civilização antiga.
Seu mindinho sozinho causou imensa destruição.
Se o selo no nevoeiro fosse completamente rompido, ela poderia literalmente consumir o mundo. Certamente, foi isso que aconteceu com a Aliança das Ilhas do Sul, com terra e tudo.
Contanto que Momo continuasse arrumando brigas nesta cidade e forçando Akari a usar as conjurações do seu Puro Conceito, as memórias da Ádvena eventualmente iriam esgotar. Uma vez que ela não tivesse o suficiente para usar a Regressão no mundo inteiro, o selo no nevoeiro não iria mais afrouxar. Momo veio aqui porque o vilarejo era isolado nas montanhas. Havia muitos turistas, mas como era uma cidade principalmente de Plebeus, não havia instalações importantes próximas. Se Akari se transformasse em um Erro Humano aqui, significaria apenas a aniquilação de um único vilarejo.
Momo não era tão bondosa quanto Menou. Ela simplesmente escolhia o método que mais provavelmente salvaria a vida da sua querida.
Enquanto olhava friamente para o rosto de Akari de perfil, Momo percebeu uma coisa.
“…Essa será a primeira vez que mato um Ádvena.”
Momo era uma assistente de Executora.
Ela assassinou várias pessoas.
Mas ela nunca havia realmente executado um Ádvena antes. Em parte, porque havia pouquíssimos para começar, mas também devido ao fato de que Menou não queria deixar Momo ferir “pessoas boas e inocentes.”
Portanto, Momo nunca matou ninguém inocente de heresia.
Entrar no caminho dos tabus significava desviar-se da moralidade, fosse muito ou pouco. Um tabu era qualquer coisa que exigisse muitos sacrifícios, como as experiências de Orwell em inúmeras cidadãs.
Os Ádvenas eram diferentes, no entanto.
Ficou muito claro para Momo, mesmo neste curto período de tempo, que Akari era diferente.
Quer Momo gostasse dela ou não, Akari era objetivamente uma boa pessoa.
“Disse alguma coisa, Momo?”
“Não. Devem ser suas orelhas podres ouvindo coisas.”
“Como assim, podres!?”
Ignorando Akari, Momo mergulhou em contemplação.
A essa altura, Menou provavelmente havia terminado de juntar dinheiro e começaria sua perseguição de verdade. Elas só poderiam ficar aqui por outros três dias, mais ou menos. Assim que ficassem sem criminosos para lutar, elas teriam que avançar para o próximo local.
Reprimindo a culpa que crescia em seu peito, Momo continuou conspirando para fazer Akari esgotar suas memórias.