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- A Carnificina da Princesa Sanguinária
- Capítulo 01 - Prólogo - Algo Precioso, Tirado de Minhas Mãos
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Tradução: Gabrielfsn | Revisão: littlemarcondes
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~Prólogo~
O Primeiro Apelo Foi Por Sua Morte
001 – Algo Precioso, Tirado de Minhas Mãos
Mary Pulcherrima é uma princesa irremediável e esquecida. Ela é a segunda filha da família Pulcherrima, que governa o Reino Orvis, e que é conhecida por gerar muitos feiticeiros excelentes. Um feiticeiro é uma pessoa que usa ‘mana’, a energia que reside no corpo humano, para manipular fogo, água, vento, terra e outros elementos. Os pais de Mary, seu irmão mais velho e sua irmã mais velha são feiticeiros de primeira classe.
Apenas a pobre Mary não possui talento para magia.
(Eu sou vazia. Sou uma imprestável e miserável filha da realeza que não sabe usar nenhuma magia.)
Os pais de Mary possuíam uma afeição superficial por ela, mas nos últimos anos eles se tornaram completamente distantes. O irmão de Mary também não gosta dela. Apenas Frances, sua irmã mais velha, sempre está ao lado de Mary.
As pessoas ao redor da jovem princesa olham para ela com desdém e circulam rumores de que ela não possui sangue nobre algum, ela viveu com esses olhares e sussurros por dezesseis anos. Nem mesmo a afeição de sua irmã é o suficiente para levantar seu ânimo.
Por isso, quando o Ducado de Slavar propôs um casamento entre ela e Romeu Slavar, ela aceitou sem hesitar.
(A reputação do duque no reino está em constante crescimento, e há rumores de que ele talvez declare independência. Se eu me comportar bem neste casamento, serei reconhecida por meu pai e não serei mais inútil. Portanto, o baile de noivado de hoje precisa ser um sucesso.)
Para a realeza, seus sentimentos não importam. Mary nunca teve um parceiro em mente e Romeo parece ser uma pessoa bastante gentil. No entanto, o relacionamento entre os Pulcherrimas e os Slavars é péssimo, para não dizer outra coisa. Um casamento apesar dessa tensão—Mary não tem ciência do acordo por baixo dos panos, mas os respectivos pais devem ter algum interesse em comum. As negociações para o casamento procederam em ritmo acelerado.
E hoje é o dia da festa para apresentar a ‘Noiva Mary.’ O local para sua realização foi o Ducado de Slavar, em uma mansão em Captis, a cidade central do território.
Mary está dançando com Romeo sob um enorme candelabro, usando um vestido colorido que a faz se destacar.
“Princesa Mary, não fique tão nervosa. Deixe tudo comigo,” Romeo sussurrou suavemente.
“Não é assim que funciona.”
“Mesmo que isso faça o seu noivo feliz?”
“Não podemos dizer que fizemos nossos papéis corretamente até satisfazermos nossas famílias.”
“Então, talvez eu não deva dizer que você parece estar aproveitando a festa.”
“Você achava que eu seria o tipo de mulher que berraria e destruiria tudo até o altar?”
“Não, eu simplesmente achei que você seria uma mulher que se casaria comigo. Isso é tudo com o que você precisa se preocupar.”
Mary é uma princesa, mesmo que apenas em nome. Em termos de posição, ela está acima de Romeo, mas ele parece bem autoconfiante. Porém, sua personalidade não importa.
Sendo o destaque do baile, todos os olhos estão em Mary. Ela não consegue relaxar por um momento sequer. Sim, Mary está sendo testada.
Mary não se incomoda de se destacar tanto, e devido a sua baixa autoestima, ela não está confiante sobre sua aparência, mas ela tem orgulho de seus longos e dourados cabelos que balançam com cada movimento e da beleza fugaz criada pela maquiagem em seu rosto. Nada mais sobre ela mesma a impressiona.
Após a dança terminar, a festa estava se aproximando do seu desfecho. Mary não queria nada além de sentar-se em algum lugar tranquilo no qual ninguém ficaria olhando para ela. Então, a porta de entrada foi aberta bruscamente.
Soldados do exército de Slavar entram rapidamente empunhando armas de fogo.
“Kyaaaaa!” “O que está acontecendo?” “Tem uma intrusa na mansão do Duque!”
Enquanto os convidados estavam confusos, uma mulher entrou na frente dos soldados como se os estivesse liderando. Ao mesmo tempo, Romeo fica à frente de Mary para protegê-la.
“Quem é você!? Na verdade, não importa quem seja, eu não irei te perdoar por tentar interferir no nosso noivado!” A voz majestosa de Romeo ecoa por todo o salão.
Mas a mulher não recua, pelo contrário, ela se aproxima e diz, “Lorde Romeo, eu vim para expor o pecado desta mulher—Marry Pulcherrima!”
Mesmo examinando atentamente o rosto da mulher, Mary não consegue reconhecê-la.
“Como se atreve a desrespeitar a Princesa Mary?”
“Seu pecado foi grave o suficiente para exigir minha ação.”
A mulher encara Mary de forma desagradável. Incapaz de aturar isso, ela contestou, “Meu pecado? O que diabos eu fiz?”
“Não negue. Nós temos todas as evidências bem aqui.” A mulher arremessa um envelope para Romeo. Dentro há dúzias de fotografias.
“Esta é… uma foto da Princesa Mary e um soldado de um país vizinho?” Romeo questiona.
Mary, que viu as fotos logo atrás de Romeo, involuntariamente levanta sua voz dizendo, “O que é isso? Eu nunca me encontrei com soldado algum!”
“Mas a fotografia claramente mostra o oposto. Mary, você pode ter nascido na família real, mas não possui aptidão mágica. Traição, não é disso que se trata?”
“Do que está falando?”
“Entendo, Princesa Mary. Você odeia sua família e todo o reino de Orvis, então tentou vender segredos do estado para um país vizinho?”
“Lorde Romeo, não lhe dê ouvidos. Isso é impossível, eu nunca faria isso!”
“Então—que tal chamarmos testemunhas?”
A mulher revela três pessoas, dois homens e uma mulher, que entram no salão. Pessoas que não deveriam estar no baile de noivado.
“Vossa Majestade, o Rei e a Rainha!” “Até o príncipe está aqui, o que está havendo?” O clamor da nobreza cresce. Ninguém, nem mesmo Mary, poderia imaginar que tal alegação seria apoiada por pessoas tão poderosas.
“Pai, mãe, até meu irmão?”
A mulher se ajoelha perante o rei e pergunta, “Vossa Majestade, é verdade que Mary traiu seu país e se envolveu com espionagem?”
O rei olha para a mulher, acariciando sua barba, “Ah, não há dúvida quanto a isto. Eu também tenho minha própria evidência. Eu nunca imaginei que a princesa iria tão longe ao ponto de cometer adultério com um homem de outro país.”
“Eh, uh… Pai, por quê?” Mary fica sem palavras com o depoimento de seu pai e com o olhar frio que ele direciona a ela.
Continuando, sua mãe e seu irmão a condenam da mesma forma.
“Ela não apenas é desprovida de poder mágico, mas também arruinou a credibilidade da nossa família, ela é realmente uma filha incorrigível.”
“Fico envergonhado de ter uma irmã assim. Ela é uma mancha para a reputação da nossa linhagem.”
Palavras cruéis de uma família cruel. O coração de Mary pesa como pedra em seu peito.
“Você é culpada, Mary. Não deveria admitir isso agora?”
“Não… Eu não… Eu não fiz isso… nada disso! Pai, mãe e irmão, vocês sabem bem disso!”
“Princesa Mary, diante dessas evidências, eu não posso me casar com você.”
“Lorde Romeo? Espere, isso é um engano.”
“Isso é o que criminosos sempre dizem, Mary.” disse Romeo, ignorando seu título como se ela não fosse mais princesa nem por nome.
“Não… Por favor, acreditem em mim, alguém, qualquer um, sim, minha irmã! Por favor, perguntem à minha irmã!”
“Você está à beira da morte, Mary. Você admitir isso ou não, o resultado será o mesmo.”
Soldados agarraram Mary de ambos os lados, com a mesma força que carregariam um bandido. Mesmo ela lutando desesperadamente, ela não tem forças para se soltar. Sua família deu o golpe final.
“Em breve você será executada.”
“De modo a manter a beleza deste mundo, precisamos nos livrar de todo lixo o mais cedo possível.”
“É o meu dever remover qualquer imperfeição da família Pulcherrima.”
“Eu não fiz nada disso! Tem algum erro nisso tudo! Pai, mãe, irmão! Digam alguma coisa! Eu não quero ser executada! Eu não quero morrer por causa de uma mentira… Por favor!” Não importa o quanto Mary exclame, tudo que ela recebe são olhares de desprezo. Não apenas os convidados, mas também Romeo, a mulher estranha e até sua própria família a viram partir com olhares abomináveis.
*
Mary foi levada sob custódia e jogada em um calabouço sombrio.
“Por quê…? Eu não sou… uma espiã…”
Ela não consegue se lembrar de nada parecido com o que as fotos mostravam. Em primeiro lugar, Mary, sendo uma princesa e sem aptidão mágica, ela não poderia facilmente arranjar um encontro com um soldado do exterior. Sem dúvida, era uma acusação falsa—ela jamais aceitaria ser executada com base em tal afirmação.
“Alguém! Me tire daqui! Tem algo errado! Tenho certeza de que minha irmã deve saber! Por favor! Alguém!” Não importa o quanto ela agarre as barras da cela e grite, ninguém vem. Eventualmente, Mary cai sobre seus joelhos exausta e fracamente abaixa sua cabeça.
“Ninguém… virá me ajudar… Pai, mãe, irmão, por que vocês disseram aquelas coisas?”
Ela foi abandonada? Não, não faz sentido. Não importa como ela veja tudo isso, ela não consegue entender, e se convence cada vez mais de que tudo não passa de um pesadelo.
“Se é um sonho… me pergunto se eu posso acordar se fechar os olhos. Será que minha vida voltará ao normal…?” Com uma súplica dolorosa em seu coração, mesmo fechando os olhos, o pesadelo não termina.
De repente, ela escuta passos se aproximando à distância. Quando abre os olhos, Mary enxerga um rosto familiar, um que ela ama mais do que tudo.
“Irmã Frances!”
Frances Pulcherrima—a irmã mais velha de Mary e a filha primogênita. Com cabelos curtos e dourados, uma figura esbelta e olhos relaxados, ela passa uma impressão de boa pinta. Ela não fala muito, mas tem uma personalidade alegre, combinando isso ao fato dela preferir usar roupas casuais, ela não parece muito uma princesa. Apesar disso, ela é muito meiga com sua irmãzinha.
Por isso Mary é tão apegada a Frances e esperava que ela viesse ajudá-la.
“Irmã, por favor, me escute! Eu não espionei nem nada parecido!”
“Eu sei, Mary. Isso tudo é uma fraude.”
“Ah, então você acredita em mim, irmã!”
“Infelizmente, é difícil provar sua inocência.”
“Por quê?”
“Nosso pai decidiu que você será executada ao amanhecer.”
“Mas já deve ser umas quatro da manhã, restam poucas horas! Aliás, estamos no Ducado de Slavar, então por que nosso pai tomaria essa decisão!? Eu pensei que Vossa Alteza o Duque e nosso pai não tivessem uma boa relação!”
“Tem muitas coisas que nem eu sei. Normalmente, uma princesa não é acusada de espionagem tão facilmente, muito menos executada. Logo, uma coisa está clara. Nosso pai, desde o início,” Frances morde seus lábios, fecha bem os olhos e pausa sua fala, e então diz, “queria te matar, Mary.”